Na semana passada, os freis Rinaldo Eberle e César Machado vivenciaram um importante momento na comunidade da paróquia Sagrado Coração de Jesus. Eles receberam a visita do vigário provincial da Província de Santo Antônio do Brasil, o visitador frei Sérgio Moura Rodrigues.
Coordenando a província, secretário de formação e estudos e formador de três frades jovens que estão começando na vida religiosa, ele foi nomeado em novembro de 2018 pelo ministro geral, residente em Roma e sucessor legítimo de São Francisco, visitador geral para a Província de São Francisco que está no Rio Grande do Sul.
Exercendo uma função de confiança do ministro, a visita do frei Sérgio marca um momento chamado Capítulo – assembleia que reúne os frades de uma determinada província – no caso, este ano a Província de São Francisco, que está presente em todo o Rio Grande do Sul, e acontece a cada seis anos. Segundo o frei, a visita está ocorrendo em todas as casas – paróquias – com o objetivo de conversar com cada frade para ouvir suas expectativas, tristezas, dificuldades, ver como está o frade e a paróquia pessoalmente, bem como verificar como está a missão, presença, evangelização, enfim, o trabalho dos frades em cada lugar.
Durante uma visita ao jornal Tribuna do Pampa, frei Sérgio, acompanhado dos freis Rinaldo e César, relatou a reportagem qual a finalidade da visita. “Nos encontramos com as lideranças de cada paróquia, dos lugares onde os frades estão, com o bispo da Diocese a qual pertence a paróquia onde os frades estão – no caso de Candiota, a Diocese de Bagé que tem a frente o bispo Cleonir Dalbosco – além de outras lideranças que possam nos passar uma mensagem, uma avaliação da presença deles. A partir daí, é feito um relatório para ser enviado ao ministro geral, que também vai fazer uma carta para a Província no período do Capítulo, que é uma assembleia grandiosa que está marcada para outubro, de 13 a 18, em Daltro Filho, para planejar o futuro da Província, ver o que precisa ser refeito, renovado e eleger o novo governo provincial, vigário e mais quatro frades que com ele vão coordenar a vida da Província pelos próximos seis anos”, explanou o religioso.
VISITAS – Florida no Uruguai (onde reside um frade que pertence a Província), nos assentamentos pertencentes a Candiota, Hulha Negra e Aceguá, as Paróquias Sagrado Coração de Jesus de Candiota, São José de Hulha Negra e Rio Grande na Rede de Comunidades São Lucas, são alguns dos locais visitados pelo frei Sérgio, que também já esteve na região Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul, e Roraima – onde residem dois frades gaúchos e Brasília, onde também reside um frade gaúcho e presta serviço a Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB). Especificamente quanto a Candiota, frei Sérgio disse que pode ser encontrado uma realidade desafiadora, também a dinâmica migratória por causa de emprego existente na região. “São dois frades que trabalham na Paróquia, na evangelização, contato com o povo, com aqueles que mais necessitam do trabalho da caridade. É uma realidade de muitos desafios”, afirma.
Solicitado a falar um pouco sobre a visita de frei Sérgio, o pároco de Candiota disse ser um momento de muita alegria ouvir alguém de fora do município. Ele também destacou – a pedido do TP – o trabalho realizado ao lado de frei César. “Fazemos um trabalho, algumas atividades, nossa missão é aqui é de ajudar a Diocese de Bagé. Viemos com esse espírito franciscano de missão, nossa realidade é missionária. Temos dificuldades, mas também alegrias. Frei Sergio vem de outra cultura, vem nos escutar, mas pontualizar algo de bom que possamos melhorar. É um momento de esperança como nova caminhada. É uma alegria vivenciar este momento capitular”, disse frei Rinaldo, que também falou sobre os desafios da fronteira. “Nossa realidade de Fronteira, desde a cultura religiosa como a questão econômica é um desafio. Vemos pessoas com grandes extensões de terra e outros em situação de quase miséria. Precisamos estar sempre reanimando as pessoas. A igreja, na questão mais sacramental – batismo, eucaristia e alguns a crisma – não há continuidade, mas na hora da morte há a necessidade do padre. Em outras regiões há mais união, o que difere daqui em muitos momentos, como é o caso de pessoas da Bahia que estiveram em Candiota por algum tempo trabalhando e muitos procuraram a igreja, pois eles tem essa fé, da comunidade católica”, explicou o frei.
Eberle completou falando de sua missão. “Além de rezar a missa, temos que fazer a caridade. Jesus Cristo ajudava, ia ao encontro das pessoas sem perguntar se a pessoa era sua seguidora. Independente de religião, todos somos filhos de Deus, precisamos ser amados e necessitamos desse carinho, atenção e caridade. Essa é a missão de todo aquele que quer seguir Jesus Cristo. Nós franciscanos temos esse propósito de seguir o evangelho do nosso senhor Jesus Cristo”, disse o frei.
Acompanhando a visita, frei César, que além de Candiota também conhece a realidade do município vizinho de Hulha Negra, disse que escutar e observar a realidade para fazer o relatório, trará os elementos que mostram a realidade de Candiota. “É um grande desafio acolher, entender, interpretar a vida do povo. Enquanto missão franciscana, nosso desafio é acolher a realidade das pessoas, das famílias. Papa Francisco nos convida a ir ao encontro das pessoas, ser acolhedores. Na nossa base de missão, a Fraternidade Evangelizadora, que faz parte do Guardianato do Conesul, é um campo amplo de missão, com muita pobreza e um latifúndio que toma conta. Estamos no meio dessa realidade. Frei Sérgio nos escutar e entender é uma alegria, até para ele nos motivar, para que possamos fazer essa comunhão missionária. Colocar a mesa o que a gente faz e acreditar no que a gente faz”, manifesta o religioso.