DESENVOLVIMENTO

Candiota vai ganhar indústria de artefatos de cimento

Projeto é o primeiro da política de incentivo do governo municipal para o desenvolvimento econômico endógeno do município

O jovem empresário Fábio Oliveira e o coordenador de produção Igor Duarte,  em frente ao pavilhão em construção da nova indústria

O jovem empresário Fábio Oliveira e o coordenador de produção Igor Duarte,
em frente ao pavilhão em construção da nova indústria Foto: J. André TP

O jovem empresário Fábio Oliveira, de 33 anos – nascido em Rio Grande, mas que há nove anos mora em Candiota, já está com sua rotina alterada por conta de colocar em prática uma ideia ousada para um momento de crise econômica.

Deixando de lado a filosofia um pouco arraigada na região de que tudo se torna difícil, Fábio, que é administrador de empresas por formação, realizou um estudo aprofundado e chegou a conclusão de que a região possui carência e paga caro por artefatos de concreto e cimento. “Nós produzimos o cimento em duas fábricas (Intermecent em Candiota e Votorantim em Pinheiro Machado), temos pedreiras abundantes e areeiras não distantes. Comecei a pensar nisso e idealizar a versatilidade dos artefatos de concreto e a possibilidade de produtos mais baratos”, contou durante visita da reportagem do TP às futuras instalações do empreendimento.

Blocos holandeses

Blocos holandeses Foto: Divulgação TP

Beneficiado por uma política do atual governo municipal de Candiota, o empresário recebeu, após aprovação unânime da Câmara de Vereadores, um dos quatro terrenos que foram desmembrados da área nobre defronte a BR-293, no bairro São Simão, onde anteriormente se projetava uma fábrica de tubulares para a indústria naval.

A área, de 10 mil m² (cerca de um hectare) foi repassada pelo município à Arcan (junção das palavras Artefato e Candiota) Pisos e Blocos de Concreto, em forma de concessão de uso real pelo período de 10 anos, renováveis por mais 10. “Sem este incentivo, o projeto não tinha como sair do papel. Por isso agradeço à Prefeitura por acreditar e à Câmara de Vereadores por aprovar a concessão”, destacou o empresário casado com a candiotense Aline Palma e pai das pequenas Yasmin, de 7 anos e Sofia, de 2.

Blocos estruturais

Blocos estruturais Foto: Divulgação TP

PRODUTOS – Com uma vibro prensa hidráulica já adquirida e produzida por um fabricante nacional que importa a tecnologia alemã – a melhor do mundo, Fábio pretende produzir inicialmente blocos para pavimento intertravado Unistein (os mesmos que são usados na maioria das ruas de Candiota), bem como, bloco holandês (utilizados na confecção de passeios públicos), meios-fios e blocos estruturais para paredes (material que está substituindo o tijolo cerâmico no mundo inteiro). “Nossos produtos ligam os conceitos de sustentabilidade com as potencialidades da região. Os blocos intertravados, tanto para ruas como para passeios públicos, foram pioneiros em Santa Catarina e hoje estão no Brasil inteiro. Na Vila Operária, em Candiota, por exemplo, estão desde a década de 1980 com baixíssima manutenção. Eles são permeáveis, de fácil remoção e recolocação, possuem 17 graus Celsius de temperatura menor que o asfalto e ainda exigem menos iluminação à noite, pois são mais reflexivos”, explica.

Blocos intertravados

Blocos intertravados Foto: Divulgação TP

Ele fez questão de frisar que os produtos são todos supervisionados por um engenheiro civil e serão periodicamente submetidos a exames laboratoriais, além de seguirem os padrões das Normas Brasileiras (NBRs) 9781 (peças de concreto para pavimentação) e 15961/2011 (blocos estruturais e concreto) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

PRODUÇÃO – Neste momento está sendo construído o pavilhão que irá abrigar a indústria. Todo o investimento, feito com recursos próprios e incluindo o maquinário, gira em torno de R$ 400 mil. A estrutura possui uma área de 300m².

Segundo o também jovem e candiotense Igor Duarte Luiz, que é o coordenador de produção da empresa, a indústria pretende já começar a produzir no início de maio deste ano, gerando seis empregos diretos e cerca de 18 indiretos.

A indústria terá capacidade de produzir em 8h diárias, entre 240 a 360m² de blocos para pavimento intertravado, ou entre 288 a 432m² de blocos holandeses, ou 1.440 peças de meios-fios, ou entre 3,8 a 4,8 mil blocos estruturais.

CINZA – Num futuro próximo, a indústria pretende substituir a areia fina por cinza do carvão mineral e com isso se enquadrar na recente legislação aprovada pela Assembleia Legislativa do RS, que criou o Polo Carboquímico da Região da Campanha, que prevê incentivos a quem utilizar produtos e subprodutos da cadeia do carvão.

Conforme Fábio, a utilização da cinza na produção dos artefatos traz vantagens por suas características pozolâmicas, com aumento de resistência, diminuição da absorção de umidade, sendo que nos blocos estruturais traz maior conforto térmico e acústico. “Além disso, o uso de nossa cinza diminui os custos e barateia o preço do produto ao consumidor final”, evidencia, lembrando que a maioria dos produtos que será produzido na fábrica em Candiota, hoje são trazidos da Serra Gaúcha, com custo alto de frete.

INCENTIVO – O prefeito Adriano dos Santos enxerga o empreendimento como o primeiro de vários passos que o governo municipal quer dar no sentido de uma política de fomento do desenvolvimento local, de dentro para fora (endógeno).

Ele lembrou a implantação da Sala do Empreendedor e a aprovação no Programa de Gestão Participativa de 2017, do aporte de R$ 300 mil em 2018 ao Fundo Municipal de Desenvolvimento. “A indústria deste jovem empreendedor é o modelo que queremos para criarmos alternativas de desenvolvimento”, resume o prefeito.

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