CORRENTE DO BEM

Abraço no entorno da praça central de Pinheiro Machado marca o início do trabalho voluntário de revitalização

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O abraço no entorno da praça marcou o início de um trabalho de educação ambiental Foto: Divulgação TP

A praça central Ange­lino Goulart, um dos principais cartões postais de Pinheiro Macha­do, foi literalmente abraça­da na tarde da última quarta­-feira (10). O movimento de voluntários e comunidade escolar marcou o início de uma ação que promete vir para ficar – o ato de cuidar. A atividade, que visa pre­servar e embelezar a área e conscientizar a população, reuniu alunos, professores, servidores da Prefeitura Municipal, representantes da Câmara de Vereadores e também ganhou adesão de quem habitualmente passa ou frequenta o local.

Após o abraço, uma grande força-tarefa foi res­ponsável pela pintura do paredão que envolve a área. Cinco escolas, Associa­ção de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e al­guns integrantes do Projeto Conviver participaram do trabalho voluntário. O pro­motor Adoniran Lemos Al­meida Filho, que responde pelo Ministério Público de Pinheiro Machado, acompa­nhou a ação – desencadeada a partir da retirada dos trai­lers do entorno da praça. “A provocação do MP, que teve início após a reclamação de um cidadão, foi atendida de forma muito simpática pela Prefeitura que começou a construir uma solução de forma consensual. Desde então uma iniciativa tem puxado a outra formando esse verdadeiro círculo vir­tuoso”, disse ao TP.

Sobre a ação, o pre­feito Zé Antônio disse que, diante da realidade do mu­nicípio, o momento é de união para concretizar pro­jetos de natureza simples e que fazem a diferença tanto em relação à auto-estima das pessoas quanto aos cuidados ambientais extre­mamente necessários. “A ideia é que os pinheirenses comecem a ter um olhar de pertencimento diante dos locais públicos e, assim, entendam a necessidade de preservar. Isso vai marcar o início de uma fase mais positiva para todos nós”, afirmou.

Após a realização do evento, a “Corrente do Bem” já conta com novos colaboradores. Conforme repassado pelos idealizado­res do processo de revitalização, a arquiteta pinhei­rense, Nathanna Peres, se prontificou, de forma total­mente voluntária, a elaborar os projetos de paisagismo, canteiros, iluminação, res­tauração do chafariz, dentre outras ações.

Antes de contar com o apoio das escolas, um grupo de voluntários começou a restauração do local Foto: Divulgação TP

CORRENTE DO BEM – De acordo com o idealizador, voluntário e procurador jurídico do município, Alex Rodrigues, a Corrente do Bem surgiu logo que os trailers foram retirados do entorno da praça central. “Estava tomando um chi­marrão com a minha esposa, Suelen Fagundes, quando fizemos um comentário so­bre as condições da pintura da praça. Nos olhamos e, de imediato, saímos para comprar o material para pintar a cacimba dali”, contou ao TP.

Dias depois, segun­do ele, a primeira ação foi colocada em prática e então se formou a verdadeira corrente. “Enquanto come­çávamos o trabalho, recebi a ligação do meu amigo Éliton Rodrigues (secretário de Saúde e Ação Social) que, informado da nossa lo­calização e o que estávamos fazendo, se prontificou em ajudar e foi”, disse. Mau­ro Feira, proprietário do Restaurante Quitandinha, também viu a movimenta­ção e chegou sugerindo a colocação da bomba d’água na cacimba. “Não tínhamos a tal bomba e pensamos em alguma forma de não gastarmos dinheiro. Pro­curamos o Arnaldo Hessel que, para a nossa surpresa, de imediato fez a doação e o Mauro ficou responsável pelo processo de restaura­ção, conforme fez”, contou.

As pessoas citadas nessa primeira mobilização já formaram um grande grupo. Gente que analisa, critica, pensa e, principal­mente, age. Alex, que por muitas vezes foi citado nas reportagens do TP realizan­do seu trabalho como advo­gado, hoje é mais um dos tantos cidadãos voluntários que quer melhorias no local onde vive e faz a sua parte. “Nestes 48 anos de sobre­vivência, posso dizer com tranquilidade, este foi um dos dias mais importantes da minha vida. Vi o brilho no olhar de cada rostinho, a vontade de querer ajudar – mesmo como se fosse uma brincadeira – emociona em cada foto e traz a certeza de que Pinheiro Machado tem sim um futuro”, explanou em uma rede social sobre o ato das crianças abraçarem a praça.

AÇÕES VOLUNTÁRIAS – Conforme detalhou ou­tro membro da Corrente do Bem, Nathiane Vaz, as ações começaram pela restauração da cacimba e continuaram com desafios entre os colegas da Prefei­tura. Segundo a advogada, alguns já estão responsáveis pela restauração do chafa­riz e do palanque oficial. Entre os voluntários para a revitalização, Flaubiano D’Avila – o próprio criador do chafariz já está parti­cipando do processo para vê-lo em funcionamento por mais uma era.

Para Nathiane, o convite para incluir os alu­nos no trabalho de pintura e contato com a natureza foi motivado por estudos do especialista de infân­cia, Ricardo Louv, sobre o Transtorno do Déficit da Natureza. “Elas (as crian­ças) olham para uma tela, usando os ouvidos e dire­cionando os olhos, para, supostamente, irem a qual­quer lugar pela internet. Por definição, as crianças estão menos vivas. Que pai ou mãe quer que seu filho esteja menos vivo? Que pro­fessor quer que seu aluno esteja menos vivo?”, usou as palavras do profissional para, de antemão, responder aos críticos que, segundo ela, podem surgir.

Alunos de cinco escolas do município participaram da pintura do paredão da praça central Foto: Divulgação TP

EDUCAÇÃO AMBIENTAL – De acordo com a fiscal ambiental da Prefeitura de Pinheiro Machado, Thais Cunha, o abraço da comu­nidade escolar no entorno da praça central foi o pon­tapé inicial de uma série de atividades que já estão sendo trabalhadas com os diretores. “O nosso foco, a partir disso, é mobilizar para a conscientização das futuras gerações. Já existe todo um projeto de revita­lização da área – reposição de matéria orgânica, plantio de algumas espécies e or­ganização de um esquema de manutenção bastante efetivo que em breve vamos colocar em prática com as crianças”, detalhou.

Segundo ela, investir em educação ambiental é fundamental no processo de desenvolvimento do público infantil. “É de den­tro da escola que elas vão levar esses ensinamentos e ter a chance de entender a importância de mudar os hábitos em relação ao meio em que vivem”, disse. Para os próximos meses, uma proposta de gincana ambiental também será apresentada aos 9º anos das escolas municipais para ações voltadas à separação de resíduos.

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