
Léo e Mily na comemoração de 15 anos da jovem Foto: Divulgação
Neste domingo (10) se comemora uma importante data, o Dia dos Pais. Seja de sangue ou de coração, o sentimento de amor tem unido pais e filhos ao longo dos anos, e mostrando que tudo é possível quando existe união e vontade. Em 2025, para mostrar que nada acontece por acaso e que com força de vontade é possível superar até mesmo a ordem natural da vida, o Tribuna do Pampa conta a história de um pai candiotense e sua filha. Nossos personagens são Léo Nunes, 32 anos e kamily, 15.
COMO TUDO COMEÇOU
A história de Léo e Mily começou em 2009 quando aos 18 anos ele foi convidado para ser padrinho da bebê que iria nascer. Era sua primeira afilhada, que nasceu no Hospital da Colônia Nova, dia 26 de novembro, às 6h30, pesando 2,3 quilos, 39 centímetros, possuía pouquíssimo cabelo, veias aparentes e uma vontade enorme de viver. “Para pegá-la muitas vezes era somente deitadinha em um travesseiro. Era um dos bebês mais picorruchos da Santa Casa De Bagé onde cuidamos quando teve icterícia, o pular amarelão. Lembro que diziam que não se salvaria (ironia risos), mas minha mãe sempre dizia que esses são os bebês que mais se desenvolvem e ela tinha total razão. Ficamos no hospital até ela pegar peso e curar o amarelão e alguns dias depois retornamos para a casa nos fundos do nosso pátio onde alugávamos para a mãe dela”, lembrou Léo.
A chegada na família aconteceu de forma natural. “Meus pais pegaram um amor pela Mily, e por circunstâncias da vida acabamos criando vínculo, afeto e muito amor até que ela passou a ser da nossa família, ficando como minha afilhada-irmã. Mily sempre foi uma criança calma, não deu trabalho, mal resmungava. Quando pequena levávamos ela pra escola, sempre muito presentes na vida dela, nossa família sempre ignorou o termo ‘adotada’, para nós o que importa é o amor, o cuidado. Este instinto já vinha de nossa mãe que gostava muito da idéia de cuidar pra si”, contou Léo.
SE TORNAR PAI
Léo contou ao TP ter se sentido pai de verdade após a doença do próprio pai Quaraí, o qual Mily tinha um vínculo muito grande, e mais ainda em 2021, ao perder a mãe que não resistiu a uma cirurgia. “Mily tinha 11 anos, ela jamais imaginava que aquele seria o último abraço que daria em nossa mãe. Ali nos vimos sem chão, com nossa estrutura comprometida era só eu, ela e nosso pai. Isso mexeu muito conosco e com ela, acostumada com tudo o que nossa mãe oferecia sempre com seu modo próprio de demonstrar carinho e amor”. O sentimento de perda piorou após o falecimento de seu Quaraí, de forma súbita ao sofrer um AVC enquanto falava ao telefone e fazia brincadeiras.
PRIMEIRO “PAI”
Léo contou que ele e Mily uniram as forças que restavam para recomeçar. “Sem estrutura, sem vontade e com muita saudade decidimos nos mantermos juntos, um cuidando do outro e das nossas filhas de quatro patas, até que saiu o primeiro ‘pai’ e o primeiro ‘filha’. Ganhei uma filha, que já era minha afilhada e irmã. A vida é absurdamente cheia de detalhes”, expôs.
DIFICULDADES
Atualmente Léo Nunes reside em Curitiba a trabalho e mantém contato diário por telefone com a filha e divide a rotina mensal com viagens a Candiota para se fazer presente até que ela termine os estudos para morar com ele novamente. Ele diz que atualmente a situação é boa, mas não esquece dos momentos difíceis e das lutas para cuidar não somente de si, mas da filha que ganhou. “Não foi fácil, tive Covid-19 três vezes, emagreci 32kg. Tive que dividir a casa com medo que a Mily também contraísse o vírus, e graças a Deus ela se livrou. Me vi desempregado, em várias situações difíceis, recebendo ajuda dos amigos e vizinhos ao qual somos muito gratos. E ela sempre ali ajudando, incentivando, motivando. Ela foi e é a parte fundamental pra mim, foi o que me deu forças quando pensei em desistir. Fiz de tudo um pouco para não deixar faltar nada a ela, desdfe vender pastel na rua, café da manhã, almoço para empresa, me virava, sempre pensando nela, afinal eu virei a estrutura”.
UMA FILHA DE PRESENTE
Ao jornal Léo diz que tudo passou rápido e recorda do aniversário de 15 anos de Mily em 2024, quando ela completou 15 anos. “Imaginávamos como seria o aniversário de 15 anos, eu só sabia de uma coisa, eu iria conseguir realizar o sonho dela. Então no ano passado, com ajuda de muitas pessoas que se envolveram, conseguimos realizar o sonho da Mily. Sempre a imaginávamos entrando com nosso pai, nossa mãe alegre vendo a filha que ela tanto criou fazendo seus 15 anos. Não foi possível, mas ela fez uma homenagem com balões para eles, a festa foi linda, e as memórias serão eternas”, contou Léo que de forma alegre e emocionada afirma ter ganho uma filha. “Juntos criamos tantas memórias que escrevi um livro (não publicado) chamado “Nossa vida, recuperação a dois”, com 378 páginas. Nele eu conto um pouco mais da nossa história. Mas de tudo isso, a única certeza que tenho, é que ganhei uma filha, uma amiga que amo muito, humilde, que sabemos que podemos contar um com o outro, que passou por todas suas fases sem intervenção, que teve o privilégio de um convívio com amor, respeito e educação que ela com certeza irá passar aos seus filhos. E se Deus me permitir estarei ali acompanhando”, expôs.
Domingo é dia de homenagem a Léo pelo Dia dos Pais, mas ele deixa uma mensagem à filha. “Gratidão por me mostrar o quão fortes somos, que somos capazes, que temos nossos dias, mas que juntos superamos tudo, que o amor não precisa ter o mesmo DNA, que a vida é linda, que o pouco às vezes é muito, que tudo segue, que a vida tem inúmeras oportunidades. Pai te ama filha!”.
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