EMPREENDEDORISMO

Pillar Artesanato: há uma década transformando lã em peças de vestuário em Hulha Negra

Produtor investiu no artesanato rural para aumentar a fonte de renda da família

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Residência de Manoel abriga uma diversidade de peças Foto: Silvana Antunes TP

Após quatro anos re­sidindo no interior de Hulha Negra, localidade da Trigolândia, o objetivo de prosperar e aumentar a renda da fa­mília levou o produtor e criador de ovinos, Manoel Domingues, a investir no artesanato rural.

Com o auxílio da família, a compra de uma roca manual, utilizada para fiar fibras de origem ani­mal, ou seja, transformar a lã da ovelha em fio, deu início ao processo de con­fecção de peças do vestuá­rio para comercialização.

A ideia deu cer­to, e conforme explicou Manoel à reportagem do jornal Tribuna do Pampa que visitou a residência, hoje a empresa denomina­da Pillar Artesanato está ampliada e é responsável pelo sustento total da fa­mília. “Desde o início pro­curamos nos especializar. Fizemos cursos e procu­ramos um diferencial para poder confeccionar peças modernas e de qualidade. Hoje trabalhamos bastan­te, mas garantimos nosso sustento, ampliação dos negócios e o pagamento de estudos dos filhos, um em curso superior de Direito em Araranguá e a outra, em Medicina, na Argentina”, relata Manoel.

Manoel mostrou a equipe do TP como era o processo de carda da lã há dez anos no início da empresa com a roca manual Foto: Silvana Antunes TP


INVESTIMENTO
Com o passar do tempo e o suces­so dos negócios, surgiu a necessidade de aumentar a produção, mas para isso, também era necessário compra de maquinários. Primeiro, o artesão adqui­riu um tear artístico de 1,5 metros, o que alavancou as vendas. Hoje, a família já utiliza também, um tear de 2,5 metros, o que permite a confecção de coberto­res e capas inteiras, sem precisar costurar as peças. “Os teares possibilitam um trabalho mais rápido e com extrema qualidade, além de peças com um trabalho mais elaborado e variação de cores. A peça também trouxe praticidade, o que nos permite uma confec­ção mais rápida”, conta Manoel.

As peças chegam a contar com três tipos de trabalho – tear, crochê e tricô – e o produtor relata que com a ajuda de ter­ceirizados, chegam a ser confeccionadas 50 peças ao mês, sendo possível obter oito peças ao dia no tear.

FEIRAS Além da venda no município e região, a expansão dos negócios permitiu a participação em feiras por todo o país. De acordo com Mano­el, através do cadastro na Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), neste período estão sendo enviadas para o estado de São Paulo, peças para comercialização, mas ele conta que participa de feiras presenciais. Expo­tchê, em Brasília, Maria da Glória, no Rio de Janeiro, Expointer, em Esteio, em Rio Pardo, Expodireto, em Não-Me-Toque, Fena­milho, em Minas Gerais e Fenasoja, em Santa Rosa, são algumas das feiras já participadas pelo produtor fora do município. Manoel Domingues faz referência à importância da FGTAS. “Como somos integrantes da Agricultura Familiar recebemos total apoio da entidade por meio do Sin­dicato Rural de Bagé, o que nos proporciona a isenção do pagamento de estandes e alimentação, garantindo o retorno com a venda das peças”, relata.

Exemplos de peças confeccionadas pela Pillar Artesanato Foto: Silvana Antunes TP

PEÇAS Questionado sobre os tipos de peças confeccionadas, o artesão conta que as peças mais procuradas são casaque­to, canguru e casaco com manga morcego, mas que a Pillar também faz co­bertores, capas, coletes e vestidos, entre outros. Por fim, ao ser solicitado a fazer uma avaliação sobre os dez anos de empresa e o momento atual, ele fala em persistência, força de vontade e muito trabalho. “De início era difícil e não imaginávamos que chegarí­amos onde estamos agora. Na lã encontramos muitos adversários, mas também encontramos pessoas como a dona Elenita, que foi uma mestre, nos ensinou muita coisa sobre fazer as peças. Sempre tivemos boa vontade, mas faltava técnica. A partir daí bus­camos essa técnica e hoje chegamos a esse ponto. Basta se empenhar e lutar, levar o trabalho a sério, não paramos nunca, inverno e verão estamos trabalhan­do”, finaliza o artesão.

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