A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS) registrou até a Semana Epidemiológica (SE 10), 713 casos suspeitos de Dengue, sendo 199 casos confirmados, 216 descartados, 11 inconclusivos e 287 continuam aguardando investigação.
Dos seis municípios de abrangência da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), quatro continuam sendo monitorados por terem detectado a presença do mosquito Aedes aegypti, sendo Bagé, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul.
A informação foi confirmada ao Tribuna do Pampa pela bióloga especialista em saúde, Barési Freitas Delabary, que também explicou que até o momento, Aceguá e Candiota não detectaram a presença do vetor.
Quando ocorre – ou ocorreu e foi combatido – no município, a presença de larvas do mosquito, aquele município entra para o grupo de infestados (ou seja, ter presença do mosquito), mesmo que seja somente um foco na cidade. A bióloga relatou que o município entrou para o grupo no mês de fevereiro, tendo sido comunicado oficialmente no dia 28, gerando uma reunião entre a 7ª CRS e os setores do Executivo Municipal para explicar a situação, tirar dúvidas e apresentar as mudanças na metodologia de trabalho.
A bióloga porém, ressaltou a importante participação da comunidade para a prevenção de criatórios da larva do mosquito. “Importante salientar que mesmo com todas as atividades executadas pelos municípios, o papel principal é da população, pois o Aedes aegypti é uma espécie altamente domiciliada. Cabe a cada morador revisar sua residência e quintal eliminando possíveis criadouros”, afirmou a especialista.
Em Hulha Negra, um intenso trabalho de monitoramento está sendo realizado pelos agentes do setor de Endemias da Prefeitura. Em razão do município ainda estar na lista dos que apresentam presença do mosquito, a reportagem do TP conversou com o prefeito Renato Machado, que relembrou trabalhos realizados, bem como relatou futuras ações. “Quando foi identificado o foco, percorremos todas as casas da quadra para recolher material como manda a legislação. Fizemos a segunda visita, onde fui junto. Fizemos orientações nas escolas e estamos monitorando conforme determinação da 7ª Coordenadoria”, explicou o prefeito.
O gestor também ressaltou futuras ações. “Fechamos a quadra e vamos fechar os outros dois quarteirões e vamos fazer vistoria em toda área urbana do município. Pedimos que a população faça a parte dela, pois a água limpa e até um recipiente do tamanho de uma tampa de garrafa pode ser criadouro, por isso a importância da limpeza e cuidado nos pátios das residências. Uma sacola que voa no pátio e fica ali pode ser criadouro para a larva. É preocupante, temos que agir”, expôs solicitando a continuidade do auxílio da comunidade.
A rotina de trabalho do setor de Endemias
Conforme a 7ª CRS, os municípios que tiveram ou ainda tem focos, seguem as diretrizes do Programa Nacional de Combate à Dengue (PNCD) tendo as seguintes atividades periódicas:
*Revisão de Pontos Estratégicos (PEs): Trata-se de locais que devido à sua atividade fim possuem água acumulada (borracharias, sucatas, cemitérios, floriculturas) podendo servir de criadouro para o mosquito. Os agentes de combate a endemias (ACEs) visitam esses locais a cada 15 dias coletando larvas para análise laboratorial. Também é aplicado larvicida nos criadouros que não possam ser eliminados mecanicamente.
*Levantamento de índice + tratamento (LI+T): Diariamente os ACEs realizam visitas domiciliares a procura de criadouros com larvas visando a eliminação que poderá ser mecânica (esvaziar os recipientes com água) ou química (aplicação de larvicida em acúmulos de água que não possam ser eliminados). No final de 2019, a Secretaria Estadual de Saúde retirou a obrigatoriedade da coleta de larvas nos domicílios para que seja dado ênfase na eliminação dos focos. Por esse motivo, não temos mais o número de focos em cada município. Mas ressalto que a partir do momento em que o mosquito foi encontrado na cidade, a população deve redobrar o cuidado com os quintais já que essa espécie se espalha rapidamente.
*Levantamento Rápido de Índice do Aedes aegypti: O referido levantamento é feito quatro vezes por ano em datas pré determinadas pelo Ministério da Saúde. É realizada visita domiciliar de forma amostral em quarteirões sorteados por um programa de computador, onde as larvas são coletadas e enviadas para análise. Essa amostragem nos dará o índice de infestação predial (quantidade de Aedes nas residências) e o índice de Breteau (calcula o risco de epidemia), ambos sendo classificados em baixo, médio e alto.
*Ações educativas: Paralelamente as atividades de campo também é feita distribuição de panfletos e orientação da população. Através do Programa Saúde na Escola, o combate ao Aedes aegypti é tratado em sala de aula, uma vez que o programa torna obrigatória a abordagem desse tema em todas as escolas. A Rede de Atenção Básica também realiza um importante trabalho de educação da comunidade através dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) durante as visitas domiciliares.
Sobre a Dengue
A dengue – mais comum na região – é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, também transmissor da Febre de Chikungunya e Doença Aguda pelo Zika Vírus. Após picar uma pessoa infectada com um dos quatro sorotipos do vírus, a fêmea pode transmitir o vírus para outras pessoas. Há registro de transmissão por transfusão sanguínea. Não há transmissão da mulher grávida para o feto, mas a infecção por dengue pode levar a mãe a abortar ou ter um parto prematuro, além da gestante estar mais exposta para desenvolver o quadro grave da doença, que pode levar à morte.
Em populações vulneráveis, como crianças e idosos com mais de 65 anos, o vírus da dengue pode interagir com doenças pré-existentes e levar ao quadro grave ou gerar maiores complicações nas condições clínicas de saúde da pessoa. Cabe se atentar para o fato de que a dengue não é transmissível de pessoa a pessoa e não provoca sequelas, se tratada corretamente.
SINTOMAS – Febre alta, maior que 38.5ºC.; dores musculares intensas; dor ao movimentar os olhos; mal estar; falta de apetite; dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.
PREVENÇÃO – A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando águas armazenadas que podem se tornar possíveis criadouros, como vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia – quando os mosquitos são mais ativos – proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser uma das medidas adotadas, principalmente durante surtos. Repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia, como bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos.