CRM

Mineiros de Candiota estão em estado de greve

Incertezas sobre o futuro da estatal e prorrogações constantes no acordo coletivo 2018-2019 deixam trabalhadores inseguros

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Diretores do Sindicato dos Mineiros, Josué Morales e Hermelindo Ferreira Foto: J. André TP

Por unanimidade dos presentes na assembleia extraordinária realizada em frente à sede administrativa da Companhia Riograndense de Mineração (CRM)/Mina de Candiota na última terça-feira (11), os trabalhadores da empresa deliberaram um indicativo de estado de greve.

A protelação da negociação do acordo coletivo (2018-2019) anual vencido desde maio do ano passado, as sucessivas prorrogações por parte da direção da estatal, segundo o Sindicato dos Mineiros de Candiota, é o principal motivo para a tomada de decisão. Segundo explica o tesoureiro da entidade, Hermelindo Ferreira, o estado de greve é apenas um indicativo, ou seja, um estágio anterior a greve propriamente dita. “Estamos demonstrando o nosso descontentamento com a situação”, assinala.

O segundo tesoureiro do Sindicato, Josué Morales de Oliveira, assinala que é a terceira vez que o acordo está sendo prorrogado, sendo que já deveriam estar aprovado o acordo 2019-2020 e ainda nem fecharam o 2018-2019. Conforme o sindicalista, em maio próximo já deveria estar se fechando o acordo 2020-2021. “Esta é uma situação que deixa os trabalhadores muito incomodados. Há uma espécie de mecanismo de prorrogação, que talvez sirva para nos fragilizar”, assinala ele, lembrando um episódio da negociação do plano de saúde em 2019, que por este impasse, segundo o sindicalista, houve desvantagem para o trabalhador.

Para entender, o acordo coletivo de trabalho, ou ACT, é um ato jurídico celebrado entre uma entidade sindical laboral e uma ou mais empresas correspondentes, no qual se estabelecem regras na relação trabalhista existente entre ambas as partes. Ele tem validade de ano e o descumprimento pelas partes pode gerar multas e transtornos jurídicos.

Além desta situação, os trabalhadores da CRM vivem o drama da incerteza sobre o futuro da empresa, que tem a decisão do governo em privatizá-la, porém até o momento não há compradores interessados. “Vemos claramente a empresa ser sucateada, com terceirizações cada vez maiores, para ser mais fácil vendê-la”, afirma Hermelindo.

No próximo dia 18, está marcada uma reunião na sede da CRM, em Porto Alegre, quando estarão presentes representantes do governo do Estado, da direção da CRM e do Sindicato dos Mineiros. No encontro, a expectativa é que seja apresentado a proposta patronal do acordo.

Diretor-presidente da CRM, Melvis Barrios Júnior Foto: Divulgação TP

CRM – O diretor-presidente da CRM, Melvis Barrios Junior, afirmou ao TP, que a decisão do sindicato é legítima. “Como forma de pressão em função da negociação do acordo coletivo que está em processo final e com reunião marcada para o dia 18 de fevereiro. É importante salientar que todas as obrigações trabalhistas da CRM como empregador estão rigorosamente em dia. Esperamos que na próxima terça-feira seja possível uma ampla negociação e definição sobre o acordo coletivo”, projeta.

Sobre a possibilidade de uma greve, Melvis não vislumbra. “Não existem motivos concretos para uma greve, mas se ela ocorrer a CRM saberá fazer a gestão necessária para que a empresa continue sua produção de carvão”, disse.

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