MOBILIZAÇÃO

Após o retorno da Escola Seival comunidade luta pelo ensino de qualidade em Candiota

Em reunião realizada no último dia 7, o retorno das aulas foi acertado com os pais

Além dos pais, Associação, alunos e ex-professores, comunidade seivalense também se fez presente na reunião Foto: Sabrina Monteiro TP

A noite da segunda-feira (7), foi de debates e esclarecimentos a respeito da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Seival, no município de Candiota, localizada na comunidade de mesmo nome. A reunião aconteceu no PTG Combate do Seival e contou com a presença da 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Secretaria Municipal de Educação (Smed), Associação dos Moradores de Seival (Amors), comunidade, pais, ex-professores e alunos.
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE 
Além da busca incessante para o não fechamento da escola, um assunto que foi bastante cobrado entre os presentes foi em relação ao ensino de qualidade para as crianças. Durante a conversa, algumas pessoas relataram que pais e alunos ficaram encantados com a estrutura educacional da Escola Municipal Santa Izabel, onde os alunos foram levados após o incidente na merenda há mais de 60 dias e que gerou a interrupção nas atividades do educandário.
Na oportunidade, o presidente da Amors, Moisés Rodrigues, questionou se o município teria mais verbas do que a rede estadual. “Uma coisa é ter dinheiro em caixa e outra coisa é fazer o trabalho bem feito”, pontuou, reforçando que a comunidade sempre pediu educação de qualidade para seus alunos e elogiou o secretário Michel Feijó, pelo trabalho desenvolvido. “Tem que reabrir a escola, mas com qualidade. E os pais também precisam colaborar com isso”.
ESCOLA ADOECIDA
Sobre o assunto, a coordenadora da 13ª CRE, Miriele Rodrigues, disse que a escola está ‘adoecida’ e que vai precisar de vários ‘medicamentos’ para a melhora. “Ela está doente pedagogicamente, que é a aprendizagem e ela foi adoecida por muito tempo. Já estamos pensando em professor, pois não é qualquer professor que dá aula no campo e isso tem que ser pensado”, explicou, afirmando que o Recursos Humanos (RH) da Coordenadoria já está pensando nos profissionais que irão conseguir dar conta da defasagem do ensino. “Estamos tendo todo o cuidado de ver quem são essas pessoas, de não só chamar as pessoas pra cá, mas ver quem vamos colocar aqui para que elas sejam ótimas professoras”, garantiu a coordenadora, dizendo que a primeira parte é colocar pessoas competentes.
Já o vice-presidente da Amors, Denilson Aquere, o Dé, disse que a comunidade não quer a escola com enturmação. “A escola decaiu depois que isso aconteceu, ela nunca esteve tão sucateada como está agora. Queremos a escola aberta, mas que tenha qualidade”, reforçou.
Ao responder a respeito, Miriele explicou que, para que não haja enturmação, é preciso ter entre 10 e 12 alunos em cada turma. Além disso, a coordenadora afirmou que não tem o poder para realizar a desenturmação, e que esta situação é tratada com uma esfera maior e só o aumento do número de alunos será capaz de realizar a separação de turmas.
Uma das mães presentes disse que sua filha não vai retornar para a Escola Seival, e se a qualidade do ensino é no município ela vai permanecer no município. “Não vou deixar a minha filha regredir, vou procurar o melhor pra ela”.
Escola deve retornar ainda neste mês de agosto

Aulas retornam em 21 de agosto, afirmou a coordenadora Foto: Sabrina Monteiro TP

Após a mobilização e questionamentos a respeito do retorno da escola, ficou esclarecido durante a conversa de que as aulas serão retomadas no próximo dia 21 de agosto. Na oportunidade, a coordenadora aproveitou para esclarecer que a escola tem aproximadamente R$ 30 mil em sua conta bancária, pois está recebendo verba mensalmente e sem atrasos e ressaltou que há recursos para fazer, melhorar e também para comprar a alimentação escolar.
A coordenadora Miriele também se desculpou com a comunidade pela demora na realização do encontro. Além disso, ela reafirmou que o governo do Estado não tem intenção alguma em fechar a escola e destacou que só estava atendendo ao pedido de algumas mães em relação à municipalização do educandário, e por isso estava em tratativas com o Executivo candiotense. “Aqui eu devo desculpas a vocês, pois nós iniciamos uma conversa para depois trazer as propostas”.
Além disso, a coordenadora disse que se o município não tem a intenção de municipalizar o ensino, o Estado irá manter a Escola Seival aberta. “Um dos processos já foi finalizado, então nós já temos possibilidade de reabrir a escola. Simples assim”, informou, combinando com os pais um retorno dos alunos que irão permanecer estudando na comunidade.
Partindo para o posicionamento do Poder Executivo, o secretário de Educação do município, Michel Feijó, disse que já havia tratado com a comunidade sobre dois momentos que seriam vivenciados, sendo o primeiro de cuidar dos alunos e o segundo para decidir o futuro da escola. “No primeiro momento, nós levamos os alunos para a Escola Santa Izabel, com a aprovação de todos vocês. E neste momento nós estamos aqui para tratar do futuro da escola, e o olho no olho é a melhor saída”, esclareceu, afirmando que foi procurado por diversos pais que pediram para que o transporte continuasse levando alguns alunos para a Santa Izabel, afirmando que isso seria possível. Contudo, no dia seguinte a reunião, o Tribuna do Pampa recebeu um comunicado da Smed, de que a partir da reabertura da Escola Seival o transporte para a Santa Izabel será interrompido.
Ao final do encontro, o combinado foi que os pais que irão permanecer com seus filhos na Escola Seival, devem encontrar a equipe da CRE juntamente com o presidente da Amors, que irá representando a comunidade, para os acertos finais e uma reconstrução no educandário. Ademais, a coordenadora se comprometeu em ficar mais próxima e realizar em conjunto a reconstrução do ensino, com profissionais comprometidos.

Escola está fechada desde o dia 2 de junho, quando ocorreu o incidente com a merenda Foto: Sabrina Monteiro TP

IMPASSE NO TRANSPORTE
Mesmo com o anúncio por parte da CRE de retorno da Escola Seival neste mês,  a questão, segundo apurado pelo TP, ainda não está resolvida. Isso porque uma parcela de pais diz querer que os filhos continuem na escola Santa Izabel em virtude da qualidade do ensino, enquanto outra diz preferir o retorno dos filhos para a Escola Seival, próxima de casa.
Conforme apurado, para alunos que desejam continuar na escola Santa Izabel foi solicitado o transporte escolar, porém, em comunicado ao jornal, como já referido, a Secretaria de Educação informou que a partr da reabertura da Escola Seival, o fornecimento de transporte para outras escolas será interrompido.
DIREÇÃO
Outro dúvida é a questão da direção da escola, pois a atual diretora, Marilu Kercher – que não participou da reunião da última segunda, está em processo de aposentadoria.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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