Fernanda Sotilli é enfermeira plantonista no Pronto Atendimento de Candiota Foto: Divulgação TP
Um Natal em regime de plantão. Assim vai ser a virada do dia 24 para o dia 25 de dezembro para a enfermeira do Pronto Atendimento 24h de Candiota, Fernanda Sotilli. O jornal contatou a profissional para saber como será o turno nesse conturbado ano de 2020, diante da pandemia do novo coronavírus.
Se para a maioria das famílias a celebração precisará ser adaptada devido à necessidade de manter os protocolos sanitários com o intuito de evitar contaminação pela Covid-19, para ela e os colegas Sabrina Caldas e Marcelo Rangel, o período será de alerta e cumprimento dos deveres que a profissão exige por mais um turno. “Esse será o terceiro Natal que vou estar trabalhando e não ficarei na ceia com a minha família. Penso que trabalhar em uma área importante e necessária como a da enfermagem me deixa tão grata e feliz que não sobra espaço para ficar triste em estar longe por algumas horinhas da minha família. Eu e meus colegas de plantão já improvisamos uma mini ceia e assim que for possível vamos nos reunir. Às vezes só é possível quando já está quase amanhecendo, mas o importante é que vou estar junto com eles – colegas/amigos que estimo muito”, disse Fernanda, formada desde 2015 pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp).
NA LINHA DE FRENTE – Conforme contou, a faculdade prepara os profissionais na teoria para encarar uma pandemia, mas a realidade é algo bastante impactante para quem está nessa linha de frente. “Nunca, nem nos meus piores pesadelos, imaginei passar por algo tão devastador quanto isso que estamos vivenciando. Pessoas saudáveis morrendo em questão de dias, não haver um tratamento eficaz que combata o coronavírus e a incerteza da vacina é o que mais me deixa angustiada”, confessou a plantonista noturna da entidade candiotense.
Conforme lembrou, a realidade em Candiota é um pouco diferente dos grandes centros, mas nem por isso menos preocupante. “Temos um fluxo menor de suspeitos e positivados, também desde o início da pandemia temos recebido todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a junção desses dois fatores nos faz trabalhar de certa forma mais seguros, mas o medo é constante. Podemos não deixar isso afetar o nosso trabalho, mas não somos super heróis ou anjos, como alguns pacientes nos chamam, temos nossas fraquezas. A minha, por exemplo, é o receio em contaminar alguém da minha família ou qualquer outra pessoa que possa ficar em estado grave”, disse Fernanda.
POPULAÇÃO JOVEM – Solicitada a fazer uma avaliação diante do comportamento da população local durante uma das maiores crises sanitárias que já se teve notícias, a enfermeira disse estar bastante preocupada com a juventude que parece ignorar as consequências da Covid-19. “No início da pandemia as pessoas seguiram mais as orientações, mas de uns dois meses para cá percebo claramente aqui e conversando com outros colegas de outras cidades que as pessoas estão voltando a viver de forma normal, como se não tivéssemos um vírus altamente contagioso se propagando de forma fácil. A grande maioria são jovens que sequer usam máscara, estão nos bares, nas praças, em grupos com várias pessoas, podendo estar se contaminando com um chimarrão ou com um copo de cerveja que dividem. Entendo que todos querem se divertir, mas o que não entendo é essa falta de preocupação com o seu familiar que está em casa, que muitas vezes são idosos ou do grupo de risco e acabam sendo atingidos de forma mais grave pela Covid-19”, lamentou.
PEDIDO DE NATAL – Na oportunidade, através do jornal, Fernanda fez seu sincero pedido ao “Papai Noel”. “Meu primeiro pedido é que todos se cuidem, protejam o próximo, aguentem mais um pouco. Sei que a vontade de se reunir é grande, mas ainda não dá, a pandemia segue matando muita gente. Meu segundo pedido é que acreditem na ciência: a vacina é segura. Assim que estiver disponível devemos todos nos vacinar para que no Natal de 2021 possamos todos estar reunidos com os que amamos”.
