QUESTÃO ENERGÉTICA

UTE Ouro Negro se cadastra no leilão A-6, mas expectativa é de cautela

O leilão A-6 acontece no próximo dia 18. Diretor da empresa cobra apoio do governo do Estado ao carvão da região de Candiota

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No último dia 28, Ouro Negro e Sepco1 assinaram um contrato bilionário para a construção da nova usina Foto: Arquivo TP

O diretor-presidente da Ouro Negro Energia, o ex-prefeito de Pedras Altas, Sílvio Marques Dias Neto, enviou nesta quinta-feira (10) ao TP, uma cópia do cadastro ao leilão de energia A-6 (quem vender possui seis anos para construir a usina e fornecer a energia), feito junto a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE). Esta é a última etapa antes do certame, que acontece na Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo.

No último dia 28, a Ouro Negro e a chinesa Sepco1 assinaram um contrato bilionário (cerca de R$ bilhões) para a construção da usina, localizada em Pedras Altas, na divisa com Candiota. Na oportunidade, Sílvio falou ao jornal com exclusividade, que independente do sucesso ou não no leilão de agora, a empresa se prepara para a venda de energia no mercado livre e que os contratos neste sentido devem ficar prontos até o fim deste ano.

Em relação ao leilão, o empresário mantém o discurso de cautela, porém faz uma análise do mercado de energia, especialmente das térmicas. “O preço-teto é bom e não mais do que isso (R$ 292/MWh). No entanto, a demanda por energia ainda é muito fraca em razão de que a economia nacional está em crescimento muito lento. Outro aspecto é que as térmicas disputam com outras fontes (eólica, hídrica, solar) em condição desfavorável. O custo das térmicas é muito superior, de modo que as renováveis vendem a sua energia por valor menor que as térmicas. Os investidores das térmicas, especificamente os da UTE Ouro Negro, não arriscam investir se o negócio, ou seja, a Taxa de Retorno do Capital Investido, não seja no mínimo razoável”, assinala.

De outro modo, Sílvio analisa que as fontes alternativas, por suas características próprias, não garantem o suprimento de energia elétrica para o parque industrial existente e muito menos para o esperado crescimento econômico do Brasil. “A razão da bandeira vermelha nas contas e custo elevado da energia para o consumidor é essa. O Operador Nacional do Sistema (ONS) se obriga a despachar térmicas ineficientes e antigas com valor de venda de energia elétrica muito superior ao preço-teto do leilão A-6 deste ano. A alternativa para equacionar isso é muito Investimento em renováveis e permitir que as térmicas de base sejam implantadas e sejam acionadas nos momentos em que os ventos, a água e o sol não garantam o suprimento.

Por isso a defesa de um Leilão Estruturante para as térmicas. Com isso ganha o Sistema Nacional e ganha a sociedade brasileira”, enfatiza.

COBRANÇA – O empresário voltou à ser enfático em assinalar a importância das lideranças da região em defesa do carvão de Candiota, mas foi duro em relação ao governo do Estado. “O Programa Estruturante garantirá a sobrevivência das regiões mineiras. O enfraquecimento das térmicas, no nosso caso, Polo Regional Carvão Candiota, levará essa região ao declínio econômico. Insisto, que independentemente da UTE Ouro Negro vender a sua energia em leilão ou no mercado livre, como está sendo tratado, as lideranças regionais tem que fazer o governo gaúcho se posicionar em defesa da região mineira de Candiota, fortalecendo a defesa do Programa Estruturante junto ao Governo Federal. Até o momento, não se ouve uma palavra de apoio do Executivo Gaúcho”, cobra.

SOBRE A OURO NEGRO – Avaliada em mais de R$ 4 bilhões, o projeto será financiado 80% com recursos das instituições financeiras da China e restante do valor será pago com capital próprio das empresas sócias (ONE S/A, Sepco1 e Power China).

A termelétrica contará com dois geradores de 300 megawatts cada e deverá ser construída em Pedras Altas, na divisa com Candiota, numa área de terras próxima ao arroio Candiota e da mina de carvão da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) – que fornecerá a matéria prima. Durante a construção do empreendimento, deverão ser gerados cerca de quatro mil empregos diretos e 500 quando em operação.

O projeto já possui licenciamento prévio (LP) do Ibama, com a licença de instalação (LI) com pedido em tramitação. Também já possui outorga definitiva do uso da água do arroio Candiota emitido pela Agência Nacional de Águas (ANA).

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