DESOBSTRUÇÃO NA BR-293

Exército se manifesta sobre ação em Hulha Negra

Dois manifestantes presos vão responder inquérito na Justiça Militar

Ação ocorreu na manhã da última quarta-feira (30)

Ação ocorreu na manhã da última quarta-feira (30) Foto: Divulgação TP

Em nota enviada ao jornal, bem como, em entrevista coletiva do comandante da ação concedida à imprensa bageense, além de um vídeo institucional, o 3º Regimento de Cavalaria Mecanizada (3º RC Mec) explica como foi a ação de desobstrução realizada na manhã da última quarta-feira (30), na BR-293, nas proximidades do trevo de acesso a Hulha Negra.

Conforme apurou a reportagem do TP – que esteve no local cerca de uma hora antes da ação do Exército, a maioria dos manifestantes era formada por trabalhadores contratados por empresas que prestam serviços no canteiro de obras da UTE Pampa Sul. Eles estavam apoiando a greve dos caminhoneiros e pediam que os benefícios concedidos pelo governo federal ao diesel também fossem estendidos à gasolina, etanol e gás de cozinha.

EXÉRCITO – Conforme nota divulgada pelo 3º RC Mec, elementos desconhecidos atearam de madrugada fogo em pneus no local, bloqueando completamente a via, tendo se evadido posteriormente. Ainda conforme a nota, a partir das 8h da manhã, trabalhadores com destino a Candiota chegaram ao local do bloqueio, desceram dos ônibus, mantiveram e aumentaram o fogo e assumiram a manifestação, prosseguindo com o bloqueio da via.

Assim, por volta das 10h ocorreu uma ação de desbloqueio em cumprimento a um decreto do presidente Michel Temer. O procedimento foi conduzido por tropas do 3º Pelotão de Polícia do Exército (3º Pel PE), com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e sete membros da Brigada Militar (BM) de Candiota. “Durante a atuação, o 3º Pel PE foi posicionado ao centro, compondo a linha de movimento, resultando na liberação da via. Ao negociar e advertir que o bloqueio fosse retirado, houve resistência por parte dos manifestantes, havendo dois disparos com munição de borracha por parte do PE e BM, ferindo a perna de um dos envolvidos. O ferido foi atendido pela equipe de saúde do Exército que apoiava à operação. Houve, também, a prisão de dois manifestantes, tendo sido lavrado o Auto de Prisão em Flagrante (APF)”, assinala nota.

No vídeo institucional, há o relato que um dos manifestantes estava armado e que um militar foi ferido na barriga por uma pedrada. O general José Ricardo Vendramin Nunes, que comandou a ação, disse em entrevista coletiva, que os dois homens presos responderão na Justiça Militar por obstrução, desobediência e crime militar.

O TP apurou que os dois presos são montadores mecânicos, moram em Bagé e atuam na obra de construção da UTE Pampa Sul, em Candiota, tendo já sido liberados provisoriamente. A defesa deles está sendo organizada pelos advogados bageenses Mario Pinheiro, Elton Barcellos e Francisco Estigarribia.

MANIFESTANTES – O TP não conseguiu entrevistar nenhum dos manifestantes, contudo, em postagens nas redes sociais, muitos deles alegam que não houve negociação por parte das forças de segurança, bem como, negam que a primeira agressão tenha partido deles e sim que houve apenas reação ao avanço das tropas.

Algumas entidades, como a Via Campesina, expressaram preocupação ao fato dos manifestantes terem sido presos num quartel, bem como, responderem o inquérito na esfera da Justiça Militar.

O deputado estadual e ex-prefeito de Bagé Luiz Fernando Mainardi (PT) condenou a ação, dizendo que ela passou dos limites. “Houve despreparo e processos militares são injustificáveis. Temer (Michel) flerta com o autoritarismo. Negocia com os grandes, bate e processa os pequenos”, afirmou em sua rede social.

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