DENGUE

Bagé, Candiota, Hulha Negra e Pinheiro Machado estão na lista de infestados por Aedes aegypti

Rio Grande do Sul está em alerta máximo contra a doença

Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, zica e chikungunya Foto: Divulgação TP

O governo do Estado lançou um painel de monitoramento de doenças virais transmitidas principalmente por mosquitos (arboviroses), como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Por iniciativa do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE) Arboviroses e em parceria entre a Secretaria da Saúde (SES) e a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), o painel permite maior visibilidade sobre a transmissão desses vírus.

No verão de 2021, o Estado registrou surtos de chikungunya, zika e a maior epidemia de dengue desde os primeiros casos autóctones (contraídos no próprio território gaúcho) em 2007, com número de casos e óbitos acima do esperado.

O painel traz informações como em quais municípios foram encontrados os mosquitos que transmitem essas doenças (Aedes aegypti, no caso de dengue, zika e chikungunya; e Haemagogus leucocelaenus, no caso da febre amarela silvestre), número de casos e óbitos que podem ser visualizados por ano, faixa etária e município.

DENGUE – O Tribuna do Pampa fez uma pesquisa acerca da situação dos casos de dengue no estado e região. Segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela SES até o fechamento desta edição, da Semana Epidemiológica 15 (SE 15), são 25.581 casos suspeitos de dengue, sendo 10.535 casos confirmados e destes, 9.002 casos autóctones, 2.712 casos foram descartados e 12.207 continuam aguardando investigação no Estado.
Os dados apontam que entre os casos confirmados, cinco casos evoluíram para óbito, de moradores de Igrejinha (1ª CRS), Cristal do Sul (2ª CRS), Horizontina (14ª CRS), Chapada e Jaboticaba (15ª CRS).

A análise também mostra que 322 municípios das 18 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) notificaram casos suspeitos de dengue e 164 municípios de 17 Coordenadorias Regionais de Saúde confirmaram casos autóctones no estado. Dos casos autóctones 63% estão concentrados em oito municípios, sendo Dois Irmãos, Igrejinha, Estância Velha, Parobé e Porto Alegre (1ª CRS), Rodeio Bonito (2ª CRS) e Arroio do Meio e Lajeado (16ª CRS). O material ainda aponta que em uma série histórica de 2000 até 2022, observa-se, no RS, um aumento significativo no número de municípios infestados (89%), pelo mosquito Aedes aegypti. Atualmente, 442 municípios integram a lista de infestados.

ALERTA MÁXIMO – A Secretaria da Saúde anunciou na quarta-feira (20) que o Rio Grande do Sul está em alerta máximo contra a dengue. A declaração tem por objetivo o reforço na mobilização de enfrentamento ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti. O foco são os 177 municípios, incluindo a Capital, onde o nível de alerta é maior pelo número de casos e óbitos registrados. A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, ressaltou a necessidade de mobilizar e envolver toda a sociedade nessa tarefa. “É um compromisso com o cuidado”, disse. “O alerta máximo significa uma maior atenção com medidas fortes nas regiões de maior incidência”, completou.

A situação nos municípios da região

A reportagem também fez uma pesquisa sobre a situação dos municípios da região de cobertura impressa do jornal nesta semana. São considerados infestados segundo o painel da SES, os municípios de Bagé, Candiota, Hulha Negra e Pinheiro Machado. Ainda, dos municípios que integram o Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental dos Municípios da Bacia do Rio Jaguarão (Cideja), está na lista Aceguá. O TP contatou com os secretários de Saúde dos municípios em busca de informações acerca dos trabalhos realizados.

Conforme apurado pelo TP, a 7ª CRS, de acordo com a orientação da Vigilância Ambiental e SES, está sendo disponibilizado para os municípios subordinados duas bombas UBV costal e produto para pulverização, em casos de dengue confirmada. Mas, devido a demora nos resultados está sendo fornecido material para a pulverização preventiva.

BAGÉ – Começou na segunda-feira (18), a aplicação de fumacê, que visa combater o mosquito Aedes aegypti na fase adulta, transmissor da dengue. O trabalho é realizado pela Vigilância em Saúde, setor da Secretaria de Saúde, com apoio da Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano.
Os primeiros bairros a receberem a ação foram o Santa Cecília, Menino Deus e Alvorada Nova, na zona oeste da cidade. O coordenador da Vigilância, Geraldo Gomes, destaca que o material expelido não é nocivo a humanos ou animais de estimação. “Assim como com a Covid-19, o governo municipal sai na frente e já começa o combate antes mesmo de ter um caso positivo de dengue na cidade. A prevenção sempre se mostra importante e diminui a chance de contaminados”, declarou Gomes.

Além disso, o coordenador destaca que é importante que a população permita que os agentes entrem nas casas para instruir como proceder para evitar que os insetos de proliferem. Gomes lamenta que muitas pessoas ainda não abram as portas e não recebam os profissionais, mas solicita que, pelo menos, tomem todos os cuidados e não deixem nenhum tipo de água parada no pátio, seja em vasos, portes, piscinas, dentre outros.

Fumacê começou a ser aplicado em Bagé Foto: Sérgio Galvani /Especial TP

PINHEIRO MACHADO – O município está na lista de infestados no Estado, mas em entrevista ao TP, o secretário de Saúde Tiago Garcia informou que no momento o município não apresenta nenhum foco de larvas do mosquito Aedes aegypti, que penas no mês de janeiro foi encontrado um foco na vila Umbu. “Não temos casos de dengue ou suspeita, no município. Continuamos na lista de infestados por já termos registro de foco anteriormente”, frisou.

O gestor afirma que todos os protocolos são seguidos no município. “É realizado quinzenalmente o controle de oficinas, borracharias, ferros velhos, considerados pontos estratégicos. Quatro vezes ao ano, ou seja, de três em três meses, realizamos o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Lira) onde o programa de controle da dengue seleciona os quarteirões que os imóveis devem ser visitados em sua totalidade. Também realizamos Levantamento de Índices (LI) e visitas aleatórias quando recebemos pedidos ou denúncias. Quando larvas de mosquito são encontradas, coletamos e enviamos para o laboratório Lacen, em Pelotas, onde é analisada e detectada a espécie que pertence. Sendo constatado que se trata da larva do Aedes aegypti, a partir do foco, determina-se um raio de 360° e todos os imóveis são visitados. O município conta com dois Agentes de Endemias”, explicou Tiago Garcia.

Em Pinheiro Machado, agentes percorrem possíveis focos de larvas Foto: Divulgação TP

CANDIOTA – Conforme já informado pela Secretaria de Saúde de Candiota em publicidade veiculada no Tribuna do Pampa, no município já foram encontradas larvas do mosquito Aedes aegypti. Em entrevista ao TP nesta semana, o secretário Fabrício Moraes, intensifica o pedido de cuidado por parte da comunidade e informa as ações realizadas.

Segundo Moraes, o foco foi localizado em um espaço público da Vila Operária durante trabalho de rotina da equipe de Vigilância Sanitária. “A partir daí intensificamos as campanhas publicitárias e uso de carro de som para que as pessoas não deixem água parada em seus pátios, pois é preciso conscientização de todos. No local do foco será feita uma dedetização com os produtos orientados pela 7ª Coordenadoria Regional de Saúde”, relatou o secretário.

Em Candiota, larva do mosquito foi encontrada em uma área pública, na Vila Operária Foto: Divulgação TP

PEDRAS ALTAS – Único município que não integra a lista de infestados, segundo informações repassadas ao jornal pelo secretário de Saúde Celso Caetano, até o momento não há nenhum caso de dengue nem foco do mosquito Aedes aegypti. “A equipe de combate a endemias composta por dois servidores estão atualmente realizando visitas domiciliares realizando o Lira e LI, além de estar verificando armadilhas e pontos estratégicos. Os agentes receberam treinamento no período de 11 a 14 de abril com servidores da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS) da cidade de Pelotas, realizando trabalho de campo e instruções caso haja algum caso positivo no município”, relatou Caetano, acrescentando que está sendo programada uma campanha de informação e combate a dengue na cidade.

HULHA NEGRA – Conforme a assessoria de Comunicação, no município, a Secretaria Municipal de Saúde, segue alertando a população em relação aos cuidados para evitar a proliferação do mosquito. A equipe de Endemias trabalha constantemente realizando visitas semanais nos pontos estratégicos (cemitérios, borracharias, terrenos baldios, empresas, escolas e pontos aleatórios) e visitas em mais de 400 residências para compor o levantamento de índice bimestral.

Segundo material repassado ao TP, nesta semana, a SMS realizou um teste de dengue em uma moradora do interior do município, porém, o resultado do exame pode demorar até 30 dias para ser apresentado. A moradora estava visitando familiares em outro município e recebeu a confirmação de que esses familiares estavam contaminados com o vírus da dengue. Ao retornar para Hulha Negra, a moradora apresentou quadro gripal e realizou teste de Covid-19, onde resultado foi negativo.

Dengue: transmissão, sintomas, prevenção e tratamento

Prevenção de criadouros de larvas do mosquito podem ser evitados com pequenas ações Foto: Divulgação TP

TRANSMISSÃO – A dengue possui um processo de transmissão por meio da picada do mosquito Aedes aegypti, mais especificamente pela fêmea, que precisa de sangue humano para a maturação dos ovos. Não há riscos de transmissão por contato direto entre as pessoas, nem de fontes de água ou alimento. Uma das causas responsáveis pelo alto número de transmissões é o fato de o Aedes aegypti ser um mosquito doméstico, vivendo muito perto das pessoas.

PREVENÇÃO – Cada um tem a responsabilidade de atuar ativamente na prevenção da doença. E existem algumas ações que devem ser incorporadas na rotina de todos, como eliminar os focos de água parada. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estima que 15 minutos são o suficiente para fazer uma varredura eficiente nos ambientes da casa para eliminar qualquer foco de água parada — ambiente ideal e mais comum de desenvolvimento dos mosquitos.

Dentro de casas e apartamentos podem ser feitas algumas medidas como tampar tonéis e caixas d’água, manter as calhas sempre limpas; deixar garrafas sempre viradas com a boca para baixo, manter lixeiras bem tampadas, deixar ralos limpos e com aplicação de tela, limpar semanalmente ou preencher pratos de vasos de plantas com areia, limpar com escova ou bucha os potes de água para animais e retirar água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.

Já em áreas externas é aconselhado a cobrir e realizar manutenção periódica de áreas de piscinas e de hidromassagem, limpar ralos e canaletas externas, estar atento para plantar que podem acumular água como bromélia e babosa, deixar lonas usadas para cobrir objetos bem esticadas, para evitar formação de poças d’água e verificar instalações de salão de festas, banheiros e copa.

SINTOMAS – A dengue pode ser uma doença assintomática (não apresentar sintomas), manifestar-se de forma leve ou mais grave, sendo que os sintomas mais comuns são febre alta (39ºC a 40ºC), dor de cabeça, dores no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, falta de apetite e perda de paladar, náuseas e vômitos, mal estar e manchas vermelhas no corpo.

TRATAMENTO – Não existe um tratamento específico para dengue. O que existem são medicamentos que diminuem os sintomas, que devem ser usados por meio de prescrição médica. Porém, existe uma orientação de não utilizar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (Aspirina, Melhoral, AAS) e anti-inflamatórios, pois podem aumentar o risco de hemorragias.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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