E nesses anos de andança… andar em dança, com todos os movimentos possíveis, ora pra frente, ora pra trás, mais rápido ou mais devagar, adaptando-se ao ritmo da música, ao olhar e acolhimento da platéia… Adaptando-se aos movimentos dos companheiros da dança, sabendo que às vezes pode ser o momento de parar… para depois seguir! Sabendo que às vezes não gostamos da música, ás vezes sequer conseguimos ouvi-la, ou ao menos acompanhá-la. Assim é a vida, uma inesgotável vertente de sons que se modificam conforme nosso ouvido e flexibilidade podem suportar ou se adaptar.
E as vezes também gostaríamos de mudar a música, mudar seu ritmo, colocar novos sons, de instrumentos indisponíveis ou inadequados ao espaço tempo…
Crianças somos nesse movimento de estrelas em volta de um sol central que brilha para quem tem olhos de ver. Por isso só um sentimento anima para a dança… e aqueles que estão cansados demais poderão percebê-lo a partir do coração. É o coração que nos iguala e seduz, pela simplicidade inata da compreensão do sentido de viver. Ás vezes esse sentimento pode estar embaçado pela cegueira a que nos destinaram para dormir… então a dor (que também é sabedoria) pesa e pesa, e fica difícil dançar.
As crianças em sua essência tem essa sabedoria de amar, se desentender, novamente acolher e amar… como se nada tivesse acontecido. Não guardam rancor, a má água que adoece, enfraquece, entristece, poluíndo o bom sentir. Ainda assim, são passíveis de receber e duplicar os erros, preconceitos e doenças de seus ancestrais. E tudo se repete nesse festival de cinema que é a vida de todos nós. Tão rico de acontecimentos esse roteiro não planejado de cada um, se conseguirmos nos concentrar, nos afastar um pouquinho pra ver… Só pensar, recordar, observar…
Sentir tristeza, raiva, ciúme, paixão, angústia, todas as dores físicas e emocionais, nos igualam nessa rica experiência cheia de aventura e riqueza, aprendendo a nos amar e a amar esse lindo planeta azul. Seja com a dor ou com a alegria, viver essa experiência tridimensional vai nos fazer crescer para o que virá pela frente, essa misteriosa viagem além da forma, além desse corpo, além do espaço e do tempo, nesse porvir, p o r v i r . . .