ELEIÇÕES 2016

Depois de seis mandatos seguidos, vereador não concorre este ano

Após atuar 24 anos na câmara de Hulha Negra, Léo Kloppenburg (PP) deixará a vida em pública em dezembro deste ano

Léo: sensação de dever cumprido como parlamentar e cidadão

Léo: sensação de dever cumprido como parlamentar e cidadão Foto: Simone Gasparoni TP

Quem ajudou a eleger Léo Roque Kloppenburg de 1992 para cá, terá que escolher outro candidato a vereador para destinar o seu voto nas eleições deste ano. Pela primeira vez, depois de 24 anos de atuação parlamentar (desde que Hulha Negra se emancipou política e administrativamente do município-mãe – Bagé), o edil não irá disputar o pleito municipal.

Descendente de alemães, o hulhanegrense nasceu na localidade da Trigolândia há 65 anos. Ingressou na política em 1991 pelo Partido Progressista (PP), ao qual permanece filiado até hoje, e afirma sentir-se grato por isso. Casado com a professora Elaine e pais de dois filhos – Rodrigo e Lilian, Léo é empresário há quase três décadas na cidade, onde tem uma padaria e um mercado. Ele diz ter cumprido o seu dever como parlamentar e também como cidadão, por isso resolveu abrir mão da vida pública. “Agradeço a minha família que me acompanhou sempre, me dando apoio quando necessário, a comunidade, a todos os votos de confiança que recebi ao longo desses anos e da companhia de vários colegas de bancada que tive. Agradeço ao meu partido pela oportunidade de ter trabalhado 24 anos levando a sigla do mesmo com seriedade e competência. Em especial agradeço ao fundador do partido no município, professor Sigmar Schievelbein, e a atual presidente, Elizete Brasil (a Maninha), que está dando continuidade ao trabalho”, reconhece.

No ano de 1996, na segunda legislatura, o progressista já logrou êxito, tendo sido o vereador mais votado do município, com 249 votos. Léo, que está no final de sua sexta legislatura, tem um eleitorado fiel, tendo feito uma votação média de 164 votos por eleição. “Sempre procurei ser um vereador presente nas sessões e nas comissões da câmara, trabalhando na fiscalização do Executivo, através de requerimentos e pedidos de informações, e acompanhando as obras realizadas”, comenta o parlamentar, destacando a importância de o vereador trabalhar nas comissões do Legislativo. “Sempre fiz parte das comissões todos os anos, como presidente, como relator, como secretário. Se é constitucional, se é bom para o município ou não, se é bom para as comunidades, tudo isso é discutido nas comissões”, acrescenta.

Léo com a esposa Elaine, os filhos Lilian e Rodrigo, o sogro Manoel Pedro da Silva, o genro Raoni Lopes, a nora Alessandra e o neto Henrique, o xodó da família Kloppenburg

Léo com a esposa Elaine, os filhos Lilian e Rodrigo, o sogro Manoel Pedro da Silva, o genro Raoni Lopes, a nora Alessandra e o neto Henrique, o xodó da família Kloppenburg Foto: Divulgação TP

A presidência da Casa já esteve nas mãos de Léo. “Fui presidente três vezes e sempre procurei respeitar não só os vereadores, mas também os funcionários”, afirma. Na última vez, em 2010, ele deu início ao processo de revisão da Lei Orgânica Municipal e a instituição do regimento interno da Câmara, que entraram em vigor em 2011. Até então, o trabalho dos edis hulhanegrenses era pautado pelo regimento interno da câmara de vereadores de Bagé.

FATO INUSITADO – Ao longo desses anos, um episódio curioso que lhe chamou a atenção aconteceu quando foi candidato à reeleição em 1996. “Para minha surpresa, meu pai Francisco Kloppenburg, filiado ao PMDB, resolveu ser candidato também por ter prestado muitos serviços para a comunidade. Por esse motivo, ele achava que poderia ser eleito. E nós combinamos que o meu voto seria dele e vice-versa”, lembra. O patriarca da família Kloppenburg, que já é falecido, tinha 88 anos na época. Ele nasceu na cidade alemã Essen, no estado de Oldenburg, e veio para o Brasil em 1924.

PERÍODO DE TRANSIÇÃO – Assim que o município de Hulha Negra foi criado, em 24 de março de 1992, a população foi convocada para uma reunião geral onde foram escolhidas quatro pessoas de partidos diferentes e formada uma comissão paritária, que ficou responsável por zelar pelos interesses da cidade no período de transição, que durou menos de um ano.

Juntos, Lair Leite Soares, Paulo Renato Silveira, Marcos Vinicius Nunes e Lauro Kloppenburg (já falecido), que era irmão de Léo, administraram os recursos financeiros que eram destinados à cidade pelo município-mãe (Bagé), proporcionando, com isso, que o município tivesse dinheiro em caixa. “O valor arrecadado foi de grande importância para o início do município, e foi destinado para a compra dos prédios de Pedro Rabione Sacco, onde está situada a prefeitura, a Câmara e também a área onde foi construído o hospital, a área industrial, localizada às margens da avenida Capitão Hugo Canto”, enumera Léo. “A construção da Escola Santa Isabel, hoje pertencente ao município de Candiota, e de salas de aula na Escola Municipal Monteiro Lobato, além de máquinas para a Secretaria Municipal de Obras, também foram possíveis graças ao trabalho bem-sucedido da comissão paritária”, ressalta o parlamentar.

AVANÇOS – Do ponto de vista político, ele avalia que a vida de sua comunidade será melhor se a política for tratada com mais seriedade, sem interesse pessoal ou troca de favores, visando o bem comum e adquirindo a confiança da comunidade. “Fui oposição por vários anos e nunca deixei de votar no que fosse de interesse de todos”, afirma o parlamentar, que não integrou o processo de emancipação, mas trabalhou na campanha a favor do “sim” no plebiscito, realizado em 10 de novembro de 1991, que implicou na independência política e financeira de Hulha Negra. “A emancipação do município proporcionou grandes avanços, estruturou a prefeitura e fez com que a comunidade recebesse um melhor atendimento em todas as áreas. Melhoramos muito em infraestrutura. Hoje, as coisas estão mais perto: comércio, farmácia, bancos, correios. Em torno de oitenta por cento conseguimos fazer em Hulha”, comemora.

Com relação à emancipação, Léo salienta o empenho do capitão Hugo Canto (já falecido) e de Lourenço Macke. “Devemos muito ao capitão Hugo Canto, a Lourenço Macke. A comissão foi fundamental, porque eles acreditaram no município. O capitão Hugo conseguiu convencer os deputados (estaduais) que era necessário se emancipar os municípios pequenos para que eles pudessem se desenvolver”, relembra o parlamentar. “Houve uma tentativa de emancipação em 1964. Meu pai era componente da comissão. Mas não tiveram êxito por não concordância do prefeito de Bagé na época”, completa.

BUSCA DE VERBAS – Na bagagem política de Léo, se sobressai a busca de verbas para várias áreas do município, junto aos governos estadual e federal. Os recursos que conseguiu trazer para a cidade foram investidos na pavimentação das ruas, saneamento básico da sede do município, construção de uma creche e da nova estação rodoviária, entre outros. Ele recorda que uma das primeiras emendas que conseguiu, há aproximadamente 12 anos e juntamente com o vereador Dalvir Zorzi (PT), foi do então deputado federal Érico Ribeiro (PP-RS), no valor de R$ 30 mil para a ampliação do hospital.

Léo recorda que, quando iniciou na política, era difícil conseguir recursos junto aos governos federal e estadual. “A gente não tinha essa abertura junto aos deputados e senadores para que conseguisse trazer os recursos para Hulha Negra”, afirma, mencionando que fez parte de uma comissão de vereadores que conseguiu R$ 1,8 milhão, junto à bancada gaúcha, para a compra de maquinário. Os equipamentos foram destinados, segundo ele, para a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos. O parlamentar destaca ainda que a criação do Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental dos Municípios da Bacia do Rio Jaguarão (Cideja) foi muito importante para os municípios da região.

Nas emendas indicadas ao município, o progressista ressalta a participação efetiva dos colegas de partido: a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos e Afonso Hamm, que exerce o terceiro mandato consecutivo como deputado federal e é o único representante da região no Congresso Nacional.

Quanto à elaboração de projetos, Léo enfatiza que os vereadores ficam muito engessados perante a legislação. “Não podemos apresentar matéria na câmara que venha a gerar despesas para o Poder Executivo, pode apenas sugeri-las ao prefeito via anteprojeto de lei”, explica. Um anteprojeto seu é que foi aprovado trata da criação de um banco de sangue para os hulhanegrenses na Santa Casa de Caridade de Bagé, a fim de atendê-los em emergências. “Diante disso, fica mais evidente a participação do vereador na busca de recursos estaduais ou federais que venham a trazer benefícios concretos para a população”, observa.

SANEAMENTO BÁSICO – Uma de suas lembranças como parlamentar diz respeito à conquista de recursos, junto ao governo federal, para construção de redes de esgoto cloacal e pluvial na sede do município. De acordo com ele, quando o então prefeito Fernando Campani (PT) encerrou sua gestão (1997-2000), a câmara de vereadores formou uma comissão e conseguiu desarquivar o projeto que estava parado na Secretaria de Obras do Estado e orçado na época em R$ 400 mil. “Conseguimos resgatar. Nós conseguimos a liberação desse dinheiro. Fizemos quase que 85% do saneamento na época”, recorda. Léo assinala que, além dele, a comissão era formada pelos vereadores Dalvir Zorzi (PT) e Jaci Jacinto Coelho (PDT), o Titi.

RECONHECIMENTO – Desde 2009, o Jornal Tribuna do Pampa, através da De Marka Comunicação Ltda, promove o prêmio Os Melhores do Ano, a fim de homenagear as empresas e personalidades mais lembradas pelas comunidades de Candiota, Hulha Negra e Pinheiro Machado. Em todas as edições do evento, Léo foi um dos vereadores mais lembrados. “Agradecemos ao Jornal Tribuna do Pampa. O veículo de comunicação é o que torna público o que o vereador faz. Se tivesse que fazer tudo de novo, eu faria, com certeza”, conclui o legislador mais antigo de Hulha Negra.

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