Além daquelas pessoas naturais dos campos de Hulha Negra, que antes da emancipação pertencia à vizinha Bagé, hoje o município conta com pessoas vindas de outras cidades da região – seja residindo no campo, trabalhando ou simplesmente morando ali.
Um exemplo disso é a profissional da área da saúde, a fisioterapeuta Ludimila Antunes. Natural de Dom Pedrito, ela prestou o primeiro concurso público de Hulha Negra para a área de Fisioterapia, em 1999. Ao ser chamada para assumir o cargo, o serviço passou a ser disponibilizado na cidade.
Conforme ela contou a reportagem do TP, prestar a prova do concurso foi uma questão de escolha de início de carreira. “Me formei em dezembro de 1998 e em fevereiro de 1999 fiz o concurso para Hulha Negra. Passei, mas fui chamada após mais de dois anos. Assumi em janeiro de 2002 para 20 horas (meio turno), quando passei a residir na cidade. Até então trabalhava de forma particular com atendimento hospitalar e à domicílio”, conta.
Ao ser questionada como era a cidade na época e como ela vê sua evolução ao longo desses 17 anos como profissional e moradora da cidade, Ludimila diz que evoluiu bastante. “Na época a rua principal só tinha asfalto de um dos lados, o calçamento do outro lado da via veio depois. Hoje vemos comércios diferentes, alguns que surgiram lá no início e ainda se mantêm. A cidade está se expandindo, o centro – em termos de construções – não há mais o que crescer. Está em evolução, ainda”, expõe.
Ela, que hoje tem uma filha de 8 anos e uma carga horária de 40 horas, turno integral, após passar também para um segundo concurso em 2011, diz sentir falta de outros tipos de atividades. “A educação melhorou sem dúvida, mas contamos somente com escola pública. Sinto falta de atividades extracurriculares que para participar é necessário ter disponibilidade de se deslocar até a cidade de Bagé. Gostaria que minha filha fizesse aulas de inglês e natação, por exemplo, e isso não tem. É um ponto negativo que acredito ainda acontecer principalmente por faltar empresas interessadas em investir em um município em fase de expansão”, destaca.
Quanto à fisioterapia, ela diz não ter grandes mudanças ao longo desse tempo. Ainda assim, a profissional avalia a área de forma positiva. “Não vejo investimento na fisioterapia. Equipamentos utilizados no início, quando assumi o cargo, são os mesmos de agora. Apesar disso, os atendimentos acontecem na melhor forma possível e os resultados aparecem. Evoluções poderiam ter sido mais ágeis, hoje novas técnicas não podem ser realizadas por falta de espaço e equipamentos, mas chegamos a bons resultados. Já tivemos duas profissionais e uma lista de espera ainda maior. Ainda assim contabilizamos muitas histórias bonitas de pessoas que tiveram uma grande reabilitação, de casos que tu acredita que a evolução não será muito boa e eles te surpreendem, de quem chegou em cadeira de rodas e em pouco tempo voltou a caminhar. Isso é muito gratificante e o que me estimula como profissional a, dentro das possibilidades, atender cada vez melhor”, relata.
Por fim, Ludimila diz gostar de morar em Hulha Negra e considera uma cidade boa para se viver. “Vim morar em Hulha e pretendo continuar. Gosto de trabalhar aqui e apesar de achar falta de uma praça legal para levar as crianças e outras atividades, é uma cidade boa para criar um filho. É um município tranquilo, sem muitos registros de violência, onde tu pode deixar teu filho na escola e sabe que após o trabalho, na hora de buscá-lo, estará tudo bem. Professores são de fácil acesso e isso é muito importante para um pai ou uma mãe que trabalha todo dia”, conclui a fisioterapeuta.