PREVENÇÃO

Conversa sobre violência marca o fim do semestre na principal escola pinheirense

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Os alunos ficaram responsáveis por identificar os tipos de violência

Os alunos ficaram responsáveis por identificar os tipos de violência Foto: Gislene Farion TP

Nesta terça e quarta-feira (17 e 18), as turmas do 6º e 7º ano do Colégio Estadual General Hipólito Ribeiro finalizaram as atividades pedagógicas desenvolvidas ao longo do semestre letivo com a apresentação de trabalhos sobre violência na escola.

De acordo com a coordenadora do Ensino Fundamental e idealizadora do projeto, Claudia Escalante Medeiros, o comportamento dos alunos serviu de alerta para que o ambiente escolar proporcionasse algum tipo de conscientização sobre a temática. “Eles andavam muito agressivos, revoltados e se envolvendo em confusões. Então foi proposto que eles mesmos identificassem os tipos de violência, pesquisassem para debater os problemas e assim conseguir propor as soluções”, explicou à reportagem do TP.

Além disso, o momento de explanar os resultados contou com a parceria de representantes da Brigada Militar para que pudessem dialogar sobre os assuntos apresentados. Na oportunidade, os alunos ampliaram o tema – que além de fazer parte do ambiente escolar – identificam e acompanham na sociedade de uma forma geral. Violência infantil, de gênero, psicológica, sexual e até mesmo o uso de drogas entraram em questão.

Entre os problemas abordados, o bullyng – como violência física e psicológica – foi apresentado como bastante presente dentro da sala de aula. Conforme comentado pela BM, é preciso que o agredido seja protegido. “Essa proteção tem que começar pelos próprios colegas, dentro da sala. Não se pode entrar em conflito, mas também não adianta ser contra a violência e não fazer nada para mudar esse quadro. A conscientização é um bom começo para diminuir esses casos”, explicaram aos jovens.

Na oportunidade, com cartazes, panfletos, relatos e demonstrações os discentes mostraram que estão por dentro do assunto e entendem a seriedade do tema em todos os âmbitos da sociedade. Na quarta-feira (18), o rapper Taik Pereira também participou contando sua história de vida, seu envolvimento com as drogas e sobre como conseguiu livrar-se do vício. “Nesse momento, é muito importante o apoio da família e da sociedade. Acredito que o caminho da mudança está em investimentos em projetos sociais, acreditar nos jovens e nos seus talentos”, disse ele.

Segundo a professora Claudia, para haver a eficácia do projeto é preciso que haja continuação e que os alunos levam para o dia a dia todo o aprendizado obtido até agora. “A ideia é não deixar que seja apenas uma apresentação de trabalhos que acaba aqui, esse tem que ser apenas um começo. Os problemas já foram identificados, eles já são capazes de pensar em soluções e agora é preciso que coloquem em prática”, concluiu.

Policiais da Brigada Militar, o rapper Taik Pereira e alunos participaram da conversa

Policiais da Brigada Militar, o rapper Taik Pereira e alunos participaram da conversa Foto: Divulgação TP

 

Idealizada pela coordenadora Claudia Escalante, a atividade contou com a contribuição da Brigada Militar

Idealizada pela coordenadora Claudia Escalante, a atividade contou com a contribuição da Brigada Militar Foto: Gislene Farion TP

Vamos falar sobre bullyng?

Entre os tipos de violência citados pelos alunos, o ambiente escolar é o mais propício para acontecer o bullyng. É ali que crianças e jovens, ainda em fase de desenvolvimento tanto físico quanto psíquico, convivem com as diferenças. Em contato com a psicóloga Manuela Dias, o TP tentou esclarecer o assunto.

não-faça-bullying-1536x768Afinal, o que é bullyng? Segundo comentou a especialista, é uma palavra ainda sem tradução para o português, que descreve atos de intimidação e/ou desejo consciente e deliberado de maltratar uma mesma pessoa, podendo ser através de violência física ou psicológica (apelidos). Tais atos geram na vítima consequências emocionais, psicológicas e também comportamentais.

Como identificar? Existem sinais que podem ser vistos em alunos que estão sendo vítimas de bullying. Não querer ir à escola, sentir dor ou mal estar perto da hora de sair de casa, pedir com frequência que seja trocado de escola, voltar para casa com roupas ou material danificado, apresentar baixo rendimento escolar, em casos mais extremos abandono dos estudos e isolamento.

Quais os sintomas? Depressão, agressividade, autopunição, sentimentos de vingança, baixa na autoestima, ansiedade, medo, sentimentos negativos e problemas interpessoais.

Como a família pode ajudar? Conforme explicou Manuela, dentro de casa, a proximidade entre pais e filhos é indispensável. “Através da aproximação e do diálogo teriam a sensibilidade de perceber que algo não vai bem, de que algo está afetando o seu filho dentro do ambiente escolar. Contudo, por diversas razões, esta é uma realidade que se faz distante da maioria das famílias e escolas”, pontuou. Ainda assim, acredita que se houver comprometimento e engajamento entre ambos é possível mudar esta realidade.

Como a escola pode ajudar? Para a psicóloga, quando se fala de um tema tão delicado quanto o bullyng, o mais eficaz seria optar por estratégias de prevenção também apostando no diálogo. Intervenções através de rodas de conversa, seminários – como no caso do Hipólito Ribeiro, palestras, oficinas e até mesmo teatro seriam boas opções desenvolvidas no ambiente escolar. “São formas entrar em contato com os sentimentos mobilizados nos alunos, nos professores e também nos pais, quando se fala sobre algo que está ocorrendo, quando se mostra apoio aos que estão sendo vitimizados, eles se sentem abraçados e conseguem expor o que estão vivenciando”, explicou.

Como lidar com os agressores? Para os alunos que são os “agressores”, os pais e a escola devem verificar qual a melhor forma de auxiliar. De acordo com Manuela, geralmente são feitos encaminhamentos para os serviços de psicologia. “Além disso, uma prática que se mostra eficaz é inseri-lo em alguma atividade esportiva que lhe permita extravasar de forma direcionada e construtiva”, sugere.

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