SÉRIE DE ENTREVISTAS

Equilíbrio financeiro e execução do plano de governo são as metas de Renato Machado

Ele pede que a população confie no seu trabalho e destaca que irá conduzi-lo de forma que a cidade esteja muito melhor daqui a quatro anos

Renato, que governou Hulha Negra de 2009 a 2012, volta a comandar a cidade em 2017

Renato, que governou Hulha Negra de 2009 a 2012, volta a comandar a cidade em 2017 Foto: Claudenir Munhoz TP

Dando sequência à série de entrevistas com os prefeitos eleitos da área de abrangência do Jornal Tribuna do Pampa, a edição impressa da última sexta-feira, 14, apresentou as principais metas de Renato Machado (PP) que voltará a governar Hulha Negra em janeiro de 2017, as quais reproduzimos aqui no portal. Ele tentou a reeleição em 2012, mas perdeu a disputa para o atual prefeito Erone Londero (PT). Dessa vez, venceu o pleito, conquistando 55,23% dos 4.264 votos válidos. “Agradeço as pessoas terem reconhecido aquilo que se fez (no primeiro mandato) com muito carinho, com muita dificuldade. Hoje, nós temos uma Hulha com grande percentual de saneamento básico, não foi por acaso. Aquilo ali foi uma parceria câmara de vereadores, Executivo, parlamentares fora do município e chegamos aonde chegamos, que as pessoas hoje não reclamam mais de cheiro nem de mosquitos, elas querem o calçamento”, ressalta Renato.

Natural de Lavras do Sul, o progressista, de 59 anos, foi eleito vereador em 1993, candidato a prefeito em 1996, vice-prefeito de 2001 a 2008 e prefeito de 2009 a 2012. No seu segundo mandato como prefeito, ele se compromete em concluir as obras da creche e da estação rodoviária, assim como melhorar o acesso às propriedades rurais e colocar em prática as ações que constam no programa de governo da coligação “União por Hulha Negra”, formada pelo PP, PDT, PRB e PSC.

Com relação ao seu vice-prefeito, Igor Canto (PDT), Renato o define como um bom parceiro para administrar a cidade. “É um cara que tem conhecimento, gosta da Hulha, gosta daquilo que a gente gosta, do povo da Hulha, porque ele é nascido ali”, diz o prefeito eleito, que deixa um recado para os hulhanegrenses: “Que a nossa comunidade confie em nós. Fizemos uma proposta bem dentro do tamanho de Hulha Negra. Nós queremos atingir a melhoria e a eles (moradores),e, com certeza, se Deus quiser, terminando o nosso mandato em 2020, nós vamos ter uma Hulha Negra muito melhor”.

TP: Havia um mito de que se o PT e o PTB se unissem em Hulha Negra, as eleições estavam ganhas. Eles não se uniram desta vez, mas somando as duas votações – do segundo colocado, o atual prefeito EroneLondero (PT), que fez 1.191 (28,93%), e de Ester Köester (PTB), atual vice-prefeita do município que contabilizou 652 votos (15,84%) – não chegam a sua. O que o senhor atribui a expressão votação que teve e a quebra, em tese, desse mito?

Renato Machado: Na verdade, eu já falava, logo após que perdi a reeleição, que aquele plano de governo, daquela coligação, eles não iriam concluir. Como não concluíram mais de 70%. E isso aí foi uma alavanca a me fortificar nesse período fora do exercício da política e me preparar para vir agora em 2016. Nós nos aproximamos muito dos moradores, embora que os moradores dos assentamentos estavam desconfiados com a nossa boa vontade. Esse mito a gente foi tirando no decorrer destes quatro anos.

 

TP: Quais serão as primeiras medidas a serem tomadas no seu governo?

Renato Machado: Primeiro de tudo equilíbrio financeiro. Vamos cuidar muito as contas e vamos fazer uma arrancada na educação, saúde. Na educação, hoje se está com déficit no transporte escolar. Vamos preparar para que esses veículos estejam prontos na abertura das aulas, para que tenhamos um transporte uniforme. Que o pai coloque o filho à espera do transporte e o transporte chegue, o que não está acontecendo. E o que estão judiados são os prédios da educação. Queremos melhorar a infraestrutura das escolas, com pintura, roçada nos pátios, aquele cuidado especial que sempre tivemos com a educação.

“Agradeço as pessoas terem reconhecido aquilo que se fez (no primeiro mandato) com muito carinho, com muita dificuldade”

 

TP: Qual será a prioridade máxima nos próximos quatro anos em Hulha Negra? Por quê?

Renato Machado: A Hulha tem três itens importantes. Nós temos um problema seríssimo na água (abastecimento), que, até então, a gente não tem conhecimento do andamento, então no meu ponto de vista ele ainda é sério. Não tenho conhecimento de como estão os tramites da água.

O outro (item) é o calçamento. Hoje, as pessoas reclamam muito da falta de calçamento, até pela poeira dentro das moradias, porque aumentou o número de veículos circulando, automaticamente, aumentou a poeira. E as estradas. O homem do interior quer estradas. As nossas estradas estão num padrão aceitável para o homem do campo. Hoje, a grande dificuldade é o acesso à propriedade. Passa a estrada em frente da casa, aí elas (pessoas) moram 40, 50, 100 metros e não conseguem chegar em casa ou para retirar o leite, deixar o seu veículo, receber uma visita. Essa aí vai ser uma meta que eu vou priorizar, mas eu tenho que reverter uma lei (Programa Caminhos da Produção) na câmara, retirar o item que diz que o morador tem que pagar um (valor) “x” para que seja contemplado com sua estrada que liga a principal à propriedade. Eu vou tirar isso porque nós pagamos muitos impostos e vejo desnecessário esse volume de dinheiro para os cofres públicos em comparação à arrecadação dos produtores. Não acho certo porque quem tem dinheiro, vai ali e faz, e quem não tem dinheiro? As pessoas estão se estruturando. E aí ficam sempre discriminadas. Foi o que se viu na prática.

E (queremos) segurar o homem do campo com lazer. Que ele tenha aonde ir, a uma carreira, um futebol, um baile. Vamos ter que estruturar os meios e melhorar o ginásio de esportes (Padre Josimo, no assentamento Conquista da Fronteira) que a iluminação é precária.

 

TP: A região dos assentamentos sempre foi um reduto do PT. Há reclamações, por conta disso, de que o senhor não deu a devida atenção a essa população durante seu primeiro governo. Como o senhor vê isso e como pretende tratar essa região no seu segundo mandato?prefeito-renato-de-hulha-negra-14

Renato Machado: Eles (moradores) têm toda a razão em dizer que não estava bom. Eles querem estradas. Eles querem circular, retirar a produção, que o filho vá à escola, que a saúde circule. Eles querem estrada e a estrada, em termos de município, é cara, então parece que tu não está dando a devida atenção. Não dando a devida atenção, tu te distancia dele. Aí tu te distanciando dele, não tens o reconhecimento. A gente vai tentar se aproximar, tentar ir para o diálogo e correr atrás do dinheiro. Fizemos muita coisa, fizemos muitas estradas e muitas pontes importantes na nossa administração (primeira). O atalho da Capivara, do Tapete, teria que ir lá pelo Passo do Neto, nós fizemos a estrada. Fizemos a ponte, uma das maiores pontes da região, 50 metros de concreto armado. Com verba federal, é claro, mas a gente correu atrás dos recursos, porque na administração pública da Hulha, em específico, o dinheiro é de fora (governos federal e estadual).

 

TP: De que forma o senhor pretende montar seu governo? Há uma divisão de cargos entre PP e PDT?

Renato Machado: Esse é um casamento antigo e cada um sabe a sua função. São detalhes que já estão acontecendo e, com certeza, vai pegar um ritmo mais acelerado a partir do dia 20. Sabemos bem as secretarias que são do PDT, as secretarias que são do PP. Pode haver alguma mudança por interesse dos dois partidos para acomodação, mas está tudo tranquilo, tudo nos conformes. Temos muita gente que nos ajudou muito, não deste período de 2009 a 2012 (seu primeiro mandato), mas sim na trajetória dessa parceria. Muita gente lutando pelo mesmo ideal e chegamos aonde chegamos exatamente com esse reforço dessa turma toda. A minha prioridade é o pessoal da Hulha. Vou administrar o possível com a quantidade maior das pessoas da Hulha, tecnicamente nos seus setores. Vamos trabalhar com prata da casa.

 

TP: Qual será o papel do seu vice no governo?

Renato Machado: Por tudo o que a gente conversou, ele (Igor Canto) é um bom parceiro, é um cara que tem conhecimento, gosta da Hulha, gosta daquilo que a gente gosta, do povo da Hulha, porque ele é nascido ali. Ele, com certeza, vai ter, além de vice-prefeito, a sua função naquele perfil que ele demonstra. Eu o vejo muito com a juventude, muito próximo da juventude, do esporte, da cultura. Precisamos que a juventude esteja ocupada e eu vejo que ele tem o perfil do cara exato no momento exato. Vamos tentar aproximar o governo o máximo da comunidade, que isso tudo é experiência que se pega no caminho, e eu acredito que naquela lacuna ele vai responder bem. E claro, ele é vice, trabalhamos juntos para chegar aonde chegamos juntos. Ele vai ter autonomia tranquilamente no governo. Espero, se Deus quiser e eu não vejo diferente, que ele seja um vice tipo Renato Machado e Jaci Jacinto Coelho (Titi). A gente (PP e PDT) tem uma trajetória longa de comprometimento e de ideias. Não é por acaso que lá em 1993 a gente estava junto na câmara já falando, embora fazendo às vezes uma oposição ao Marco Antônio (Ballejo Canto, prefeito de Hulha Negra por três gestões e irmão de Igor), mas gente queria o que a Hulha queria e aí a gente se aproximava e esquecia as diferenças.

 

TP: A obra da estação rodoviária é do seu tempo. O atual prefeito, Erone Londero (PT), resolveu não concluí-la. O senhor vai?

Renato Machado: Com certeza. Até já conversei com o deputado (federal) Afonso Hamm (PP-RS), que foi o primeiro deputado, a primeira pessoa que colocou dinheiro naquela obra, e ele se prontificou tranquilamente que, se nós chegássemos a ganhar a eleição, ele tinha esse recurso. Ele vai conseguir esse recurso. Vamos dar andamento e fazer de tudo para entregar essa obra para a comunidade.

 

TP: O governo atual deixará obras sem conclusão, como a creche, por exemplo. O senhor as terminará?

Renato Machado: A obra não é desse governo, a obra é do povo. Para quem está fazendo falta as obras, é para a comunidade. A creche é fundamental, porque a Hulha tem muitas mulheres chefes de família que precisam trabalhar e sustentar os filhos. Aí a renda delas se torna pequena porque elas têm que pagar alguém para cuidar os filhos. Onde tivesse o poder público, que tem a obrigação de fazer isso, até porque a segurança é outra referente à saúde, à alimentação, não desfazendo nas pessoas que cuidam, mas a estrutura pública tem outra infraestrutura para dar suporte a isso. Nós vamos com certeza ver como está, porque a primeira verba foi devolvida e o segundo projeto da creche ele tem uma parcela na prefeitura, mas a empresa quebrou. Então, temos que ver se aquela parcela terá que ser como contrapartida da prefeitura ou se vai ser devolvido aquele dinheiro. Toda aquela obra que o dinheiro estiver à disposição da prefeitura e estiver faltando vontade de fazer, com certeza não vai ficar. Primeiro, vamos atender aquelas que estão por fazer, independente do governante, e depois daremos sequência ao nosso projeto de governo.

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