INDÚSTRIA EM PINHEIRO MACHADO

Questões ambientais e portuárias são cruciais para implantar projeto

Um dos principais gargalos é a garantia de embarque do produto no Porto de Rio Grande

Um dos principais gargalos é a garantia de embarque
do produto no Porto de Rio Grande Foto: Divulgação TP

A entrada do empresário paulista e pinheirense Luiz Eduardo Batalha no projeto da indústria de pellets em Pinheiro Machado, anunciada no último dia 9, não há dúvidas de que renovou esperanças e trouxe fôlego para que de fato seja tirado do papel esse investimento de 200 milhões de dólares (cerca de R$ 640 milhões em câmbio atual).
Contudo, três condicionantes impostas pelos fundos de pensão britânicos – que são os que efetivamente irão financiar a implantação -, precisam ser devidamente ajustadas para que haja a liberação dos recursos.

MATÉRIA-PRIMA – Uma delas está praticamente resolvida, que é a questão da matéria-prima, pois há hoje 96 mil hectares de florestas plantadas num raio de apenas 57km no entorno de Pinheiro Machado. Neste sentido que o projeto já trabalha na elaboração de contratos com esses produtores para o fornecimento desta madeira para a indústria.

QUESTÃO AMBIENTAL – O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Ernani Polo, que estava no sábado durante o anúncio da entrada de Batalha no negócio, conversou com o TP sobre a questão ambiental do processo.
O secretário se mostrou bastante tranquilo em relação ao assunto, pois, segundo ele, promovido pela sua pasta, o Rio Grande do Sul realizou um amplo debate com todas as forças envolvidas, inclusive Farsul e Fetag, para a elaboração do novo Marco Legal de Florestas Plantadas do RS. Este projeto já está tramitando na Assembleia Legislativa gaúcha e o secretário analisa, que como foi um debate que envolveu todos os interessados, será aprovado sem qualquer problema.

Conforme Ernani, o Marco Legal regulamenta, por exemplo, que as florestas plantadas deixem de ser uma questão da Secretaria de Meio Ambiente e passem a Agricultura e Pecuária, sendo classificada não mais como atividade ambiental e sim como agrícola. De acordo com ele, na última década, em função da falta de ordenamento, a plantação de florestas diminuiu em 30% no Estado. “É um regramento simplificado e com normas claras, trazendo segurança jurídica ao setor, vindo ao encontro exatamente de projetos como esse da indústria de pellets em Pinheiro Machado. Por isso que neste sentido não há mais o que temer, bastando apenas a aprovação em breve da Assembleia”, garantiu.

GARGALO PORTUÁRIO – Levar a produção de pellets até o Porto de Rio Grande, com baixo custo e eficiência, não será nenhum problema, pois a linha férrea passa praticamente dentro de Pinheiro Machado. Contudo, um dos gargalos a ser enfrentados, sendo o principal deles, é a questão do embarque do produto para a Europa via portuária.

Não é novidade para ninguém de que a logística brasileira há muito está em xeque, apesar dos esforços para superar a situação. O Porto de Rio Grande também sofre com esta situação, principalmente nos últimos anos, com o avanço da soja. Neste sentido, que o setor florestal gaúcho luta para que se instale um terminal específico no porto, para garantir o embarque dos produtos, e entre eles, os pellets.

Segundo explicou ao TP o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco – que também participou no sábado em Pinheiro Machado do anúncio da entrada de Batalha no projeto -, a tramitação para a implantação do terminal já foi iniciada em Brasília, junto a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), quando a Superintendência do Porto de Rio Grande encaminhou a Carta de Manifestação de Interesse para a implantação do terminal. “Está tudo andando. Estamos muito otimistas e agora ainda mais com a entrada do empresário Luiz Eduardo Batalha. Estimo que dentro de um ano estaremos com as questões ambientais e portuárias resolvidas”, assinala.

O jornal fez contato com a assessoria de imprensa do Porto de Rio Grande, entretanto devido ao superintendente Janir Branco estar em viagem para Portugal, não foi possível uma declaração em tempo hábil para incluir nesta reportagem.

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