EDUCAÇÃO

Candiotense Santa Izabel garante segundo lugar do Estado no Prêmio Gestão Escolar

Durante a pandemia, os alunos plantaram alimentos saudáveis nos seus lotes Foto: Divulgação TP

Uma iniciativa realizada desde 1998 pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e que estimula a melhoria da gestão das escolas públicas. Esse é o Prêmio Gestão Escolar, que em 2020 contou com uma edição especial e trouxe o tema “Como as escolas estão enfrentando o desafio do afastamento social para manter o vínculo entre os atores escolares?”. Em todo o Brasil, aproximadamente oito mil experiências estavam inscritas; no Rio Grande do Sul, dos 132 educandários participantes, um destaque especial para a candiotense Santa Izabel, que no final dessa saudável competição garantiu o segundo lugar entre as escolas gaúchas.

PARTICIPAÇÃO – Nesta semana, após a divulgação do resultado, o jornal conversou com o diretor Alex Perleberg sobre a experiência. Segundo ele, pela primeira vez foi possível colocar em prática, junto com um grupo de educadores que compõem o quadro da escola rural do município de Candiota, um projeto que discutisse a educação de uma maneira mais horizontal, voltada para a produção agroecológica e que respeitasse o meio onde a escola está inserida.

Além de um projeto voltado ao tema proposto pela iniciativa, a escola precisou apresentar um portfólio provando a viabilidade e primeiros resultados alcançados com o trabalho que estava sendo colocado em prática pelos alunos. Uma banca ainda avaliou os dados cadastrais do educandário, com a necessidade de comprovar prestação de contas aprovada, taxa de reprovação, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) etc.

DINÂMICA – Foram 30 atividades enviadas aos alunos de forma semanal e que totalizaram 843 horas de material inédito, produzido pelos educadores, com base em temas da Educação do Campo. “Produzimos alimentos saudáveis nos lotes dos educandos em mais de 500 metros quadrados. Nunca duvidei do potencial do projeto e no seu impacto positivo, mas queria uma avaliação externa através de uma banca com representantes de várias entidades educacionais, queria que alguém de fora fizesse essa avaliação. Porque nós, educadores do campo, temos que lutar diariamente para que sejamos reconhecidos como uma escola diferente das demais, que tem uma outra abordagem, outro currículo, outro calendário”, disse.

De acordo com Perleberg, com o projeto desenvolvido foi possível provar que o período que o educando está na sua casa também é tempo de aprendizagem e conhecimento, e que a soma dos conhecimentos escola-família permite que o educando tenha um projeto de vida e não simplesmente escolarização. “Algumas coisas adaptamos, como por exemplo o trabalho com hortas, porque a escola sempre teve horta e esse ano levamos a proposta para a casa dos educandos. Funcionou super bem e devemos manter essa proposta para os próximos anos. A grande lição foi a resiliência que todos tivemos que ter. Tivemos que ser muito fortes para superar a distância, de não estar diariamente na escola, mas por outro lado a relação família-escola melhorou muito. Ficamos mais próximos, chegamos até os lares dos educandos e mantivemos os vínculos afetivos”.

RESULTADO – Avançava para a etapa final do Prêmio Gestão Escolar o primeiro colocado de cada Estado, mas nem isso fez com que o diretor desanimasse – muito pelo contrário. Para o jornal, Perleberg ressaltou a importância de contar com uma equipe capacitada e com muita sintonia, fazendo com que fosse possível a escola Santa Izabel apresentar um projeto que se destacasse entre tantos outros. “Nosso maior prêmio foi mostrar que é possível se fazer educação de qualidade através de propostas inovadoras. Precisamos repensar a escola e seu papel na sociedade e a pandemia nos deu essa chance. Acho que o motivo da seleção se dá pela concepção e organização do projeto, sua metodologia, os temas que envolveram uso sustentável da terra e da água, soberania alimentar, agricultura familiar, ecossistemas, enfim, todos temas de relevância na atualidade. Além das questões de estreitamento nas relações familiares, participação dos pais, a autonomia do aluno. Acho que tudo isso contribuiu para nossa colocação”, avaliou o diretor.

Entre as principais dificuldades, ele citou as concepções curriculares e dos tempos de aprendizagem, da defesa de um currículo diferenciado das demais escolas. “Acredito que estamos no caminho, tudo é caminho. Ninguém inventou a roda, tudo faz parte de um processo. O prêmio veio para reforçar esse debate, temos uma escola muito bem estruturada, espaço físico amplo, com projetos diversificados de contra turno para anos iniciais e finais, aulas de reforço escolar, professores comprometidos, funcionários participativos, uma comunidade que abraça as propostas da escola. Falando assim parece fácil, mas é preciso muito trabalho para isso tudo funcionar e esse é nosso maior desafio, manter tudo isso com a diminuição de recursos federais e com leis municipais de repasse de recursos insuficientes. Então temos que nos reinventar e buscar parceiros e empresas que apoiem o desenvolvimento das atividades extra- curriculares”, externou. Ainda segundo o diretor, mesmo diante de todas as dificuldades a escola permanece há 59 anos promovendo educação de qualidade no interior de Candiota.

Comentários do Facebook