Em 2016, executivos da empresa Vamtec, sediada em Vitória (ES), estiveram na Câmara de Vereadores de Candiota apresentando o projeto para a construção de uma planta de gaseificação do carvão mineral local. Na época, o jornal Tribuna do Pampa acompanhou a apresentação.
De lá para cá, como explica o consultor de Desenvolvimentos de Projetos da empresa, o engenheiro metalurgista e gaúcho de Dom Pedrito, José Paulo Milan Amaro – que esteve em Candiota na época -, a ideia avançou e atualmente encontra um cenário, segundo ele, mais favorável, especialmente pela possibilidade de privatização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Ele explica que o fato amplia o leque de investidores privados interessados no projeto.
O mineral presente em abundância no município, que tem elevado teor de cinzas, foi testado nos Estados Unidos e apresentou boas condições de ser convertido em produtos carboquímicos em escala industrial. Com os resultados positivos, a Vamtec e a norte-americana Synthesis Energy Systems (SES), desde então buscam colocar em prática o projeto que elaboraram há cerca de sete anos e que é voltado à produção de metanol a partir da gaseificação do carvão de Candiota.
A gaseificação produz o syngas (gás sintético) – matéria-prima para derivados como metanol, ácido sulfúrico, fertilizantes e material para produção de plásticos, além de combustível para produção de energia limpa, gerada sem que ocorra queima direta do mineral. “É um projeto totalmente sustentável do ponto de vista ambiental, porque não há emissão de enxofre e material particulado”, analisa.
AVANÇO – Em conversa esta semana com o TP, Amaro assinala que o projeto ainda depende de estudos complementares de engenharia, que são de alto custo e neste sentido a necessidade de sócios para o projeto. Ele adiantou que há avanços significativos nessa direção, com interessados do Brasil e do exterior. “Em se obtendo esses parceiros, os estudos devem ficar prontos até o final de 2020, quando assim se terá a decisão final de construir”, destaca, lembrando que o empreendimento também depende ainda de licenciamento ambiental. A fase de obras deve durar mais dois anos.
O engenheiro ainda adiantou que a planta prevê a produção não só de metanol, mas também de outros derivados, como ácido sulfúrico para a fabricação de fertilizantes, assim como de processamento de gás a partir dos resíduos sólidos do aterro sanitário de Candiota.
No caso específico do metanol, ele é mistura na produção de biodiesel numa proporção de 12%, sendo o Brasil é um grande importador do produto. A ideia da planta de Candiota é fornecer metanol para os produtores de biodiesel dos três estados do Sul do Brasil.
O empreendimento da Vamtec/SES está avaliado em US$ 550 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões em cotação desta quinta-feira, 23) e dever gerar 2 mil empregos na fase de construção e outros 500 diretos e indiretos quando em operação.