CULTURA

Candiota receberá o Circuito de Música Dércio Marques

Evento de integração cultural acontecerá pela primeira vez no município

Músico visitante Cardo Peixoto, traz leques de MPB Foto: Divulgação TP

Imagine uma grande cantoria, que reúna músicos de lugares diferentes do Brasil, e que de forma coletiva e colaborativa promova encontros, trocas e reflexões acerca da música. Esta é a proposta do “Dandô” – Circuito de Música Dércio Marques, que está acontecendo em vários estados do Brasil, e chega a Candiota no próximo fim de semana.

O evento será realizado no próximo domingo (17), a partir das 19h, no CTG Luiz Chirivino, sede do município e contará com o apoio da Prefeitura de Candiota, através da Secretaria de Turismo. Ele está sendo organizado por um grupo de pessoas da sociedade, composto por poetas, músicos e apreciadores da arte musical brasileira.

Conforme explicou o técnico agrícola Everton Morales, que neste primeiro ano atua como coordenador local do Circuito, hoje o Dandô acontece, simultaneamente, em 12 estados brasileiros, 60 cidades e conta com mais de 100 artistas de vários gêneros musicais envolvidos. “O Circuito será um projeto permanente, que acontecerá a cada dois meses. É algo inovador que quando conhecemos pensamos em trazer para cá”, afirma Morales.

O evento terá início com uma abertura musical realizada pelos anfitriões – os músicos de Candiota Jakson Barreto e Alexandre Barreto. No repertório, estarão canções de poetas candiotenses. Logo após acontece a apresentação do músico visitante, Cardo Peixoto, que vem da vertente do MPB e contabiliza quatro discos gravados, incluindo seu último trabalho, Menino Brasileiro.

Ainda conforme Everton, a primeira edição do Circuito Dandô será para conhecimento da comunidade e não será cobrada entrada em dinheiro, apenas 1 kg de alimento não perecível, que será doado para alguma entidade filantrópica a ser definida.

Anfitriões, Jakson e Alexandre Barreto, farão a abertura do evento Foto: Divulgação TP

SOBRE O CIRCUITO – Pela proposta apresentada, foi reconhecido através do Prêmio Brasil Criativo, do Ministério da Cultura, em 2014, na categoria música, e finalista no Prêmio Profissionais da Música, na categoria Projetos Culturais Musicais, em 2017.

O Dandô teve seu início em 2013, com shows em cidades de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Minas Gerais. Está acontecendo em mais de 40 cidades brasileiras e expandindo para países da América Latina e Europa. O nome do projeto faz homenagem a Dércio Marques e a razão do nome “Dandô” se refere a um trecho da canção Canto dos Ipês Amarelos, homenagem dos compositores João Bá, Klécius Albuquerque e Guru Martins ao inspirador deste circuito. Dandô é uma corruptela do verbo andar, no linguajar dos pretos velhos.

O circuito, idealizado pela cantora Kátya Teixeira, é desenvolvido e realizado por uma rede de diversos coletivos e promove uma verdadeira interação musical por todo o país, por meio do intercâmbio entre artistas de vários rincões, objetivando mostrar as diversas sonoridades regionais e gerar também novos públicos.

Dandô promove encontros, trocas e reflexões sobre a música de forma coletiva e colaborativa; busca uma interação musical entre artistas e público; proporciona às pessoas o acesso à música de qualidade produzida fora da indústria cultural de massa, além de promover espaços de reflexão e formação durante cada apresentação.

DÉCIO MARQUES – Foi um dos artistas mais versáteis do país. Fecundo violeiro, compositor, arranjador e cantador, além de sua belíssima voz tocava bem todos os instrumentos de cordas conhecidos na América Latina. Registrou um repertório muito peculiar cantando em quéchua (língua indígena da América do Sul), tendo o charango (instrumento de cordas) como parceiro ou traduzindo Atahualpa Yupanqui (pseudônimo de Héctor Roberto Chavero, compositor, cantor, violonista e escritor argentino – divulgador do folclore). O seu canto abrangia desde cantigas do povo, de amor, canções de cunho político e ecológico, até o universo infantil. O músico multi-instrumentista associou sua produção musical à pesquisa, registrando e mapeando a música popular brasileira em todas as regiões do país, por meio do selo Marcus Pereira, que lançou 144 LPs ao longo de sua existência (1960-1982).

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