A história de quem acompanhou o processo de emancipação de Candiota

Rousauria Castañeda atua como funcionária pública há 28 anos em Candiota Foto: J. André TP

Apersonagem principal desta história está desde 1975 na localidade que, nesta terça-feira (24), completa seus 28 anos de emancipação. Por falar em 28 anos, esse é o período em que Rousauria Castañeda tra­balha como funcionária pública da Prefeitura de Candiota. Nos últimos 10 anos ela coordena os projetos do Centro do Idoso: Mãos Carinhosas, Ativaidade, Oficina de Vozes e Café com Afeto são apenas alguns deles.

Atualmente com 57 anos de idade, Rosauria conta com orgulho da história de vida que se mistura com a evolução do local onde vive. Para a reportagem, a funcionária pública contou que os primeiros 10 anos de vida em Bagé não foram nada fáceis. Ela, o pai e os dois irmãos moravam com a mãe que sofria de uma doença mental. “Meu pai trabalhava com o irmão e em 1975 nos mudamos para onde atualmente é a sede do município de Candiota, onde meu tio tinha uma mercearia. Foi a melhor coisa que poderia ter nos acontecido”. Conforme contou, o tio e a esposa trabalhavam muito. “Foi com eles que eu aprendi que se a gente quer algo, além de so­nhar, tem que trabalhar muito. É só através do trabalho que a gente pode conseguir tudo ou quase tudo que quer”, afirma.

EMANCIPAÇÃO Naquela épo­ca, Candiota pertencia a Bagé. “Era uma vila bem organizada e pertencia à Companhia Rio­grandense de Mineração (CRM). Lembro que ali, quase em frente onde hoje é o Galpão do Produtor, tinha um “mata burro” com esco­la, clube e duas igrejas cercadas com um arame farpado”, conta com bastante clareza e atenção aos detalhes. Logo ao lado, di­vidida por esse arame, a antiga Vila Airton. Sem esgoto e sem água. Foi ali que morou quando se casou em 1981. Em 1984 teve seu primeiro filho, Luis Carlos. Três anos depois nasceu a Raisa.

Foi durante o ensino médio, quando decidiu voltar a estudar, que recebeu em sala de aula a Comissão de Emancipação de Candiota, liderada pelo Taylor Lima. “Lembro que eles estiveram em todos os lugares possíveis convencendo o povo a votar no plebiscito pelo sim e ninguém queria tanto essa eman­cipação como o pessoal da Vila Airton. Comemoramos muito aquela vitória, era a esperança que nossa comunidade ia melho­rar”, lembra.

CANDIOTA EMANCIPADA Com a localidade independente de Bagé, chegou a primeira elei­ção municipal. Logo em seguida Rosauria começou a trabalhar na Prefeitura de Candiota e depois de dois anos de contrato emergencial, veio a aprovação no concurso público. “Naquela época, junto com a emancipação, vieram os Postos de Saúde em cada loca­lidade, a escola Neli Betemps e várias obras e serviços. Foi um salto na qualidade de vida de quem morava aqui. Com a vinda das usinas e suas fases, também vieram muitos trabalhadores de fora e isso nos possibilitou conhecer novas culturas, hábitos e comidas diferentes. Apesar disso, também penso que muitas vagas que seriam da nossa gente foram ocupadas por gente de fora. Can­diota nos últimos anos cresceu muito no sentido de infraestrutura: temos ruas calçadas, uma saúde relativamente boa, supermercados razoáveis, lojas, restaurantes e ginásios. Também temos associa­ções de bairros atuantes, clubes de mães, bastante gente praticando esportes, academias, meios de comunicação como o jornal e o rádio, enfim, avançamos mesmo”, faz o balanço.

Diante de tudo que foi abordado, em contato à distância com a reportagem em decorrência da pandemia do coronavírus, Ro­sauria fez questão de escrever sua história – como literalmente a faz dia após dia. Os 28 anos no serviço público e acompanhar todos os avanços daquela pequena vila, que acabou se transformando no que é hoje, diz muito sobre o motivo dela ser a personagem principal dessa singela homenagem do TP. “Não vejo lugar melhor para morar do que Candiota e me sinto realmente parte do todo”, finaliza.

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