Ao bravo guerreiro

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*Por: Anibal Gomes Filho

É doloroso ter de falar dos amigos na hora mais triste, a hora da morte, mas a obrigação se impõe em desfavor da omissão. É impossível nada dizer acerca de um cidadão que apesar de ter viajado fora do combinado, cumpriu com grandeza sua missão profissional em meio século de vida. Estou me referindo ao ilustre colega Paulo Miguel Costa Rodrigues, conhecido no seu círculo de amigos como Paulinho.
Advogado sério, honrado, digno, com ideias próprias, que estabelecia suas metas laborais cotidianas amparado na crença de que alcançaria seus objetivos com luta, com garra, destemor e fé na verdade dos fatos.
Não era apenas um advogado, ele se inflamava obstinadamente contra o que considerasse injusto, e adubava suas ideias e pretensões com tamanha argumentação, capaz de convencer ao adversário que sua posição seria a mais adequada.
Entusiasmava assim, os que estavam ao seu redor, provocava em nós o desejo da busca apaixonada do conhecimento e do novo a partir da dúvida lançada.
Estava à frente do seu tempo, era capaz do sacrifício pessoal para defender suas ideias e seus princípios.
Não foram poucas as vezes em que, procurado por clientes com problemas que fugiam da minha alçada e da minha área de atuação, indiquei seu nome para que o procurassem na ânsia de encaminharem seus problemas ao Judiciário.
Era um guerreiro bravo e lutador, indignado com tudo que contrariasse a celeridade processual, irresignado com a paralisação provisória da atividade profissional em função da pandemia. Sou capaz de relembrar a última frase a mim dirigida quando nos encontramos por acaso no dia dois de Julho deste ano.
Disse-me ele: “pobre de nós, profissionais do direito que não temos salários fixos para sobreviver nessa época triste de paralisação das atividades pela pandemia.”
Pois é meu amigo e colega Paulinho, confesso que não queria estar escrevendo sobre a tristeza, mas ao mesmo tempo, não posso me omitir. O passar do tempo apura nossa sensibilidade, talvez por isso nos aproximamos mais da essência da vida, mais espírito, menos matéria.
A gente descobre verdadeiramente as pessoas que confiam em nós, quando convidamos: Vem comigo. E a pessoa vai, sem perguntar para onde!
Mais não escrevo porque me faltam palavras para descrever a imensidão de grandes e belos atributos desse colega que nos deixou tão precocemente, mas acima de tudo, primava pelo comportamento extremamente ético e respeitoso.
VOCÊ SÓ MORRE QUANDO ESQUECEM O SEU NOME, E O SEU NÃO SERÁ ESQUECIDO COLEGA.
Deus o receba de braços abertos!

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