LOCALIZAÇÃO

Projeto da UTE Ouro Negro pode ser alterado se ERS-608 não receber melhorias

O empreendedor lembra do protocolo de intenções assinado com o governo do Estado em 2016

Em 2016 foi assinado um protocolo de intensões entre a Ouro Negro e o Estado Foto: Arquivo TP

O anúncio recente do governo do Estado para a conclusão asfáltica de 11km da rodovia ERS-608 – partindo da entrada de Pedras Altas em direção a Pinheiro Machado, talvez seja um reflexo do que o sócio-proprietário do projeto da Usina Termelétrica (UTE) Ouro Negro, o ex-prefeito de Pedras Altas, Sílvio Marques Dias Neto, confidenciou esta semana ao TP.

Segundo ele, caso o governo do Estado não cumpra com sua parte no protocolo de intenções assinado ainda no governo de José Ivo Sartori (MDB), pode haver mudanças até na localização do empreendimento. “Neste momento não há a menor intenção nossa em fazer qualquer alteração no projeto, até porque ele está já licenciado ambientalmente para ser construído em Pedras Altas e não mudamos isso”, assinala.

O empreendedor destaca que no protocolo assinado com o Estado, há um comprometimento para que haja viabilização da ERS-608, no trecho Pinheiro Machado-Pedras Altas, para que os equipamentos da nova usina, quando em construção, possam chegar por ali, vindos da China, via porto de Rio Grande. “Se isso não vier acontecer, mesmo eu tendo um protocolo de intenções assinado, eu lideraria um movimento para mudar a usina para o município de Candiota. Mas isso só se o governo não cumprir sua parte. Em síntese, não há nenhum movimento de alteração locacional. A Ouro Negro será construída em Pedras Altas, salvo o governo não cumpra a sua parte do acesso rodoviário e aí o único caminho seria Candiota”, disse.

ESPERA – O mundo e o Brasil estão com redução de demanda energética em função da desaceleração econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. Basta ver que em 2020 todos os leilões de energia previstos foram postergados a partir de 30 de março por tempo indeterminado.

Diante deste cenário que Sílvio analisa que o projeto da UTE Ouro Negro está em compasso de espera. Ele destaca que mesmo o país tendo energia suficiente, há uma programação para que os leilões sejam retomados a partir de 2021. “A Ouro Negro está pronta, com licenciamento ambiental prévio, documentação em dia e financiamento internacional”, disse.

MOVIMENTO – O empresário, que possui veia política, reforçou mais uma vez a necessidade de se reascender após o período eleitoral o movimento em defesa do carvão mineral. Para Sílvio é fundamental este apoio político das lideranças da região, independentemente de partidos, se erguer em defesa das usinas já instaladas e daquelas que pretendem se instalar. “Um bom movimento de pressão dessas lideranças junto ao governo federal, certamente esta situação de realização do chamado leilão estruturante, já que aqui no Rio Grande do Sul, na ponta do Brasil, não tem gás natural e vamos precisar de energia firme e esta é a advinda do carvão mineral. Espero, reforçando, que as lideranças empunhem esta bandeira do carvão, sob pena de empobrecimento total da região”, afirma.

SOBRE A OURO NEGRO – Avaliada em quase 1 bilhão de dólares (mais de R$ 5,5 bilhões em cotação do dólar desta semana), o projeto será financiado 80% com recursos das instituições financeiras da China e restante do valor será pago com capital próprio das empresas sócias (ONE S/A, Sepco1 e Power China).

A termelétrica contará com dois geradores de 300 megawatts cada e deverá ser construída em Pedras Altas, na divisa com Candiota, numa área de terras próxima ao arroio Candiota e da mina de carvão da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) – que fornecerá a matéria-prima. Durante a construção do empreendimento, deverão ser gerados cerca de quatro mil empregos diretos e 500 quando em operação.

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