Um homem e seu destino

leo vieira

Esta aventura no qual uma pessoa se envolve sem lhe calcular os riscos de sua vida, por vezes, é bafejado pela sorte, alcançando grandes sucessos; mais frequentemente, porém, acaba como vítima obscura de sua própria imprevisão.

Diz-se que a vida é uma aventura no sentido de não ser possível prever todos os riscos que comporta. O homem de caráter sabe escolher o caminho certo e a decisão racional entre o aventureirismo irresponsável e o calculismo exagerado e inibidor. Se existe dúvida em nossas ações, é porque existe um estado de espírito no qual a mente suspende a formulação de um juízo, seja por falta de evidência, dúvida negativa, seja porque vê razões igualmente plausíveis em favor dos dois membros de uma alternativa, portanto, dúvida positiva. Exemplo: a) REAL, quando a suspensão do julgamento se impõe ao espírito independentemente da vontade; b) METÓDICA, quando a suspensão do julgamento é provisória e voluntária, visando a demonstrar algo que de antemão se conhece como verdadeiro.

Não é lícito agir com a consciência dúbia sobre a moralidade de um ato, porque se assumiria conscientemente o risco de cometer um ato mau. Em tais casos, pois, é útil lembrar que, quando a dúvida é real, e relativa à norma, não ao fato, deixa ao agente a liberdade de escolher qualquer das alternativas que lhe pareça provável. A norma, num sentido figurado, significa a pauta da ação humana, ajustada à qual esta ação é reta, isto é, moralmente boa. A norma da moralidade é a própria consciência que formula juízos práticos sobre o valor moral da ação feita ou por fazer.

Vejam: a norma é a inteligência Criadora e constitui, por si mesma, um programa de ação e de vida. Segundo ela, é moralmente bom tudo aquilo que permite ao homem ser mais plena e harmoniosamente um homem de moral. Qual é o seu objetivo: é um determinado alvo que um homem se propõe a conquistar pelos seus esforços, ou por toda a sua vida, por exemplo: O conforto, o prazer, as honras, o livre arbítrio, o poder político, a liberdade de pensamento, etc.

Em função do objetivo fixado, o homem adota os modos de agir que lhe parecem eficazes para conquistá-lo. Fim é uma destinação imanente a cada ser, mesmo independentemente de sua vontade, caso se trate de um ser livre; é a razão de ser de uma existência, é o seu sentido profundo. Assim, o problema fundamental da moral, é definir se o homem tem um fim, e, eventualmente, qual é este fim. O homem quando nasce, traz em si uma imensa ambiguidade ou melhor, plurivalência: pode ser um sábio ou um ignorante, um santo ou um viciado, um heroi ou um bandido. Daí se induz uma primeira conclusão: qualquer que seja o seu fim, como sujeito é o homem que deve realizá-lo, é ele mesmo que deve superar a distância entre sua existência e sua essência, não em virtude de determinismos de forças físicas, químicas ou biológicas, mas livremente, pelo exercício de sua responsabilidade, diferenciando-se, assim, de todos os outros seres.

Todas as coisas do mundo infra-humano não tem sentido em si mesmas; só adquirem sentido quando são assumidas como objeto da consciência humana, e integradas de certo modo numa visão humana.

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