21ª SEMANA DO COLONO

À espera dos visitantes

Está tudo pronto para a edição deste ano da festa que inicia nesta sexta-feira e encerra no domingo, 31

O melhor da gastronomia colonial hulhanegrense estará exposto a partir desta sexta-feira, 29, até domingo, 31, no Ginásio Municipal da cidade. A 21ª Semana do Colono contará com a participação de 13 produtores locais. Na tarde de 21 de julho, a reportagem do Jornal Tribuna do Pampa visitou as propriedades de dois deles e a Associação de Produtores Familiares da Reforma Agrária (Aprofara – Região Campanha), cujos integrantes já estavam preparando as delícias doces e salgadas que servirão no café colonial da festa.

Pães e cucas serão algumas das delícias que Eliziane irá expor na festa deste ano

Pães e cucas serão algumas das delícias que Eliziane irá expor na festa deste ano

A primeira parada da equipe do TP foi na propriedade de Eliziane Maria Oteiro Câmara, no assentamento Estância Velha. A produtora levará para o ginásio pães, cucas, bolachas e doces. Na edição passada da festa, ela conta que vendeu mais de 100 unidades entre cucas e pães caseiros. “Eram 2 horas (da tarde de domingo) não tinha mais produtos”, comenta. Neste ano, a agricultura diz que aumentou a produção e, para isso, contou com a ajuda da irmã Márcia.

Natural de Jaboticaba, no Norte gaúcho, Eliziane, 38 anos e que há 14 reside em Hulha Negra, está se preparando para inaugurar uma agroindústria de panificados coloniais. “Meu foco é entrar com os pães na merenda escolar”, revela. Casada com o motorista Edson e mãe de Hérica, 8 anos, e Henrique, 17, ela ressalta o incentivo que tem recebido da Emater/RS-Ascar e da prefeitura de Hulha Negra. “Tem a parte burocrática (para legalizar a empresa) e eles se empenharam muito em me ajudar”, reconhece.

Criadora de vacas leiteiras, Eliziane também mantém em sua propriedade uma horta, onde cultiva alface, rúcula, couve, brócolis e beterraba. Ela vende os produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e na Feira da Agricultura Familiar, que funciona todas as sextas-feiras, das 8h às 12h, ao lado da Biblioteca Pública Municipal Nóris Paiva, na sede do município. “Não estou vendo crise. Já tenho a minha clientela”, comemora Eliziane, feliz com o sucesso que está tendo nos negócios.

Com relação à Semana do Colono, ela considera muito importante o evento porque desmistifica a ideia que muitas pessoas têm de quem é assentado. “Aqui tem gente que trabalha sim”, garante a agricultora, que é um exemplo disso.

 

Na semana passada, os sócios da Aprofara apresentaram ao prefeito e à extensionista da Emater um pouco dos doces e salgados que irão compor o café colonial

Na semana passada, os sócios da Aprofara apresentaram ao prefeito e à extensionista da Emater um pouco dos doces e salgados que irão compor o café colonial

Café colonial será preparado e servido pelos sócios da Aprofara

Do assentamento Estância Velha, a equipe do TP foi para o Conquista da Fronteira. Lá, a reportagem encontrou uma terceira idade bem ativa. Na casa de Francisco Krupinski Netto, o seu Chico, os sócios da Associação de Produtores Familiares da Reforma Agrária (Aprofara – Região Campanha) – a maioria é idosa – estavam envolvidos com a produção dos quitutes que servirão no famoso café colonial da festa. Uma variedade de 70 itens doces e salgados estava sendo preparada pelos integrantes da entidade, que reúne também seus filhos e netos. Pastéis, pizzas, cucas, tortas e sucos naturais são alguns dos itens que vão compor o buffet. As massas das pizzas e das tortas, por exemplo, foram feitas uma semana antes do evento, já que podem ser congeladas, menciona seu Chico, que coordena a Aprofara.

Será a primeira vez que o café colonial da Semana do Colono será feito e servido pelos sócios da entidade. “É emocionante. Vamos fazer o melhor que a gente pode fazer”, declara o agricultor, 65 anos, que veio de Alpestre, no Norte do Estado, para morar em Hulha Negra. Isso há mais de duas décadas. Ele, que já plantou trigo e, atualmente, está cultivando soja, conta animado que está em processo de legalização a padaria colonial da associação. “Queremos abastecer a demanda dos colégios, dos hospitais. Teremos pães coloniais e cacetinhos (pão francês)”, comenta seu Chico, mencionando que, em geral, os moradores da zona rural preferem pão francês ao contrário dos que residem na sede do município que optam pelo o que é feito artesanalmente.

O agricultor nem pensa em se aposentar. “Não adianta a gente parar, acho que envelhecemos mais ligeiro”, observa. A ideia é se ocupar, como diz sua esposa Cacilda, 65 anos, que também integra a Aprofara. Para ela, será motivo de orgulho participar da festa. “Como colono, é uma satisfação enorme”, analisa a avó de Gabriel, 12 anos, e de Suelen, 15. Seus netos estão colaborando com o preparo do café. “A gente aprende um monte de coisas”, diz Gabriel.

Sócia da Aprofara, a agricultora Ivanir Ivete da Silva, 58 anos, convida o público para saborear o café e destaca que o mesmo “vai estar recheado de coisas boas”. O café será servido no sistema buffet por quilo, sendo R$ 3,50 a 100 gramas.

 

Janete planeja vender em torno de 200 unidade de queijo neste edição do evento

Janete planeja vender em torno de 200 unidade de queijo neste edição do evento

Queijos e linguiças coloniais também serão comercializados na festa

A reportagem do TP encerrou o roteiro de visitas na sede comunitária do assentamento Conquista do Futuro. A agricultora Janete Martinez Machado Raddatz está utilizando provisoriamente o local para produzir queijos e linguiças coloniais. Pela quarta vez consecutiva, ela irá comercializar seus produtos na Semana do Colono. A produtora irá expor no evento queijos dos tipos colonial, temperado e minas frescal. Foram vendidos em seu estande, na festa do ano passado, 130 quilos de linguiça e 150 unidades de queijo.

Na avaliação da agricultora, de 43 anos, vale a pena expor na festa, tendo em vista que a mesma já está consolidada na região e no Estado, o que ajuda na divulgação de seus produtos.

Janete está montando uma agroindústria de derivados lácteos no assentamento Unidos Venceremos, onde mora com a família e cuida de vacas leiteiras. Além da produção dos queijos, ela quer voltar a fabricar iogurte e bebida láctea, e vendê-los para a merenda escolar. Sua intenção é agregar valor aos produtos e melhorar a renda familiar. “Espero que dê tudo certo e que sirva de incentivo para outros fazerem o mesmo, já que tem tantos lugares (cidades situadas em outras regiões do Estado) que têm agroindústrias”, assinala a agricultora.

O chefe do Executivo hulhanegrense, Erone Londero (PT), ressalta que a instalação de agroindústrias no município é um sonho antigo dele como técnico da Emater/RS-Ascar e agora, como prefeito, está sendo possível transformá-lo em realidade.

 

“Toda a produção que vai para a feira é de total qualidade”

A equipe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar presta assistência técnica e extensão rural aos produtores hulhanegrenses ao longo do ano, bem como está presente em todas as etapas da Semana do Colono. A extensionista de Bem-estar Social da instituição, Maria Lourdes Thomas, explica que, quando o produtor se inscreve para expor no evento, a equipe visita sua propriedade, assim como promove capacitações sobre boas práticas de fabricação, higiene, manipulação e armazenagem dos alimentos. “Toda a produção que vai para a feira é de total qualidade, acompanhamos todo o processo”, afirma Maria.

 

“É um evento com mais de duas décadas que deu certo”

A Semana do Colono nasceu há 21 anos em uma reunião de trabalho da equipe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar. Na época, os colaboradores da instituição debatiam sobre a necessidade de ser criado um projeto que integrasse os públicos que se formaram de maneira distinta na cidade: as comunidades alemãs e os assentamentos da reforma agrária, que recebem assistência técnica da Emater, e os moradores da zona urbana. “É um evento com mais de duas décadas que deu certo. Hoje é o maior evento do município e dos maiores da região. Tem um diferencial que são os produtos coloniais e o legítimo café colonial, além dos grandes shows/bailes”, ressalta Erone, então chefe do escritório municipal da Emater quando a festa foi criada.

Dentro do Ginásio Municipal, a produção colonial estará exposta em 16 estandes. Um abrigará cactos, três serão reservados para a mostra de artesanato e 13 para os produtos coloniais fabricados no município. Também estarão presentes três agroindústrias familiares de outras regiões do Estado, que produzem embutidos, sucos de frutas e destinados de cana – que ainda não são fabricados no município.

Erone destaca que a expectativa é que mais de 20 mil pessoas prestigiem a festa durante os três dias. A realização é da prefeitura, Emater e da câmara de vereadores.

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