Trator desgovernado

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*Cássio Gomes

Seu Delmarão Silveira era proprietário de uma chá­cara no Jaguarão grande, interior do Município de Candiota.

Na década de 1960, após muitos esforços, Del­marão conseguiu juntar uns pila e comprar um trator para ajudar na produção da sua pequena propriedade.

A aquisição desse implemento era de muita valia, pois sua produção, que era pequena, começava a au­mentar, necessitando assim de novos investimentos para agilizar o trabalho. Porém, Delmarão não sabia dirigir. Mas, ao observar alguns vizinhos, achou que o trator era mais fácil de conduzir que uma bicicleta.

Numa bela manhã de verão, lá pelas dez horas, seu Delmarão ligou o “Doite” velho, só que engatou uma segunda ao invés de uma primeira. Saiu cavocando e saltando terra pra trás; e ficou rodando em volta da casa, tentando pegar prática do veículo. Ficou uma hora nessa função e depois de satisfeito, tentou parar o trator, porém, não conseguiu.

Ficou meia hora apertando tudo que é pedal, ar­ranhando marcha tipo bicho, e não tinha jeito de parar. A essa altura já estava se vendo mal na foto, já ensopado de suor. Então, gritou para sua esposa e pediu: “Mulher, pega o pilão e joga na frente do trator para ver se para esse troço”. Ela jogou o objeto, mas de nada adiantou, e ao ver seu marido em apuro, começou a jogar trama, pedaço de toco, e nada do veículo parar.

Como nada adiantava, Delmarão resolveu atracar por cima dos moirões de uma antiga cerca que tinha perto. Cada moirão que derrubava, comentava: “agora nesse ele para”.

Já estava batendo o desespero, quando chegou um vizinho, por volta do meio dia, que imediatamente pulou no trator e o fez parar.

Quando parou, Seu Delmarão parecia que tinha atravessado o deserto do Saara, pois estava empapado de suor e moído de cansado, ao ponto de se atirar no chão para recuperar o fôlego e as forças.

Fontes: Lopes, Cássio Gomes. “Batendo Tição – Causos de Gauchadas”, Bagé, Pallotti, 2016. 131 p.

 

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