TRANSCAMPESINA

Após mais de 10 horas na estrada, grupo percorre possível trajeto de rodovia que irá interligar o Brasil ao Uruguai por asfalto

Autoridades percorreram estradas que podem integrar o percurso da rodovia Foto: Sabrina Monteiro TP

Na terça-feira (25), um grupo formado por lideranças regionais, estaduais, federais e internacionais, acompanhados pelos prefeitos e representantes dos municípios que fazem parte do Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico dos Municípios da Bacia do Rio Jaguarão (Cideja), percorreram mais de 160 quilômetros por estrada de chão pelo trajeto da tão sonhada Transcampesina, que irá ligar o Brasil ao Uruguai por asfalto, pelo interior. Já na quarta-feira (26), eles se reuniram em Hulha Negra para uma reunião técnica sobre o assunto.

Os encontros foram denominados “Missão Transcampesina”. No primeiro dia, o transporte começou o trajeto por Candiota quando ainda era noite, passando em Hulha Negra, Bagé e seguindo rumo a Aceguá, onde o grupo se reuniu para começar a realizar definitivamente o trecho da Transcampesina. Durante o caminho que teve pausa para o almoço em Candiota, já foi possível notar a importância da rota para a saúde, educação e produção que abastece os municípios envolvidos. Algumas paradas foram feitas ao longo do caminho, para que os engenheiros e técnicos pudessem fazer uma avaliação mais detalhada sobre o trabalho que será feito.

 

DURANTE O TRAJETO

O chefe da Divisão de Projetos de Integração Regional, Bruno Cassiano, que representou a ministra do Planejamento Simone Tebet, falou que a primeira visita foi uma oportunidade para todos conhecerem efetivamente a região, afirmando que o projeto está sendo priorizado pela ministra. “Nós trouxemos aqui o Fonplata, que é o Banco de Desenvolvimento que vai apoiar na preparação desse projeto, porque é importante que isso deixe realmente um legado para a comunidade”, comentou ele, dizendo que não adianta fazer uma estrada que daqui dois ou três anos não esteja em boas condições. “O fato de eu estar aqui representa um pouco desse compromisso da ministra com o projeto, e a nossa preocupação é que seja executado da melhor forma possível e que gere o máximo de benefício para a população aqui da região, e que se possível, a gente consiga até conectar com o Uruguai”, reforçou.

Representando o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o engenheiro Vladimir Casa, falou, de uma forma técnica, sobre o que conseguiu avaliar do trajeto. “Uma rodovia de chão bem típica da região de Campanha, exige alguns cuidados principalmente de drenagem, que envolve água, rios e córregos, essas coisas do gênero. Alguns trechos vão precisar de um pouquinho de terraplanagem, porque tem rampas meio acentuadas, mas pela proposta que a gente sabe é um tipo de rodovia que não pode custar muito caro, então ela não vai”, avaliou, afirmando que pode e deve ser melhorada.

O diretor de Projetos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), Sivori Sart da Silva, mencionou que conseguiram identificar que o relevo pouco se altera ao longo do caminho. “Temos que pensar bem com inteligência para poder otimizar e utilizar os recursos da melhor forma possível”.

Representando a Bancada Gaúcha, o deputado Dionilso Marcon (PT), reforçou que o Cideja está fazendo o seu papel que é muito importante para a mobilização, e que após o assunto ficar adormecido durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a pauta renasceu. “Nós queremos acompanhar até o fim esse projeto. Tem uma importância muito grande para o desenvolvimento, para a questão da educação, para a saúde, para a integração, inclusive dos cinco municípios que envolvem aqui a Transcampesina”, pontuou.

A coordenadora regional do Fonplata, Carolina Vera, também acompanhou o grupo durante o trajeto, explicando que a participação do Fonplata é garantir qualidade, apoiar na elaboração dos estudos e que uma equipe de trabalho irá acompanhar todo o processo de estruturação, apresentação e avaliação dos estudos de engenharia do projeto apresentado ao Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). “O trajeto que até agora percorremos é muito necessário para o desenvolvimento da região. Precisamos fazer os estudos de engenharia e avaliação técnica que fazem parte da estruturação do projeto e que sem dúvida ele vai nos dar a dimensão dos investimentos que são requeridos pra fazer o projeto”, destacou.

 

PARA OS MUNICÍPIOS

 

O prefeito de Pedras Altas e presidente do Cideja, Volnei Oliveira, destacou a importância do trajeto não só para a Cidade do Castelo, mas também para os demais municípios envolvidos. “É uma demanda antiga, e esse encontro é um passo importante que estamos dando. Estamos com bastante esperança, e vai ser um grande ganho para a nossa comunidade”.

Já o prefeito de Aceguá, Marcos Aguiar, o Petti, disse que o município está sonhando com a Transcampesina, que tem muita relevância para o desenvolvimento regional. “O asfalto, o desenvolvimento da região é muito importante para todos”.

Para o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, a Transcampesina é a realização de um sonho que está sendo batalhado há mais de 12 anos. Ele lembrou do trabalho enquanto presidente do Cideja. “É um sonho muito antigo e são muitas pessoas envolvidas para que tudo dê certo. Realizamos diversas reuniões com a bancada gaúcha, em Brasília, Montevidéu, na sede do Focem, apresentamos o projeto, um vídeo, um livro e uma revista a ministra Simone falando da importância dessa via pavimentada. Também, junto ao governo do Estado, fizemos articulações de apoio e já com o presidente do Cideja Volnei, passamos a contar com o apoio do senador uruguaio Botana, essencial para aprovação do Focem. Agora contamos com o deputado Marcon, outros dez deputados federais, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, o presidente do Fórum das Águas, Guilherme Barão. Estamos propondo que a obra seja incluída no Plano de Aceleramento do Crescimento (PAC), o que me da a certeza de que ela vai iniciar e ser concluída, pois agora tem a segurança e garantia da execução”.

O vice-prefeito da cidade de Herval, Celso Silveira, explicou que a cidade de Herval não tem passada para outras cidades, e que isso dificulta para o comércio e também para o turismo. “E com a Transcampesina vamos trazer essa interligação. Isso não é uma vontade, é uma necessidade que a nossa região precisa. Eu fico muito grato por estar aqui hoje, e dizer que nós vamos lutar e vamos conseguir, porque querer é poder”, finalizou.

 

REUNIÃO TÉCNICA

Reunião técnica foi realizada em Hulha Negra para tratar sobre o tema Foto: Divulgação TP

Na reunião realizada em Hulha Negra na quarta-feira (26), ficou decidido que os Termos de Referência serão realizados com todo o traçado, que poderá chegar a pouco mais de 200 quilômetros. De acordo com o presidente do Cideja, o Fonplata deve encaminhar um documento para o Consórcio solicitando a formação de uma equipe composta por engenheiros dos municípios envolvidos, para que juntos com o DAER possam realizar a elaboração do traçado. “Depois dos termos estarem prontos, os documentos serão encaminhados para o Fonplata para que a empresa possa ser contratada para realizar a elaboração do projeto técnico definitivo da Transcampesina”, informou Volnei.

Em nota, o deputado Marcon informou que o objetivo é criar rotas de integração sul-americanas. “Este esforço é resultado de uma colaboração intensa entre a Bancada Gaúcha, Cideja, governo Lula, prefeitos das cidades envolvidas na Rodovia, governo Uruguaio, com apoio técnico do Fonplata”, escreveu.

Ainda não há definição oficial do traçado, mas é possível que aumente em razão de Hulha Negra e Candiota.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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