QUESTÃO ENERGÉTICA

Seminário de Energia reúne comunidade acadêmica e lideranças em Candiota

Nesta terça-feira (10), no encerramento do evento, seria aprovada a Carta de Candiota

Abertura do Seminário lotou as dependências do Centro Cultural Usina I

Abertura do Seminário lotou as dependências do Centro Cultural Usina I Foto: Fotos: J. André TP

O Centro Cultural da Usina I, na Vila Residencial, em Candiota, com toda a sua simbologia, está sediando nesta segunda e terça-feira (9 e 10 de abril) o 5º Seminário Internacional de Energia para o Desenvolvimento. Nesta edição, que tem como tema ‘O papel estratégico das empresas públicas”, a organização está a cargo da Unipampa, do Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do RS (Sintec-RS), do Sindicato dos Mineiros de Candiota, da Prefeitura e Câmara de Vereadores.

Com cerca de 500 inscritos, o evento foi aberto na manhã desta segunda com a presença dos sete prefeitos que fazem parte do Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios da Bacia do Rio Jaguarão (Cideja), do deputado federal Afonso Hamm, sindicalistas, muitos estudantes da Unipampa, vereadores da região, entre outras lideranças.

Prefeito Adriano pregou a união para o desenvolvimento regional

Prefeito Adriano pregou a união para o desenvolvimento regional

Para o coordenador geral do Seminário, o professor do curso de Engenharia de Energia da Unipampa, Élvio Rech, o encontro só foi possível graças ao entendimento de um grupo de pessoas e entidades, que bancou a ideia, mesmo sem um orçamento específico. Rech enfatizou novamente a simbologia do local para debate. “Aqui foi a primeira usina. Depois teve as fases A, B e C e agora a construção da Pampa Sul. E todas elas mostrando evolução tecnológica e ambiental na produção de energia”,expõe. Ele também destacou a importância do seminário, chamando a atenção que é preciso aliar a luta política com o debate de desenvolvimento tecnológico.

O deputado Afonso Hamm (Progressistas) confrontou a política de privatização proposta pelos governos estadual e federal, dizendo que este não é o momento de vender estatais como CRM, CEEE e CGTEE (Eletrobras). O deputado novamente fez a defesa do carvão mineral, criticando a falta de uma política para o setor, quando o governo federal vetou a modernização das usinas e cortou o financiamento do BNDES aos novos projetos. “Estamos aqui para defender a riqueza de nossa região, sendo que nosso desenvolvimento passa pelo carvão mineral”, pontuou.

Deputado Hamm criticou as privatizações e a falta de uma política para o carvão mineral

Deputado Hamm criticou as privatizações e a falta de uma política para o carvão mineral

O prefeito de Candiota e presidente do Cideja, Adriano dos Santos (PT) pregou a união regional em torno das potencialidades, pedindo que sejam deixadas de lado as vaidades políticas e pessoais pelo bem maior que é o desenvolvimento regional. Também criticou a burocracia brasileira que impede que os empreendimentos saiam do papel ou tenham maior rapidez em se instalarem. O prefeito fez a defesa das empresas públicas e voltou a defender um desenvolvimento regionalizado. “Ele não pode passar apenas por Candiota, mas sim de forma regional”, destacou.

PALESTRAS – Após a abertura, uma série de palestras e debates foram realizados, abordando temas como a defesa do patrimônio nacional e o papel estratégico das empresas públicas, o carvão mineral, pólo carboquímico, UTE Pampa Sul, perspectiva do projeto da UTE Ouro Negro, gaseificação de carvão mineral e biomassa e energia solar fotovoltaica.

Também no final do primeiro dia foi realizada a abertura da Mostra Científica de Tecnologias em Energia, Mineração e Carboquímica e da Exposição de Pôsteres da Usina Candiota I (fotografias de João Henrique Dill Duarte).

A programação segue nesta terça-feira com palestras e visitas técnicas. No encerramento será aprovada a Carta de Candiota – documento que conterá as diretrizes e reivindicações retiradas dos debates. A carta será encaminhada posteriormente a diversos órgãos de governo e entidades.

Empreendedor cobra mobilização regional para que UTE Ouro Negro saia do papel

Sílvio Marques Dias Neto expôs a necessidade de mudanças para  maior competitividade do carvão mineral

Sílvio Marques Dias Neto expôs a necessidade de mudanças para maior competitividade do carvão mineral

O diretor-presidente da Ouro Negro Energia S.A (ONE) e ex-prefeito de Pedras Altas, Sílvio Marques Dias Neto, fez questão de pessoalmente, no final da manhã desta segunda-feira (9) em apresentar durante o 5º Seminário Internacional de Energia para o Desenvolvimento, o projeto da Usina Termelétrica (UTE) Ouro Negro, que pretende ser edificada em Pedras Altas, na divisa com Candiota.

Projeto audacioso movido a carvão mineral fornecido pela Companhia Riograndense de Mineração (CRM), a UTE Ouro Negro terá 600 MW de potência instalada, com um custo de 900 milhões de dólares – algo em torno de R$ 3 bilhões, que deve ser financiado majoritariamente por capital chinês.

Conforme Sílvio expôs durante sua palestra de cerca de uma hora, o projeto possui todas as exigências cumpridas para participar do leilão A-6, marcado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para acontecer na segunda quinzena de agosto deste ano. No certame de dezembro último, nenhum projeto a carvão habilitado, dentre eles a UTE Ouro Negro, participou em função de problemas na competitividade com outras fontes e também o baixo crescimento econômico do Brasil.

O cenário, segundo o empreendedor, tende a se repetir em agosto, apesar de seu otimismo. Mostrando todos os detalhes do projeto – que possui desde licença ambiental prévia (LP) à viabilidade financeira -, Sílvio evidenciou a criação de três mil empregos na obra e mais 700 diretos e indiretos quando em operação. Ele foi duro ao final da sua palestra, cobrando mobilização das lideranças da região para enfrentar o que ele visualiza como um panorama desfavorável. “Vamos sair daqui como entramos, cheios de sonhos apenas? Precisamos pressionar os governos estadual e federal por mudanças na política e incentivos ao carvão”, cobrou.

Atualmente há um estímulo do governo federal ao gás natural como sendo a fonte para geração de energia firme em detrimento ao carvão – fato que Sílvio concorda que assim será no futuro, quando se tiver tecnologia para extrair gás do pré-sal. “Contudo a realidade brasileira atual é de dependência de gás estrangeiro e num contra-senso o governo incentiva a importação desta matéria-prima, desprestigiando uma riqueza nacional, que é o carvão”, lamenta.

Silvio ainda destacou que mesmo com todo esta conjuntura contrária, sua equipe segue fazendo simulações para encontrar viabilidade na venda de energia no leilão de agosto.

MEIO AMBIENTE – Em relação as questões ambientais, o empresário também foi firme de que é preciso perder a timidez na defesa do carvão. Ele reforçou que o mineral é responsável por apenas 2% da matriz energética nacional e, portanto, não pode ser estigmatizado por poluição ambiental no Brasil. “Se tivéssemos uma política de diminuição das queimadas que destroem a floresta amazônica e um incentivo aos carros elétricos, o Brasil cumpriria com todos os acordos ambientais internacionais”, propôs.

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