MEIO AMBIENTE

Associação de Pinheiro Machado vê na reciclagem uma fonte de renda e a diminuição de problemas ambientais

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Apesar de não contar com a coleta seletiva no município, o grupo formado por 10 pinheirenses tem como fonte de renda a reciclagem Foto: Arquivo TP

“É bom a gente passar o que passa para valorizar o dia de amanhã”. Essa foi uma das frases que Maria de Fátima Fernandes Madruga, de 34 anos, disse em conversa com a reportagem do Tribuna do Pampa quando contou sobre o dia a dia da Associação Pinheirense de Trabalhadores com Recicláveis – Reciclando para Viver. Nena, como é conhecida, é presidente da entidade há seis anos e só consegue planejar com otimismo o futuro dela e dos colegas catadores.

Apesar de não contar com coleta seletiva, um grupo de 10 pessoas vem atuando desde 2017 em nome de duas causas muito importantes: ser esta uma fonte de renda para as famílias e um método eficiente de contribuir com a preservação do meio ambiente. Apesar de precisar muito desse dinheiro por não contarem com emprego fixo, durante o bate-papo na sede na associação, a questão da educação ambiental nunca foi colocada em segundo plano. “Nosso principal desafio é o de conscientizar as pessoas o quanto é importante separar o material, porque não tem necessidade de tudo ir lá para o aterro sanitário. Tudo isso que a gente recolhe aqui no galpão para ser vendido vira outras coisas, com outras utilidades e serve para outras pessoas”, lembrou Nena.

Conforme contou, a associação funciona como se fosse uma empresa – eles assinam folha ponto, precisam apresentar atestado quando faltam por motivo de doença e toda a renda é dividida entre o grupo de acordo com os dias trabalhados. “Desde que colocamos na cabeça que ser catador ia dar resultado, cortamos muita grama e limpamos muitas casas para conseguir regularizar a associação, lançar uma ata e também poder fazer tudo certinho com advogado e contador. Toda essa parte financeira é um escritório de contabilidade que cuida, eles fazem os pagamentos e tudo mais”, disse.

Os materiais são recolhidos, devidamente separados e depois vendidos

REDE RECICLAR – Durante a conversa, Nena disse que parte importante de todo o caminho percorrido é a Rede Reciclar, que também presta assessoria para os municípios de Turuçu e São José do Norte. “Foram eles que fizeram as coisas acontecerem aqui também. Apesar da gente acreditar que ia dar certo, estávamos acuados em um cantinho sem saber muito o que fazer e aí chegou a Rede Reciclar com a assessoria, buscando nos qualificar e nos atualizar sempre do que é o nosso trabalho e como fazer para melhorar”, contou com satisfação e gratidão em poder contar com esse apoio.

MUNICÍPIO – Da Prefeitura, além do galpão cedido logo no início do governo Zé Antônio, o grupo conta com um veículo e combustível para realizar as coletas – que acontecem principalmente junto aos estabelecimentos comerciais do município. Para o início do próximo ano, a expectativa é a chegada de um caminhão destinado exclusivamente para a associação através de emenda parlamentar do deputado federal Dionilso Marcon (PT). Sobre a renda, Nena contou que o primeiro mês de venda dos recicláveis gerou R$ 68 (agosto de 2017) e neste último alcançaram o montante de R$ 285 – valor dividido entre todos os trabalhadores e também utilizado para os gastos de água e luz da sede para armazenagem.

DESAFIOS – Sobre os desafios, Nena expôs que ainda é preciso percorrer um longo caminho em busca das pessoas evoluírem em relação ao meio ambiente. “Nossa expectativa é compactar mais e mais, até que não fique um papelzinho de bala perdido no chão. Enquanto isso, precisamos muito que as pessoas entendam que o nosso trabalho é importante e colaborem. Separem o que é reciclável e tragam para nós, porque muito mais que renda para as nossas famílias, estamos retirando do meio ambiente o que prejudica ele”, explicou.

Nena, presidente da associação, recebeu a reportagem do TP e contou sobre o trabalho

Questionada sobre como vê o trabalho de catador atualmente, sendo eles os pioneiros e regularizados no município, ela disse que a expectativa é em breve ter o reconhecimento da população e dos demais segmentos da comunidade. “A reciclagem e o trabalho do catador não é só isso que as pessoas pensam. Também trabalhamos para mudar o jeito como as pessoas veem as coisas, seja através de um sorriso, um bom dia e nessa nossa luta pelo meio ambiente. Reciclando para viver diz muito sobre o nosso trabalho, mas ainda reciclamos sorrisos, alegrias e procuramos multiplicar as coisas boas. Tenho muito orgulho do que eu e meus colegas fizemos aqui e nosso desafio todos os dias é sermos reconhecidos como trabalhadores iguais”, finalizou.

PARCERIA – Atenta à importância da causa, a Lusivas Moda Feminina, através de uma parceria com a UP Grade Desenvolvimento Sustentável e a Associação Pinheirense de Trabalhadores com Recicláveis, recentemente firmou um termo de doação contínua desses materiais reaproveitáveis. De uma a duas vezes por semana, o grupo passa no estabelecimento para realizar a coleta.

Animada com o fato da ação contribuir para o desenvolvimento socioambiental do município, Ana Vasconcelos, proprietária da loja, comentou sobre a importância da população tomar consciência do quanto isso pode contribuir para um futuro melhor – tanto do ponto de vista ambiental, quanto social. “Precisamos fazer o máximo possível para deixarmos para as próximas gerações um legado sólido de compromisso com as causas sociais e com a preservação dos recursos naturais”, destacou a empreendedora.

COLABORE – A associação, localizada na rua 24 de Fevereiro, nº 118 A, atrás da Rodoviária, recebe latinhas de cerveja e refrigerante, de café, de milho, de ervilha, de achocolatado, etc; garrafas pet e de óleo; potes de fermento, de café, de materiais de limpeza; frascos de detergente, de desinfetante, de clorofina; sacolinhas, sacola de sabão em pó, de arroz, de açúcar, de sal; baldes e bacias quebrados e forro de PVC; caixas de sapato e de eletroeletrônicos, de leite, de creme de leite, de leite condensado, de suco, de sabão em pó; papelão, jornais, revistas, encartes, panfletos e propagandas, livros, cadernos, cartilhas, sacos de cimento, etc.

O grupo garante renda e contribui para a preservação do meio ambiente

Em dezembro, os catadores já alcançaram a marca de 5 toneladas de materiais

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