Frigoríficos são considerados serviços essenciais por produzirem alimentos Foto: Arquivo TP
A pandemia ocasionada pelo coronavírus no país, Estado e região ocasionou uma série de medidas por parte do Estado e dos municípios a fim de impedir a propagação do Covid-19. O pedido, por parte das autoridades, é de que as pessoas permaneçam em suas casas e só saiam em casos extremos de necessidade.
Na região, decretos de calamidade pública já foram emitidos pelas Prefeituras determinando o fechamento do comércio por períodos de dez e quinze dias, permanecendo em funcionamento apenas mercados, farmácias, clínicas de saúde e postos de combustíveis – estes últimos somente de segunda a sábado, das 7h às 19h conforme decreto estadual.
Neste sábado, após os decretos, já era possível perceber a cooperação dos comerciantes mantendo os estabelecimentos fechados. A população, de uma maneira geral, concorda e coopera com as medidas, porém o funcionamento das unidades de Bagé e Hulha Negra do frigorífico Marfrig e Pampeano está gerando uma grande preocupação.
Nas redes sociais, pessoas fazem publicações solicitando ações por parte das autoridades municipais para que os trabalhos de produção sejam interrompidos. “(…) o verdadeiro perigo se encontra dentro do frigorífico Marfrig onde se concentram grande quantidade de pessoas de todos os lugares da região, lugar perfeito para a propagação do vírus, e os trabalhadores sem opção, sendo obrigados a cumprir seus horários de trabalho nestas condições”, disse um morador, cobrando também atitudes das autoridades locais, em um conhecido grupo da cidade.
O jornal Tribuna do Pampa contatou ainda na tarde de sexta-feira (20), com o prefeito de Hulha Negra, Renato Machado, e o vice-prefeito, Igor Canto, que por telefone, relataram que tentativas de negociação estavam sendo feitas com a participação do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé/Hulha Negra (STIA) e o prefeito de Bagé, Divaldo Lara. “Nos foi repassado que estão tomando as medidas necessárias e segundo a legislação, é produção de alimentos e a falta de produção pode evitar o desabastecimento”, falou por telefone o vice-prefeito ao TP.
NOTA DO STIA – Em nota, o Sindicato esclareceu que a diretoria está vigilante e desde o dia 13 encaminhou ofício ao diretor de Assuntos Sindicais do Marfrig, Benedito Varaldo Nascimento, solicitando procedimentos a serem adotados. “
A diretoria esteve reunida com representantes das duas plantas frigoríficas, atendendo apelos dos trabalhadores que pediram a suspensão das atividades por causa dos casos de Coronavírus já confirmados em Bagé e o receio de aumento do contágio da doença. Entretanto, fomos informados pelo Marfrig de que como a indústria trata de alimentos, não é possível paralisar a produção. A alegação é de que em período de calamidade pública o país precisa manter o funcionamento industrial para evitar riscos de desabastecimento. O Sindicato reforçou o pedido de que a medida seja reavaliada caso a caso, devido a condições de trabalhadores com mais de 60 anos, gestantes e pessoas que possam integrar grupos de risco de contágio, como trabalhadores com doenças crônicas. Da mesma forma, o Sindicato solicitou que os veículos que transportam os trabalhadores sejam higienizados de forma mais intensa”, explica nota.
Ainda segundo a nota, “a empresa afirma que está tomando medidas para garantir a segurança dos trabalhadores, como distanciamento no refeitório, disponibilização de álcool gel…o Sindicato não tem o poder de exigir que a empresa paralise – até por conta das restrições legais quanto ao setor da alimentação”.
A PALAVRA DO MARFRIG – O Tribuna do Pampa contatou com a assessoria de Imprensa do grupo Marfrig, que confirmou o funcionamento das duas plantas. “Por enquanto nenhuma paralisação ou férias coletivas. Estamos monitorando a situação, tomando todos os cuidados possíveis nas unidades, estamos atentos, mas está funcionando normalmente”, disse a assessoria ao TP.
