Comemorado em 24 de setembro, o dia do coração é voltado para a conscientização sobre a importância da prevenção de doenças cardiovasculares. Morando em Candiota atualmente, a reportagem do jornal conversou com a mãe de Itatiele Ferreira da Silva, 20 anos, a senhora Maria Sirleni Ferreira, que contou como foi o processo até a filha conseguir passar pelo transplante de coração.
Naturais do Estado de Rondônia, Sirleni, Itatiele e a irmã mais velha Itatiane, estão morando no Rio Grande do Sul há cerca de sete anos, pois vieram para o Estado gaúcho em busca do tratamento cardíaco de Itatiele. Segundo a mãe, ela sempre desconfiou que a filha tinha algum problema, mas que só depois de um tempo e com a ajuda de exames, o problema foi comprovado. “O diagnóstico só foi descoberto quando ela estava em um ônibus escolar e sofreu um acidente, ela ficou toda roxa e eu a levei no médico lá em Rondônia mesmo, quando me disseram que ela tinha três problemas no coração”, relembrou ela, contando que na época a pediatra informou que a jovem precisaria passar por uma pequena cirurgia.
Segundo ela, voltaram para a casa e ficaram aguardando os trâmites necessários e o agendamento que era em outro Estado. Quando finalmente chegou o dia, dona Sirleni recebeu a notícia de que a filha não precisava de uma pequena cirurgia, mas sim de um novo coração. “Ela ficou hospitalizada, não tinha mais condições de ficar em casa. Foi aí que trouxeram ela para Porto Alegre, isso em 2016, pois já estava bem ruinzinha”, disse, contando que veio em busca da vida da filha, pois não iria desistir.
Na Capital gaúcha elas ficaram em uma casa de apoio por algumas horas, mas Itatiele passou mal e precisou ser internada no Hospital de Clínicas, onde realizaram vários exames e mais uma vez afirmaram que ela realmente precisava de um transplante. “Como não é fácil conseguir, a minha filha ficou em tratamento por um bom tempo e depois foi liberada do hospital. Voltamos para casa e depois de um tempo retornamos pra ficar, pois a médica me falou pra pegar as minhas duas filhas, as melhores roupas e vir embora pro Rio Grande do Sul sem planos para voltar, porque lá eu iria perder a minha filha”, contou ela, dizendo que foi nesta época que se mudaram para Candiota, em razão da família do ex-marido morar no município e ser um suporte.
O TRANSPLANTE E A NOVA VIDA
O transplante de Itatiele, que foi diagnosticada com cardiomiopatia hipertrófica severa, aconteceu no dia 26 de janeiro de 2021, após alguns anos de espera. Atualmente ela tem uma vida normal, anda de bicicleta e realiza as atividades que deseja, mas claro, sempre seguindo os cuidados e realizando revisões em Porto Alegre. Segundo dona Sirleni, em março deste ano elas levaram um susto quando a jovem teve o começo de uma rejeição do órgão, mas que foi revertido com a ajuda de medicamentos.
Ao relembrar o dia em que recebeu a ligação sobre o possível doador, Sirleni disse que ficou muito nervosa e contente ao mesmo tempo. “A médica me ligou 00h35 e perguntou como a Itatiele estava, e eu respondi que estava tudo bem. Então ela me disse que havia um possível doador, e logo em seguida confirmou que realmente o coração era pra ela. Me deu uma alegria e ao mesmo tempo eu chorava muito, pensando na família que tinha perdido o seu ente querido, mas falaram esse sim para prolongar a vida da minha filha. Eu ajoelhei e agradeci muito”, afirmou ela, dizendo que até hoje guarda o vídeo do momento em que contou para a filha que ela teria um novo coração. “Eu lembro que já estávamos felizes há uns três dias, mas não sabíamos o motivo, mas era muita felicidade. Quando eu recebi aquela ligação, agradeci muito e comecei a arrumar as nossas coisas. Comuniquei a família e deu tudo certo”, relembrou, dizendo que a filha passou seis horas na cirurgia, mas que hoje pode ter uma vida normal.
MOMENTO MAIS DIFÍCIL
Ao ser questionada sobre o momento mais difícil que passaram, dona Sirleni disse que um dos mais dolorosos foi quando a filha pediu que ela desistisse de tentar, pois o pai já havia desistido dela e a médica informado que seria difícil sobreviver até encontrar um doador. “Ela pensou que não conseguiria esperar o transplante mesmo, pois teve um período em que ela não conseguia fazer nada sozinha, nem tomar banho, servir o prato, lavar o cabelo, tudo eu precisava fazer por ela”, relembrou, afirmando que este foi um momento difícil para elas.
“Recentemente também tivemos algo assim, quando começou a rejeição do coração. Ela chorou muito quando ela acordou na UTI, pois ela sabia que os médicos diziam que o coração dela ainda estava muito doente”, contou, afirmando que nunca desistiu da filha e que com a ajuda de Deus conseguiram vencer.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*