A juventude e seus conflitos

Na última semana, detive-me a ouvir um psicanalista que falava sobre os problemas enfrentados pelos jovens de hoje. Não é muito fácil, para mim, tratar da juventude, uma vez que a distância entre os meus anos e os dos mais jovens já vão de algumas décadas. Por outro lado, a PUCRS está fazendo uma pesquisa que trata dos jovens da chamada geração Z, esta dos que já nasceram com um computador na mão. Segundo a pesquisa, estão trocando felicidade por dinheiro.

O psicanalista falava que os jovens nunca estiveram com tantos problemas como atualmente. Antigamente, a vida era mais simples e previsível. As escolhas eram mais simples. Por exemplo, família era pai, mãe, e os filhos deles. Simples. As pessoas tinham uma profissão, era para a vida toda, professor, engenheiro, administrador, jornalista, bancário, médico, advogado, ferreiro, marceneiro, pedreiro. Simples. Se a família tinha um pouco de dinheiro, férias de um mês na praia, de preferência, para nós, no Cassino. Simples. Faculdade não era para muitos, mas para quem podia o objetivo era um diploma universitário. Simples. Passando os anos, a pessoa virava aposentado (a) e avô/avó. Tudo parecia ter uma lógica. Opção sexual havia duas; se o indivíduo escolhesse uma terceira via, tava ferrado.

Tudo mudou. Filhos são os meus, os teus, os nossos, que estão aqui, lá ou acolá. Os irmãos não são os de todos os dias, mas os que se encontram de vez em quando. Escolher com quem ficar ou para onde ir é um problema de infância. Os jovens sofrem com estas escolhas. Na hora de escolher uma profissão, tudo mudou. Agora, os jovens têm muitas opções. A liberdade de escolher entre tantas gera muitas dúvidas e muito sofrimento. Abrir mão das coisas, num tempo em que parece que todas podem estar ao seu alcance, sofrimento. Um diploma parece que já não é tão suficiente como antigamente, mestrados, doutorados, pós-doutorados, opções, escolhas e incógnitas, para onde ir? Questões que geram sofrimento. Os jovens querem se expressar, mas os mais velhos, que ainda dominam o poder, não validam suas manifestações, não entendem, por exemplo, porque uma música pode ter uma letra com conteúdo discutível e nem precisa de música para acompanhar, qualquer embalo serve. O jovem só quer expressar o seu cotidiano.

Felicidade era simples, família, pai, mãe, irmãos, amigos, estudos, férias, emprego, salário, aposentadoria, família na volta do vô/vó. Para quem nasceu com um computador/celular na mão, segundo a pesquisa da PUCRS, dinheiro parece ser o mais importante, visando acessar todas as coisas que o dinheiro pode comprar. Felicidade é outra coisa, mas a juventude parece não saber exatamente o quê.

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