O cotidiano brasileiro

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Nas últimas sema­nas abordei questões re­gionais, temas leves comparando com o que se passa no país. Porém, não há como ignorar o que se passa.

O presidente, ultima­mente assessorado pelo ministro Paulo Guedes, ambos acompanhados na falta de educação pelo mi­nistro da “educação”, tem se esmerado em dizer asneiras, o que não é novidade. De servidor parasita ao furo da jornalista, sai de tudo entre os estercos verbais proferidos pelos “mandatários” da nação. Neste cenário deprimente, “até empregadas domésticas faziam festas danadas em viagens a Dis­ney”, quem diria? Bons tempos aqueles, embora eu não tenha conhecido empregada doméstica que foi a Dis­ney. Aliás, questionou Ariano Suassuna, “existe coisa mais ridícula que um brasileiro chorando emocionado abanando o Michey?”

Há coisas piores.

Em 08.11.2019 escrevi nesta coluna que o Brasil, pelos dados que se tinha, cresceria em 2019 menos que cresceu em 2017 e 2018. Esta semana, todas as fontes oficiais, Banco Central e IBGE acenam que minha infeliz previsão se concretizou. O governo Bol­sonaro, fez o que quis e o Brasil cresceu menos que em tempos de Temer.

O governo afirma que novos empregos foram cer­ca de um milhão em 2019, segundo dados do Caged, que registra novos contratos e demissões. Porém, o número de brasileiros com carteira assinada não au­mentou nem perto disso, o se explica uma vez que aposentado não consta como demitido. Muitos ocuparam vagas abertas por aposentadorias. Isto não significa criação de novos empregos. Por outro lado, parte dos empregos (15%) são de trabalho intermitente, aquele que o trabalhador é chamado eventualmente e ganha pelas horas que trabalha.

Afirma-se que o número de desempregados di­minuiu, mas pouco se fala que o número de pessoas que deixaram de procurar emprego aumentou. A infor­malidade nunca foi tão grande. Coisas do Brasil, onde viver “de bico” torna-se cada vez mais comum. Duvido muito que os que vivem “de bico” estejam fazendo “plano de previdência privada”. No Brasil, 41 pessoas que se dizem ocupadas, em cada 100, não têm cartei­ra assinada, segundo o IBGE. No estado do Pará, 62 em cada 100 que se dizem ocupados não têm carteira assinada.

Segundo os sábios da direita brasileira, um dos maiores problemas do Brasil é a tal “carteira assinada” e as obrigações sociais. Se isto fosse verdade o estado mais rico do Brasil seria o Pará e a região mais rica do Brasil seria a região norte.

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