REGIÃO

Municípios fazem manobras para viabilizar atendimentos na saúde

Um decreto de calamidade foi emitido por Pedras Altas e outros municípios que compõem a Azonasul

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Secretários de Saúde se reuniram preocupados com a situação Foto: Divulgação TP

Ainda continua in­definida a situação dos municípios que integram a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) quanto à saúde. Muitos municípios decreta­ram situação de calamidade pública nos setores de reta­guarda da saúde na região no fim de 2018. A decisão ocorreu após uma reunião realizada em Pelotas, no dia 21 de dezembro.

De acordo com o secretário da Saúde de Rio Grande e presidente regio­nal do Conselho de Secreta­rias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSE­MS/RS), Maicon Lemos, a região vive tempos difíceis. O município é um dos locais referência quando o assunto é atendimento na área de Traumatologia. “Serviços deixaram de ser prestados e nos preocupa como daremos assistência à população da zona Sul.” Ele destaca que os municípios não têm como arcar com todas as despesas e que a falta de recursos “coloca a saúde da região em situação adversa”.

As especialidades de Traumatologia, Maternida­de e Queimaduras já estão sem atendimento na região e os leitos psiquiátricos, que têm incremento de encami­nhamentos nesta época do ano, são escassos e depen­derão do funcionamento de um plantão.

A Azonasul é com­posta por: Aceguá, Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Arroio Grande, Candiota, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Herval, Ja­guarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu.

A Santa Casa de Rio Grand é uma das unidades referência no estado quando o assunto é Traumatologia e diversas manifestações já ocorreram, por parte dos funcionários, segundo eles, em razão de quatro meses de salários atrasados. Ao Jor­nal Nacional, o presidente da Santa Casa, Dom José Mário Stroeher, manifes­tou preocupação. “estamos na iminência de fechar o hospital e com isso será um caos para Rio Grande e para 30 municípios que são atendidos na média e alta complexidade”, disse o presidente.

PEDRAS ALTAS Dos municípios de cobertura impressa do TP, somente Hulha Negra não integra o grupo. Em conversa com a secretária de Saúde de Pe­dras Altas, Vera Teixeira, ela relatou que os municípios de referência do municí­pio, são Piratini (partos) e Rio Grande (traumato­logia) e que em razão dos dois locais estarem sem prestar atendimento, houve a necessidade de parcerias e o apoio dos secretários do Cosems. “A união do Conselho está sendo fun­damental neste momento. Estamos contando com a ajuda de outros municípios, na medida do possível. Mas não deixamos de prestar o atendimento. Tivemos um caso de um bebê prematuro que acabou nascendo em Pinheiro Machado e o muni­cípio comprou leito de UTI pediátrica até o momento da disponibilidade de leito SUS, em Pelotas. Jaguarão também nos socorreu em um parto de emergência”, relatou a secretária.

Solicitada a des­crever o cenário atual, Vera Regina Teixeira se refere a um momento muito delica­do e conturbado, cheio de incertezas. “Municípios e hospitais estão com vários meses de repasses estaduais atrasados, nossas referên­cias sem poder manter os serviços por falta desses repasses, tabelas SUS de­fasadas e principalmente os municípios sobrecar­regados, pois acabamos comprando serviços que deveriam ser oferecidos pelas referências. Neste turbilhão nossas esperanças se concentram na escolha da nova Secretária de Saúde Estadual, Arita Bergman, que além da experiência e conhecimento do SUS, esteve ao nosso lado nesta caminhada, sabe de todos os nossos anseios e nossas dificuldades”, conclui Vera.

CANDIOTA Sobre a saúde no município, o secretário da pasta, Gil Deison Pereira, comentou que há um esfor­ço bastante grande sendo feito para que a situação ainda esteja sob controle. “Até o momento, diferente da realidade de muitos mu­nicípios, apesar de também estarmos enfrentando a falta de repasses do Estado, es­tamos conseguindo manter a qualidade dos serviços”, destacou.

Apesar da realida­de mais favorável, é uma incógnita até quando essa estabilidade vai se manter para que os candiotenses não sofram as consequên­cias dos atrasos. “Nós vie­mos trabalhando para que a comunidade não sofra com a atual situação e permane­cemos atentos por não poder contar com esses repasses em uma área extremamente importante”. Candiota, de acordo com Pereira, tem os serviços de traumatologia e maternidade atendidos em Bagé.

PINHEIRO MACHADO Em contato com o secretário de Saúde e Ação Social, Éli­ton Rodrigues, o município não aderiu ao decreto da Azonasul. “Não decretamos porque seria muito mais simbólico do que efetivo na nossa situação. Em Pinheiro Machado, já há um decreto de calamidade em vigor diante da atual crise econô­mica do município”, expli­cou e lamentou os atrasos nos repasses do Estado.

Em contrapartida, há um ponto específico que o secretário pinheirense fez questão de frisar. “Diante de todo esse caos, o que de fato tem funcionado bem é a ajuda e o coleguismo en­tre os secretários. Como as referências estão fechadas ou em greve, tentamos de todas as formas solucionar caso a caso”, disse.

Questionado sobre os casos de maternidade, Rodrigues informou que es­tão sendo feitos encaminha­mentos para Pelotas, Jagua­rão e até São Lourenço do Sul. “Em alguns casos acaba sendo desumano transportar uma gestante, via rodovia esburacada, na eminência de dar à luz por 180km até chegar a um hospital”.

Na traumatologia, de acordo com o secretá­rio da pasta, a referência é a cidade de Rio Grande – que se encontra com a equipe em greve. Segundo ele, somente situações de emergência estão sendo atendidas. “Além disso, Pelotas também nos ajuda como pode, mas é inconce­bível que se alguém sofra uma fratura, indiferente da gravidade, não consiga ter acesso ao serviço”.

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