Batendo na mesma tecla

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Por volta de 1969, 1970, Chico Buarque e Toquinho, com alguma colaboração de Vinícius de Moraes, compuseram o “Samba de Orly”, que em certa parte dizia, “Vê como é que anda/Aquela vida à toa/Se puder me manda/Uma notícia boa”. Estávamos no auge da ditadura militar e uma letra que falasse da dificuldade de enviar uma notícia boa, se não fosse do Chico Buarque, que era um sujeito da elite, e a ditadura tolerava, seria censurada.

Hoje, preciso escrever uma coluna e fico a pensar numa maneira de encontrar uma notícia boa.

Vai passar.

Estas duas palavras também estiveram em uma canção de Chico Buarque, “Bastidores”, mas também encontramos na Carta de Paulo aos Coríntios algo se­melhante.

O problema é agora. E o que será do amanhã.

Não faltam pessoas para alertarem que viveremos uma catástrofe sem precedentes na história recente do país, de economistas a médicos e pesquisadores.

Quando estiveres lendo esta coluna, oficialmen­te, no Brasil, terão morrido mais de vinte mil pessoas. Hoje alguém me disse, “mas no trânsito morrem muitos também”. Respondi, “cem por dia, de pandemia estamos falando de mil por dia”. De violência também morrem cerca de cem por dia no Brasil. Dois absurdos, trânsito e violência. Porém, na pandemia estão morrendo, por dia, cinco vezes mais que a soma de trânsito e violência.

Uma catástrofe.

Irresponsável, especialmente no início da pan­demia, quando a tratou com descaso, Donald Trump já tem de explicar quase cem mil mortes nos Estados Unidos, como se trinta e três Torres Gêmeas tivessem sido derrubadas por um vírus.

No Rio Grande do Sul, estamos longe de estarmos a salvo. Na distância e no tempo.

Não contamos quarenta mil mortes pela pande­mia no Brasil, ainda, porque muitos mortos não foram testados, muitos testes ainda estão sendo feitos e os resultados não saíram, muitos estão morrendo por falta de atendimento, de outras doenças. Só saberemos a realidade quando contarmos todos os óbitos e compa­rarmos com a média dos últimos anos. Quando fizermos, certamente vamos encontrar de um a dois mortos para cada um registrado. Talvez mais.

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