Um programa modelo e inovador. É assim que o prefeito Adriano dos Santos define o método escolhido pela Prefeitura de Candiota, através da Secretaria de Educação, para que os alunos do município não percam o vínculo com a escola. “Com grande louvor deixo minha saudação aos mestres da nossa cidade e aos demais colegas ligados à educação porque se desafiaram em um momento de dificuldade. O objetivo é não deixar nossos meninos e meninas sem informação e contemplá-los em sua sede de conhecimento – muitos isolados no interior do município, muitos em áreas urbanas distantes como é Candiota, mas tendo a possibilidade de aprender”, disse o gestor durante uma transmissão ao vivo pelo Facebook. Conforme lembrou, a Capital do Carvão foi uma das primeiras do Estado a suspender as aulas e foi preciso se adaptar.
Valmir Cougo, coordenador responsável pela Secretaria de Educação, destacou que poucos alunos têm acesso à internet e que o transporte escolar tem sido um diferencial para garantir o sucesso do novo método. “Nossa intenção não era que o aluno começasse a receber uma enxurrada de conteúdos, mas algo que pudesse mudar sua rotina e possibilitasse buscar novos hábitos no sentido que despertasse sua curiosidade em cima de atividades práticas”, explicou. Os discentes começaram a receber as atividades no início de maio – e continuam até os dias atuais, ainda sem previsão de retomada das aulas presenciais. Segundo ele, a iniciativa visa produzir e não apenas reproduzir conhecimento.
Conforme detalhou o coordenador pedagógico José Ricardo Portella, a ideia era levar até as escolas uma proposta que fizesse a diferença. Segundo ele, além de toda a situação de pandemia e isolamento que já estava posta, que todos tivessem a chance de se reinventar. “A proposta foi um plano de ação para buscar o desenvolvimento de projetos integradores que pudessem trazer resultados significativos. Cada escola conseguiu canalizar sua demanda da melhor forma, todos utilizaram a base no sentido de valorização da vida e aproveitando o momento para utilizar o que tinham disponível próximo de si para poder desenvolver as atividades educacionais”, afirmou.
Ainda segundo ele, até o momento o grande retorno foi que, na zona rural, onde seria inicialmente a parte mais difícil, há 100% da devolutiva de atividades encaminhadas.“Isso para nós é muito positivo. Estamos acompanhando as famílias como um todo se envolverem com a educação dos filhos e em tempos de pandemia isso é muito importante”, ressaltou. A partir da proposta da Secretaria da Educação,cada escola fez o alinhamento do projeto dentro da sua realidade: Santa Izabel está desenvolvendo o projeto “Germinar”, Santa Fé o “Semeando o Saber” e Neli Betemps o “Semeando Educação”. As escolas de educação infantil e o Centro de Reabilitação e Apoio (CRA) tiveram outros trabalhos – também adaptados de acordo com suas possibilidades.
PRÁTICA – Em conversa com a reportagem, o diretor da escola Santa Izabel, Alex Perleberg, detalhou a criação de uma proposta com atividades interdisciplinares desenvolvidas semanalmente através de temas que discutam meios sustentáveis de produção agrícola – trabalhados na própria moradia dos alunos através da construção e manutenção de hortas agroecológicas. “Dentro do ambiente familiar a horta agroecológica proporcionará um espaço de integração de saberes, onde o objetivo principal é criar um território de aprendizagem, com o intuito de oportunizar aos educandos um ambiente que permita que os mesmos possam, juntos com sua família, aprender de maneira simples e lúdica conceitos de agroecologia, sustentabilidade, qualidade de vida a partir de uma alimentação diversificada,com alimentos de qualidade e alto teor nutricional (produzidos por eles mesmos), despertando assim, o interesse e valorização pelo meio ambiente e sua relação com a sociedade”, disse.
Segundo contou, a iniciativa contempla desde os alunos do pré I ao nono ano e conta com a parceria da empresa sementeira Bionatur e da Secretaria de Agropecuária de Candiota – que fornecerão os insumos necessários, apoio técnico e estrutural. Questionado sobre os primeiros resultados, o diretor garantiu que já é possível uma avaliação positiva e notório engajamento de toda a comunidade escolar. “Os alunos construíram em suas moradias uma horta familiar, onde as hortaliças cultivadas serão observadas e acompanhadas durante seu período de crescimento. Entende-se como uma ferramenta eficaz no desenvolvimento/formação do educando. Os valores agroecológicos apreendidos já ultrapassaram o ambiente escolar, pois os educandos levaram o conhecimento para suas residências disseminando a ideia da agricultura sustentável”, finalizou.