FRIO EXTREMO

Pinheiro Machado registrou oito graus abaixo de zero na manhã do último domingo

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O frio pinheirense ganhou destaque em todo o Estado Foto: Sigma Meteorologia/Especial TP

Temperaturas muito abai­xo de zero: essa foi a realidade dos últimos dias para os moradores de Pinheiro Machado. Já bastante conhecido pelo ar gelado e temperaturas bem inferiores as dos municípios vizinhos, o que ninguém imaginava era que os termômetros re­gistrariam exatos oito graus negativos. O fato aconteceu na manhã deste domingo (7) e ganhou visibilidade como a cidade mais fria do Estado.

O registro foi possível graças ao trabalho da Sigma Meteorologia – empresa que surgiu a partir de um projeto de acadêmicos do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Na expectativa até mesmo da ocorrência de neve eles pas­saram três dias no interior do município, no Passo da Olaria, onde acompanharam os regis­tros da estação meteorológica instalada recentemente. Con­forme relataram, na relva a temperatura chegou a -12°C, resultando em uma severa geada sobre a vegetação, con­gelamento de açudes, gelo em árvores e o raríssimo needle ice (agulhas de gelo) na beira do açude congelado.

A sensação térmica chegou a 10 graus negativos e o açude acabou congelando Foto: Sigma Meteorologia/Especial TP

Segundo dados da MetSul Meteorologia, a gea­da foi ampla em todo o Rio Grande do Sul e registros de temperaturas negativas em várias regiões, inclusive próximo da lagoa dos Patos e litoral com -2,3°C em Pelotas e -0,1°C em Rio Grande. Fez ainda -1,6°C em Santa Maria, -2,0°C em Bagé e -4,8°C em Quaraí.

Ainda de acordo com o relato do grupo da Sigma, no amanhecer de sábado (6), foi possível registrar um fenôme­no chamado sincelo na Serra dos Veleda. No momento fazia -2,1°C com rajadas de 35 km/h e nevoeiro. A sensa­ção térmica chegou a -10°C. “O sincelo ocorre quando as gotículas em suspensão do nevoeiro se congelam ao en­contrar superfícies muito res­friadas, depositando-se sobre essas superfícies. Tipicamente ocorrem com temperaturas ne­gativas, normalmente -2°C ou inferior. O registro desse tipo de fenômeno é mais comum em locais de grande altitude, onde combinação de nevoei­ro e temperaturas negativas é mais comum”, explicou o meteorologista Allef Matos.

O congelamento de gotículas foi registrado no sábado (6) Foto: Sigma Meteorologia/Especial TP

Na sexta-feira (5), a temperatura chegou a -2,2°C com rajadas de vento entre 30 e 40 km/h, trazendo também a sensação térmica de -10°C. Conforme contaram, a ação dos ventos constantes com temperatura negativa causou o congelamento das superfícies líquidas expostas. Nesse dia, a equipe da RBS TV esteve presente para registrar o fato – que ganhou divulgação em todo o Estado.

PODER PÚBLICO Em maio deste ano, após tomar conhecimento do trabalho dos acadêmicos do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi instaurada, na Câmara de Vereadores, a Comissão Especial de Estudo e Divul­gação das Possibilidades de Investimentos Econômicos relativos ao Microclima de Pinheiro Machado.

De acordo com o pro­ponente e presidente Fabrício Costa (PSB), a ideia da co­missão veio justamente pela observação da divulgação do trabalho da Sigma Mete­orologia relativo ao clima da cidade – fato que até então não havia informação de modo oficial. Além dele, Cabo Adão (PSDB), Jaime Lucas (MDB), Wilson Lucas (PDT) e Gilson Rodrigues (PT) também fa­zem parte do grupo especial.

Em conversa com o TP, Fabrício disse que sua intenção como presidente é trazer os dados para o debate do poder público e servir de base para buscar investidores da iniciativa privada. “Eu morei e trabalhei na Serra Gaúcha, sei que aqui é tão frio quanto lá, só que lá, no passado, houve uma cultura de valorização através das pesso­as, mídia e poder público, de todas as potencialidades que o frio tem (turismo, culturas agrícolas que só produzem no frio) e hoje aquela região colhe os benefícios econômicos”, contou o parlamentar.

De acordo com infor­mações preliminares obtidas pelo próprio vereador com profissionais da área, o des­taque gira ainda em torno das características climáticas da região em benefício da agricultura. “Há condições climatológicas para produção de maçã, mirtilo, damasco, entre outros, sendo estas duas últimas culturas extremamen­te lucrativas, pois já existe mercado consumidor no país e mais de 90% é abastecido via importação. Além disso, são culturas que podem ser implantadas por famílias de pequenos produtores”, pon­tuou.

Segundo Fabrício, já houve um primeiro contato com a equipe da Sigma Me­teorologia e com o professor orientador do projeto. Uma reunião para discutir o tema deve ocorrer até a próxima semana.

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