
O comportamento suicida frequentemente está associado à depressão, que possui tratamento Foto: Divulgação TP
Um fato ocorrido na manhã da terça-feira (4) comoveu a população de Pinheiro Machado. Por volta das 10h30, o vigilante de uma agência bancária localizada no centro da cidade tirou a própria vida enquanto trabalhava. O jovem tinha apenas 21 anos e, segundo familiares e amigos, sofria de depressão.
Diante desses casos, até o próprio jornalismo vive um dilema e constantemente debate sobre o método de divulgação. O Tribuna do Pampa, por exemplo, não noticiou o caso de forma instantânea por precaução. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maneira como os meios de comunicação tratam casos de suicídio pode influenciar outras pessoas a fazer o mesmo.
Neste sentido, o órgão de saúde conta com um manual especialmente criado para a mídia não fazer da exposição desses fatos um gatilho. “A disseminação apropriada da informação e o aumento da conscientização são elementos essenciais para o sucesso de programas de prevenção do suicídio”, diz no documento.
Por isso, tratamos de entrar em contato com os municípios da região para que o acesso a este tipo de atendimento seja amplamente divulgado e para que as equipes repassem os procedimentos necessários para as comunidades receberem atendimento.
PINHEIRO MACHADO – Conforme apurado pelo TP, a Secretaria de Saúde e Ação Social conta com profissionais especializados em cuidar dos transtornos psicológicos dos mais diversos públicos. O serviço é disponibilizado de forma totalmente gratuita. Segundo o secretário da pasta, a demanda é realmente grande e existe uma logística para que a população possa ser atendida o mais rápido possível. “Contamos com uma equipe multiprofissional de psiquiatra, psicóloga, assistente social, enfermeira e oficineiros atendendo exclusivamente pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) – de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h sem fechar ao meio dia; uma profissional para o público escolar e casos específicos no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) – de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h e um para acesso livre que atende em caráter itinerante em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município”, registrou Éliton Rodrigues.
CANDIOTA – No município vizinho, de acordo com a equipe da Secretaria de Saúde, a comunidade conta com o programa Reabilita Corpo e Mente onde, além de fisioterapia, há mais de 150 sessões de psicologia disponíveis por mês. A regulação para posterior encaminhamento aos demais profissionais da equipe, sob coordenação da psicóloga Carla Aguzzi, está ocorrendo no prédio do Cras, na sede do município, às quartas-feiras, durante todo o dia.
No mesmo local, são disponibilizados grupos terapêuticos para quem participa do programa Saúde da Mulher – todas as quintas-feiras, das 17h às 20h. Além desses, a equipe do Núcleo de Apoio à Atenção Básica (NAAB) atende às segundas-feiras na sede, às terças no bairro João Emílio, às quartas na Vila Operária e às sextas na Vila Residencial. Na zona rural, os atendimentos psicológicos acontecem quinzenalmente. Conforme a necessidade, também há disponibilidade de atendimentos domiciliares.
Além disso, diversas ações de prevenção são desenvolvidas ao longo do ano. “São realizadas palestras nas escolas no decorrer do ano e no Setembro Amarelo temos ações mais focadas para a saúde mental. No ano passado as atividades foram voltadas ao funcionalismo, mas geralmente são para a comunidade”, disseram.
HULHA NEGRA – De acordo com Caroline Porto, psicóloga da Prefeitura, o município de Hulha Negra também atua de forma efetiva para prestar apoio à comunidade local. Das terças às sextas-feiras, a equipe está no Centro de Atendimento Integrado de Saúde (Cais) para receber pacientes encaminhados pelas escolas e médicos. “Existe uma fila de espera e conforme os pacientes vão dando alta eu vou chamando os próximos”, esclareceu.
Já no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), os atendimentos psicológicos são realizados em grupos e também atuam nessa ordem preventiva. “Quando têm as campanhas, uma psicóloga da nossa equipe vai até os assentamentos e demais comunidades para apresentar palestras temáticas. Muitas vezes é aí que as pessoas se dão conta que precisam de ajuda e chamam os profissionais para conversar separado. Outro caso comum de acontecer é quando elas vêm fazer o curso de artesanato e durante as rodas de conversa a própria oficineira se dá conta de quem está depressiva ou precisando de apoio. Ficamos todos atentos aos sinais e trabalhamos em uma verdadeira rede aqui”, disse a psicóloga.
PEDRAS ALTAS – Na Cidade do Castelo, de acordo com o secretário de Saúde, Celso Caetano, a equipe do programa Estratégia de Saúde da Família (ESF) realiza o suporte assim que identifica pacientes com problemas psiquiátricos. Logo em seguida, ocorre a transferência do atendimento para a referência – o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Pinheiro Machado.
Segundo o titular da pasta, há expectativa de melhorias nesse sentido em breve. “Através do concurso público realizado no ano passado, estaremos chamando um psicólogo que dará o primeiro suporte aqui mesmo após a equipe de ESF detectar a necessidade”, afirma Celso.
COMO VAI VOCÊ? – O Centro de Valorização da Vida (CVV), fundado em São Paulo em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar – sob total sigilo e anonimato.
Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24h e sem custo de ligação) ou pelo site www.cvv.org.br, por chat e e-mail. Nestes canais, são realizados mais de dois milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 3.400 voluntários, localizados em 24 estados mais o Distrito Federal.
Além dos atendimentos, o CVV desenvolve, em todo o país, outras atividades relacionadas a apoio emocional, com ações abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e melhor convivência em grupo e consigo mesmo.