* Marco Antônio Ballejo Canto
Estava relendo o livro “Sagres – A revolução estratégica”, de Luiz Fernando da Silva Pinto, que comprei em 2012, em Brasília. O livro pretende apresentar o planejamento que levou Portugal a se expandir para vários continentes nos séculos XV e XVI, incluindo o “descobrimento” do Brasil. Esse planejamento ocorreu, entre outros motivos relevantes, em razão da qualificada educação que a esposa de D. João I (foi aclamado rei em 1385), Filipa de Lancaster, uma inglesa, providenciou para os filhos; seis deles chegaram à idade adulta, de oito, sendo cinco homens e uma mulher.
Segundo o livro, pode-se conceituar estratégia como “um conjunto de ações e providências de uma corporação, instituição, setor, governo, etc. Destinado a viabilizar o seu avanço, buscando-se “navegar” com a maior segurança possível num universo de incertezas não só quanto ao futuro como quanto ao próprio presente, mobilizando, motivando e condicionando colaboradores para o atingimento de um elenco de objetivos previamente estabelecidos”.
Segundo o autor, “com o concurso de extraordinárias personalidades como D. João I e a rainha Filipa de Lancater, e seus filhos, preparadíssimos e competentes infantes, …, pode-se configurar a saga dos descobrimentos e suas ações desdobradas como uma das mais extraordinárias construções estratégicas do segundo milênio da humanidade, envolvendo visão geopolítica, obstinação, sentido de missão e busca de objetivos, criação de clima pró-estratégia, conquistas tecnológicas, mobilização de parcerias e alianças, formação de elites, preparo de técnicos e artesãos, rompimento de paradigmas culturais, capacidade de comando e treinamento de equipes, formação de lideranças, acumulação e disponibilidade de informações, realização e perseguição sistemática de avanços progressivos, trabalho com cenários, manobras diversionistas, domínio de problemas logísticos, financiamentos e configurações econômicas auto-sustentadas, espírito empreendedor, delegação de responsabilidade, meritocracia, combinados a um extenso elenco de qualidades humanas, tais como processo cultural acumulado, inteligência, acuidade, criatividade, coragem, obstinação e preparo para o enfrentamento de novos e continuados desafios, sem nunca perder o foco”.
Em ano eleitoral, quando a população escolherá prefeitos e vereadores, parece conveniente que o eleitor conheça alguns elementos de estratégia para comparar e avaliar se seus candidatos têm conhecimento suficiente para serem bons estrategistas.
* Prefeito de Hulha Negra por três mandatos, auditor aposentado do Ministério do Trabalho e escritor