PINHEIRO MACHADO

A Terra da Ovelha poderá não ter mais Feovelha

Os altos custos do evento aliado ao pouco rebanho fizeram sucumbir a maior feira de ovinos rústicos do Brasil

No ano passado foram vendidos apenas 1.460 animais, enquanto que em 2014 foram 7.900

No ano passado foram vendidos apenas 1.460 animais, enquanto que em 2014 foram 7.900 Foto: Arquivo TP

Criada em 1984 pelo Sindicato Rural de Pinheiro Machado, tendo sua primeira edição realizada em janeiro de 1985, sob a presidência do produtor pedrasaltense João Lauro Vieira Costa, a Feira e Festa Estadual da Ovelha (Feovelha) pode, após 33 anos, deixar de existir.

Segundo o atual presidente do Sindicato Rural, Gabriel Camacho, uma decisão irreversível da diretoria da entidade já bateu o martelo de que em 2018 a parte da festa não haverá. Há uma possibilidade remota de haver a feira de ovinos – fato que será decidido numa reunião marcada para à tarde da próxima segunda-feira (30), na sede da entidade, no centro de Pinheiro Machado.

A direção do Sindicato apresentou oficialmente a decisão no início desta semana ao prefeito Zé Antônio, ao vice Jackson Cabral e ao presidente da Câmara de Vereadores, Jaime Lucas (PMDB).

 

Gabriel Camacho, que preside o Sindicato Rural, disse que a entidade não tem mais como arcar com os seguidos prejuízos

Gabriel Camacho, que preside o Sindicato Rural, disse que a entidade não tem mais como arcar com os seguidos prejuízos Foto: Arquivo TP

DIFICULDADESA queda na produção ovina tem influência direta na decisão do Sindicato em não realizar o evento o ano que vem e muito provavelmente nos próximos anos também não. Para se ter uma ideia, em 2014, a 31ª edição da Feovelha comercializou 7,9 mil animais. Este ano foram apenas 1.410 exemplares. Em três anos, uma queda de mais de 82% nas vendas. “O avanço da cultura da soja e das florestas gerou esta queda na produção e isso nos parece irreversível”, disse.

Além disso, conforme explica Camacho, os custos do evento vem gerando ano a ano e de forma consecutiva, consideráveis prejuízos ao Sindicato (ver quadro). “Se insistirmos em fazermos a Feovelha, o Sindicato terá que começar a se desfazer de patrimônio para poder honrar os compromissos assumidos e isso não é viável de nenhum ponto de vista. A ‘mãe’ Sindicato não tem mais como arcar com esses custos”, assinala o presidente, frisando que a saúde financeira da entidade é boa, porém se aventurar em mais uma Feovelha colocaria isso em risco.

A direção do Sindicato também se queixa de falta de apoio tanto do Executivo como do Legislativo na organização e promoção do evento, além de a cada ano o número e o valor dispensado por patrocinadores ser menor.

REVERSÃOO prefeito Zé Antônio ainda acredita numa reversão da situação. ”A Feovelha é um evento que promove Pinheiro Machado no cenário nacional. Por isso, o meu pedido foi para que o Sindicato Rural ampliasse a discussão antes de tomar a decisão pela não realização do evento. Vamos chamar à mesa a Secretaria Estadual da Agricultura, os bancos, associações de criadores de ovinos, Sistema Farsul, Embrapa, Emater, demais sindicatos e associações de produtores, enfim, um conjunto de pessoas que certamente tem interesse pela realização da Feovelha. É preciso encontrar uma alternativa”, afirma o prefeito Zé Antônio.

CÂMARAA decisão do Sindicato alcançou a Câmara de Vereadores, tendo sido tema na tribuna na sessão da última terça-feira (24). O primeiro vereador a trazer o assunto para a pauta foi Gilson Rodrigues (PT). Para ele a Feovelha é um patrimônio do povo de Pinheiro Machado e não pode não acontecer. Ele propôs uma força-tarefa e também que em último caso se faça uma feira da agricultura familiar.

Já o presidente da Câmara, Jaime Lucas (PMDB), que participou da reunião com o Sindicato, lamentou a decisão, entretanto disse que contra números não há argumentos.

 

FEOVELHA EM PREJUÍZOS

2015R$ 507 mil de custo e R$ 220 mil de prejuízo

2016R$ 406 mil de custo e R$ 87 mil de prejuízo

2017R$ 253 mil de custo e R$ 69 mil de prejuízo

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