O túnel e a luz

Você ainda possui 2 notícias no acesso gratuito. Efetue login ou assine para acesso completo.

Quando eu tinha 13 anos, meu pai improvisou para me ensinar a jogar xa­drez. Tínhamos tabuleiro, mas não as peças, peões, cavalos, bispos, torres, rai­nhas e reis. Recortamos uma folha de papel, escrevemos os nomes das peças nos papéis e assim jogamos uma partida, após ele ter me dito como se moviam as peças. Com dezesseis anos eu jo­gava na equipe de Bagé. Meu companheiro de equipe era um tenente, hoje general, José Domingos Ramacciotti. Classificamos em segundo lugar nos Jogos Intermunicipais do Rio Grande do Sul de 1974, a melhor classificação de Bagé em todas as modalidades esportivas.

Começo assim porque o jogo de xadrez é um jogo de análises de situações complexas e todos os lances, movimen­tos de peças, devem ter duas finalidades, atacar e defender ou defender e contra-atacar. Quem não souber estas regras básicas, perderá.

Vivemos um momento complexo.

Dizem uns, precisamos cuidar da saúde e salvar vidas. Dizem outros, precisamos cuidar da economia que fome tam­bém mata. Quem não sabe analisar situações complexas dirá: “deixa morrer que precisamos salvar a economia”” ou “vamos cuidar da saúde que depois a gente cuida da economia”.Se você pensa de uma destas maneiras, está errado. Na Ale­manha ou no Canadá, só para citar dois países, alguém vai morrer de fome por culpa da pandemia? Creio que não. Estes países estão cuidando da saúde do povo? Consta que sim.

São países ricos, dirão muitos que não sabem explicar o que é um país rico. No Brasil, nos últimos anos, as políticas públicas liberais, nas quais quem pode mais chora menos, colocam milhares de pessoas em condição social abaixo da linha da pobreza, nem precisa de Covid para muitos morrer de fome.

Com a redução da Selic, taxa de juros que paga, cai o custo do governo com juros. Baixar a Selic é uma boa ação. Pagando menos juros os dinheiros podem ser colocados em ações de rede de proteção social, como as parcelas de R$ 600,00, que podem ser mantidas por alguns meses, embo­ra insistam dizendo que não dá e depois concedam, como bonzinhos.

O presidente quer fazer que o povo acredite que os responsáveis pelo controle da pandemia são estados e muni­cípios. Observando que o governo federal pretendia promover no Brasil um genocídio, mantendo atividades econômicas a qualquer custo de vidas, o Supremo Tribunal Federal tirou poderes do Órgão central e os repassou a estados e municí­pios. Porém, o Sistema Único de Saúde tem como principal Ente o governo federal.

Quando os que estão em posições de liderança,em harmonia, entenderem que é possível cuidar da saúde, fazer proteção social e encaminhar a retomada da economia ao mesmo tempo, poderemos vislumbrar alguma luz neste túnel que, por enquanto, está bem escuro.

Comentários do Facebook