POLÍTICA

Veto do Executivo pinheirense para reajuste de salários do funcionalismo será debatido na próxima semana

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Está marcada para a próxima segunda-feira (18), às 9h, a reunião da Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final da Câmara de Vereadores de Pinheiro Machado. Na oportuni­dade, Executivo e Legislativo de­baterão a mensagem de veto para o Projeto de Lei (PL) nº 11/2020, que trata da revisão geral anual aos vencimentos dos servidores públicos municipais. Desde a últi­ma semana, a reunião passou a ser transmitida ao vivo pelo Facebook.

O comparecimento do pre­feito Zé Antônio e do titular da Secretaria da Fazenda, Geovane Teixeira, foi solicitado pelo relator Gilson Rodrigues (PT), e aceito pelo presidente Wilson Lucas (PDT). Ronaldo Madruga (Pro­gressistas), Cabo Adão (PSDB) e Sidinei Calderipe (PSB) também fazem parte da Comissão de Le­gislação, Justiça e Redação Final e concordaram com a ação.

“O Executivo mandou o PL no dia 24 de março e nós apro­vamos em 24 de abril, então ele não pode vetar e colocar na nossa responsabilidade. Estão tentando dizer que a culpa é de um verea­dor ou outro e isso não é verdade. Cumprimos todo o rito jurídico, com todos os pareceres legais e encaminhamos o PL aprovado. Temos que discutir juntos com muito carinho e por isso quero solicitar a presença deles para nos explicarem o motivo do veto – se não tem dinheiro ou se o problema é só jurídico – e assim seja possível encaminhar o parecer do relator”, disse Gilson.

Somente depois disso, du­rante sessão ordinária, a mensa­gem de veto encaminhada pelo prefeito Zé Antônio vai poder ser acatada ou derrubada pelos parla­mentares. Os servidores públicos municipais estão desde 2018 sem esses reajustes.

REPERCUSSÃO Durante a sessão ordinária desta terça-feira (12), foi unanime a opinião dos vereadores de que é preciso encontrar uma saída para o PL nº 11/2020. Em seu espaço de fala, Jaime Lucas (MDB) disse que é preciso estar atento para tomar a melhor de­cisão. “O município de Pinheiro Machado será contemplado com o valor de aproximadamente R$ 1,5 milhão, que será pago em quatro parcelas pelo Governo Federal. R$ 1,4 milhão é para recurso livre e pode ser usado para pagamento da folha, mas há uma discussão muito grande onde o município que não congelar o salário até 2021 não terá direito a esse valor.Vamos correr ou não o risco? A União assinala que o município que não obedecer não irá receber os repasses e desta forma devemos ver qual direção seguir”, alertou.

Em sentido contrário, Cabo Adão e Ronaldo disseram não concordar com as justificativas de inconstitucionalidade apontadas no veto. Ambos são bacharéis em Direito.“Tenho assistido várias aulas sobre o tema afirmo que isso está previsto na Constituição Federal. É uma das situações que se pode fazer em época eleitoral porque não é aumento de salário, se trata de uma reposição, e está garantida em lei. Até agora os argumentos não me provaram que tem que ser daquela forma como justificado no veto”, afirmou o vereador tucano.

Ronaldo Madruga (Progressistas) disse que há alternativa legal para conceder o reajuste Foto: Arquivo TP

Do mesmo modo, Ronaldo afirmou ter consultado a Confe­deração Nacional dos Municípios (CNM) para saber sobre o PL que o então presidente Jair Bolsonaro fala em vetar algumas emendas, mas esclarece que se tratam do au­mento salarial e não da reposição – que é a perda inflacionária. “A CNM disse ainda que vai fazer um parecer técnico para todos os mu­nicípios explicando como proceder caso exista realmente esse veto na questão do aumento, mas que não haverá diante da reposição. Qual é a nossa alternativa então? Já que só pode, segundo interpretação do parecer jurídico, dar a reposição no ano eleitoral a partir do ano em cur­so, vamos propor que seja feita de janeiro até junho – será que lá não vai chegar a 5.50%? Pelo menos vai ficar mais perto de 7.82% e não vai ter problema nenhum de lega­lidade”, sugeriu. Ronaldo alertou para a questão da responsabilidade fiscal a partir de julho, mas disse até lá é possível sim.

Fabrício Costa (PSB) declarou que a justificativa do Executivo não se sustenta Foto: Arquivo TP

Já Fabrício Costa (PSB), retomando o jogo de empurra­-empurra sobre de quem foi a culpa pelo atraso para sancionar o PL, disse que a justificativa do Executivo não se sustenta tendo em vista que há documentos pro­vando que em março não houve atividade interna da Câmara de Vereadores, nos mesmos moldes que a Prefeitura também suspendeu atividades administrativas como medida de prevenção ao contágio da Covid-19. “Fizemos tudo da for­ma mais célere possível, agora se o prefeito não quis vetar somente a emenda que foi feita aqui para tirar dos agentes políticos a reposição, aí é outra situação. Ele podia sim fazer isso ao invés de vetar todo o PL, o presidente Jair Bolsonaro passa vetando trechos que o Con­gresso faz emenda e se ele pode, por simetria o prefeito querendo, também pode”, sinalizou.

Sobre a possibilidade de construir uma alternativa, o verea­dor também concorda que é cabí­vel, desde que não seja na forma de barganha ou “moeda de troca” com o que já é de direito líquido e certo dos servidores. “Podemos sim corrigir o erro da decisão do Poder Executivo de vetar, mas essa correção não pode ser nos moldes de moeda de barganha. Não sei qual será a proposta de consenso, fato é que eu jamais concordarei em, para ter a execução de um di­reito, condicionar na negociação de outro”, disse Fabrício. Procurado pelo jornal, o parlamentar disse que “moeda de troca” fazia referência a algo que ficou sabendo e que foi citado em uma reunião entre a base do governo.

EXECUTIVO Na manhã desta quinta-feira (14), em conversa com o prefeito Zé Antônio, ele falou sobre o comparecimento na reunião da próxima semana. “Vamos lá para explicar os moti­vos que levaram a vetar o Projeto de Lei. De acordo com o parecer jurídico, é inconstitucional pela alteração que foi feita e pelo prazo de aprovação. Não temos como mudar algo que é inconstitucional para constitucional de qualquer maneira. Além de reafirmar isso, também vou apresentar uma saída para tentar compensar a perda que os servidores estão tendo”, disse. Questionado sobre qual alternativa seria essa, ele disse que não vai adiantar porque depende da deci­são dos vereadores – em acatar ou derrubar o veto. “Se derrubarem o veto eles vão ter que arcar com a responsabilidade de algo que é inconstitucional”, afirmou o gestor.

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