ACIDENTE

Desaparecimento de Ailton Müller no arroio Candiota completou um mês

Uma nova busca ocorreu nesta última semana Foto: Defesa Civil/Especial TP

Nesta sexta-feira (29), completou um mês do desaparecimento de Ailton José Müller, 30 anos, na madrugada do dia 29 de junho, após o veículo Celta branco em que estava junto a um passageiro, cair no arroio Candiota, no local conhecido como Ponte da Coreia no início da madrugada.

Intensas buscas foram realizadas desde o acidente, após ação inicial da Defesa Civil de Candiota, que tem a frente Flávio Sanches e convocação dos bombeiros de Bagé, responsáveis pela área. Diversos dias de buscas por terra no meio da mata devido a forte correnteza do arroio que possui há cerca de 7km acima do local do acidente, as comportas da barragem da Usina de Candiota, e por água foram realizadas diariamente. Drone e embarcação, bem como mergulhadores integraram as ações.

Sem nenhum resultado e já passados cerca de 10 dias do acidente, o 10º Batalhão de Bombeiro Militar, por meio do sub-comandante major Daniel Borges Moreno, sediado em Santana do Livramento, anunciou a utilização de uma nova estratégia por parte dos bombeiros. Conforme major Moreno explicou na época, que a passagem dos dias e as dificuldades apresentadas pelas condições do local, modificaram as buscas, que deixaram de ser diárias, para pontuais, conforme o surgimento de novas informações sobre o caso. “Onde houve o acidente, tanto com o registro de bastante chuva ou com a abertura das comportas da barragem da usina, localizada acima, há aumento da vazão e força da água do arroio. Ativamos uma equipe de mergulhadores, mas a água turva e a presença de células subterrâneas com capacidade de ‘puxar’ uma pessoa, nos levou a tomar a decisão de não utilizar a equipe, primando pela segurança dos profissionais”, explicou o major na ocasião.

Ailton Müller desapareceu no dia 29 de junho Foto: Arquivo Familiar/Especial TP

FAMÍLIA – A família de Ailton Müller, que reside no interior de Pinheiro Machado, tem acompanhado as buscas desde o início junto as autoridades. A falta de notícias, mudança de buscas e o passar dos dias sem encontrar o filho está sendo um verdadeiro drama para a família. O TP conversou com a mãe da vítima, Juvita Müller, que disse estar vivendo um momento de desespero. “O que uma mãe espera é que o filho esteja bem. Minha esperança é que encontrem ele o mais rápido possível, com vida. Ele era tranquilo como filho, respeitador e não saia sem me falar o lugar que iria ir. Sempre me perguntava se eu não queria ir junto, era um rapaz muito trabalhador. Na noite do acidente eu me pergunto por que ele não me avisou que trabalharia como motorista de aplicativo – serviço que ele prestava para quem não tinha habilitação. Ele morava perto e quase todos os dias vinha aqui em casa”, expôs Jovita.

POLÍCIA – O TP contatou anteriormente com o delegado responsável pelo caso, Cristiano Ritta, questionando se havia alguma novidade no caso ou na investigação, porém segundo delegado, na ocasião, não havia indícios de crime e nenhuma novidade sobre a vítima.

NOVAS BUSCAS – Nesta semana, informações de um forte odor em uma das extremidades do arroio levou a Defesa Civil de Candiota a uma nova mobilização e solicitação por buscas para os bombeiros. Na última quinta-feira (28), uma força tarefa foi montada e percorridos um dos lados do arroio por cerca de 4km, mas nada foi encontrado. Segundo repassou ao jornal o coordenador Flávio Sanches, a chuva intensa que iniciou durante a manhã atrapalhou as buscas. “A temperatura baixou e a chuva impediu que detectássemos algum cheiro. Precisamos interromper os trabalhos, mas já organizamos uma nova mobilização para a próxima segunda-feira (1º) e solicitamos a presença de cães farejadores junto ao 10º Batalhão”, explicou Sanches.

DEFESA CIVIL – O jornal conversou com Flávio Sanches, aposentado da Brigada Militar e com experiência de vida na área de segurança. Solicitado a fazer uma avaliação sobre o caso de Ailton, Flávio diz ser a primeira vez que se depara com um caso de desaparecimento de um mês. “Geralmente, em casos de afogamento em rios, o corpo demora uns 6 dias para emergir a não ser que fique preso em alguma raiz no fundo, mas neste em Candiota, já fazem muitos dias, tivemos chuvas intensas, é muito tempo. Como coordenador tenho prestado apoio a família e trabalhado intensamente. Já verifiquei câmeras de segurança, conversei com algumas pessoas, com o proprietário do local onde a vítima e o sobrevivente estiveram antes do acidente. Algumas questões nos intrigam, mas procuramos fazer o que está em nosso alcance, inclusive já ultrapassando nossas competências. Esperamos que logo o corpo de Ailton seja encontrado”, manifestou o coordenador
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BOMBEIROS – O TP conversou com o sub-comandante major Daniel Borges Moreno, para uma avaliação sobre o período de desaparecimento. “Foram utilizados os recursos existentes e uma guarnição foi dedicada exclusivamente a Candiota. Também conseguimos uma equipe de mergulhadores da Fronteira Oeste como apoio, não sendo encontrado nenhum ponto favorável para mergulho. Buscas também foram feitas em conjunto com a Defesa Civil e moradores locais sobre uma grande área do arroio. Também através da Brigada utilizamos outros recursos de buscas, mas nada foi encontrado. Ainda aguardamos novos elementos que tragam mais chances de encontro, pois falamos em dezenas e até centenas de quilômetros. Por último fizemos essa nova busca, porém ainda sem sucesso devido ao clima, mas dentro do possível esperamos logo poder dar em desfecho neste caso”, relembrou o sub-comandante.

Carro caiu no arroio Candiota, na ponte da Coreia Foto: Defesa Civil/Especial TP

O ACIDENTE – Por volta da 1h20 do dia 29 de junho, um veículo Celta branco caiu na ponte da Coreia, no arroio Candiota, após o motorista Ailton Müller, natural de Pinheiro Machado, tentar ultrapassar a estrutura de concreto, que no momento estava com água passando por cima. Junto estava um passageiro, que foi resgatado após ser visto pelo ônibus do transporte escolar que chegou ao local por volta das 5h30 e logo acionou a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O carona estava em cima do teto do Celta em situação de hipotermia e foi encaminhado ao Pronto Atendimento de Candiota. A partir daí, Brigada Militar, através do comandante Mauro Barbosa, e Defesa Civil de Candiota, por meio do coordenador Flávio Sanches, participaram ativamente das buscas junto ao Corpo de Bombeiros de Bagé fornecendo apoio e informações da área.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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