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Escrevo esta coluna pela quatrocentésima vez. Tenho abordado os mais variados temas e ultimamente tenho escrito principalmente sobre a reforma da previdência. Gostaria de escrever sobre projetos de desenvolvimento econômico e em breve vou escrever sobre o acordo de livre comercio entre Mercosul e União Européia.
O atual governo poderia, por exemplo, viabilizar recursos para a aquisição de imóveis rurais com juros baixos. O financiamento de imóveis habitacionais, muitas vezes a serem pagos em trinta anos, gera uma multidão de pessoas que ganham uma casa (um imobilizado que não gera renda) e passam a ter menor poder aquisitivo por décadas. Parece-me que mais produtivo seria financiar imóveis rurais, onde novos proprietários poderiam gerar riquezas, emprego e renda
Enquanto isso, a comissão especial da Câmara dos Deputados acabou de aprovar o texto-base da reforma da previdência. Muita coisa ainda poderá mudar até a votação em plenário e as propostas de modificações continuarão sendo negociadas. A nova previdência, que a população não entende exatamente o que é, será compreendida daqui a alguns meses quando as coisas começarão a acontecer na prática. Quem apenas assistiu a banda passar vai perceber que poderia ter feito um pouco mais para perder um pouco menos.
Este tema vai estar no centro das atenções por mais alguns meses. Dificilmente o projeto passa no Senado antes de outubro, mas quando os deputados ou senadores querem tudo é possível.
Há momentos em que a sociedade, inerte, assiste apenas. Vivemos um destes momentos. Mobilizações populares são muito pequenas e assim a sociedade dá aval ao que se passa. Se tudo ficar pior, quando ficar, se é possível que fique, e é, então um novo tempo virá, e novos caminhos serão trilhados. Por enquanto, o modelo liberal ainda domina.
Liberal, no popular, é aquele que pensa que “quem pode mais chora menos”. Quem é patrão, quem é empregado, sabem. Quem pode mais, demite. Quem pode menos, é demitido. Quem pode mais, bota preço; quem pode menos e precisa, aceita. Quem pode mais, dita as regras; quem pode menos, cumpre as regras.
Neste momento, o futuro de milhões de brasileiros está sendo decidido por deputados bem remunerados, com um arsenal de privilégios que criaram em benefício próprio. O povo ainda tem tempo de viabilizar uma reforma menos agressiva que esta que está em curso.

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