Uma mulher especial

Falavam os homens daquele grupo nas fantásticas capacidades de suas mulheres gastadeiras. O Juvenal observou: – A minha sempre tem dinheiro.

A minha, dizia outro, é como a maioria, o meu é nosso e o dela não se discute. Lá em casa, dizia outro, eu fico com o resto do resto, a maior parte é dela, resta o dos filhos e dos investimentos, que ela decide, e o que sobrar é meu.

Na minha, dizia o Juvenal, boto logo a grana na mão dela, pego pouco porque sobra pouco mas ela sempre tem algum quando eu preciso.

Os outros quase invejavam o amigo, mas achavam um pouco chato aqueles comentários do homem que nem ganhava lá essas coisas. Além disso, a bela esposa não trabalhava e não raro era vista no shopping.

Conheço uma jovem ex e mãe que, como sempre fez, trabalha para pagar suas contas. Sabendo que escrevo no Recanto dizia: – Põe lá que, no fundo, no fundo, esta coisa de ser mulher independente e provedora da família é uma droga, bom mesmo é ter um homem para pagar as nossas contas.

Nunca convivi com mulher que pagasse as minhas; no máximo, repartiam a conta do restaurante, já que motel é conta de homem (será que isto também já mudou?).

No grupo, um nem reclamava muito, dizia que a mulher só gastava além da conta, e do dele, quando viajavam; a conversa em casa girava sempre em torno da próxima viagem. Outro falava das jóias e aquilo para ele representava o supra-sumo da futilidade. Outro se consolava, a mulher sempre o aliviava para garantir o próximo investimento o mais breve possível. Outro dizia que o dinheiro era a razão de manter a sua união instável nos últimos quinze anos.

O Juvenal, penalizado, suspirou, ante o olhar dos amigos que perceberam o suspiro.
– Eu nem me preocupo, a minha sempre tem dinheiro.
Um dos presentes questionou:
– Como é que ela consegue?
Sem querer saber de confusão na sua boa vida, o felizardo respondeu:
– Não sei e nem sou louco de perguntar.

Comentários do Facebook