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Dez agroindústrias devem estar em operação até o final do ano em Hulha Negra

Como exposto pelo jornal, a agricultura familiar, mas principalmente as agroindústrias familiares estão em ascensão em Hulha Negra. Desde 2016 um trabalho intenso é realizado entre os órgãos competentes em auxílio aos produtores do município e, atualmente, sete agroindústrias estão em pleno funcionamento na cidade – Tia Zane, Pampalac, Agromap, Aprofara, Sinuelo, Rancho Alegre e Coptil. Doces, queijos, cucas, pães, iogurte e até manteiga podem ser comprados em estabelecimentos comerciais ou adquiridos diretamente nas agroindústrias.

A oportunidade de comercialização dos produtos tem unido mais produtores neste contexto e conforme repassado ao jornal pela Emater de Hulha Negra, até o final de 2021, outras três agroindústrias devem entrar em operação e seguindo todas as legislações para fabricação e venda dos produtos, sendo Tambero, Zago e Sabores e Aromas do Pampa.

Confira um pouco sobre cada agroindústria e depoimentos de alguns produtores que o TP conseguiu contato:

Agroindústrias em produção

– TIA ZANE – Agroindústria de panificados e doces, inscrita no Programa de agroindústria Sabor Gaúcho sob n 02.036/15, tendo como responsável legal Eliziane Maria Outeiro Câmara, agricultora familiar. A agroindústria que processa panificados e doces está localizada no Assentamento Estância Velha e está legalizada desde 2016. Foi a primeira agroindústria formalizada em Hulha Negra. Atende os mercados PNAE e PAA, participa das feiras municipais, estaduais e também venda direta via delivery, além de expor seus produtos nos mercados locais e em Bagé, onde podem ser encontrados no Supermercado Peruzzo – loja da Tupy Silveira. Contato pode ser feito pelo telefone (53) 9.99081945.

– PAMPALAC – Agroindústria de beneficiamento de leite e derivados, a agroindústria Pampalac está cadastrada no Programa de Agroindústria Sabor Gaúcho sob nº 02.009/13, sob responsabilidade da agricultora Janete Raddatz. Localizada no Assentamento Potiguara, a agroindústria comercializa iogurte natural, sabor pêssego e sabor morango, doce de leite, queijo minas frescal e colonial. Participa dos mercados institucionais, venda direta e também os eventos municipais. Contato pode ser feito pelo telefone (53) 9.99465803.

Ao TP, a proprietária Janete Raddatz fez uma avaliação sobre o empreendimento familiar. “Representa um sonho realizado, a união da família, além de ter melhorado muito a renda familiar”, destacou.

– AGROMAP – Agroindústria de beneficiamento de leite e derivados, a agroindústria esta cadastrada no Programa de Agroindústria Sabor Gaúcho sob nº 02.028/14. Localizada no assentamento Abrindo Fronteiras, tem como responsável legal a agricultora Marili Porto. A Agromap é especializada na produção de queijo colonial, colonial temperado, manteiga e doce de leite; comercializa sua produção para os mercados institucionais PNAE e PAA, venda direta, participa de eventos regionais. Contato pode ser feito pelo telefone (53) 9.99939903.

– APROFARA – Associação dos Produtores Familiares da Reforma Agrária – agroindústria de panificados, inscrita no Programa de Agroindústria Sabor Gaúcho sob nº 02.041/16. Tendo como responsável a presidente da Associação Cacilda de Camargo Krupinsk, agricultores familiares. A Associação compõe-se em sua maioria de associados idosos que resolveu constituir uma agroindústria para buscar agregar possibilidades de renda para suas famílias e oportunizar a permanência no campo de seus filhos. É a segunda agroindústria legalizada no município. Participa dos mercados institucionais PAA e PNAE. Contato pode ser feito pelo telefone (53) 9.97022011.

– SINUELO – a agroindústria Sinuelo está cadastrada no Programa de Agroindústria Sabor Gaúcho sob nº 02.046/19, sob responsabilidade do agricultor Manuel João Martins Domingues, a agroindústria localizada em Trigolândia, beneficiará charque artesanal e linguiça mista frescal. A agroindústria Sinuelo trabalha com o diferencial de secagem do charque em solário, o que significa que o produto terá um tratamento artesanal, próximo de como era feito antigamente, com secagem natural em ambiente protegido e seguro contra a contaminação por insetos. Contato pode ser feito pelo telefone (53) 9.99287426.

Ao TP, Manuel Domingues, que também é responsável ao lado da esposa Gorete na Pillar Artesanato, lembrou que o projeto teve início em 2019, porém a burocracia e a pandemia atrasou a implantação da agroindústria que deverá começar a produção na próxima semana. “Apresentamos um diferencial no município, estamos aí para competir com o mercado e esperamos ter bastante sucesso nesse novo empreendimento”, desejou.

– RANCHO ALEGRE – A agroindústria está cadastrada no Programa de Agroindústria Sabor Gaúcho sob nº 02.047/19, tendo como responsável legal a agricultora Márcia Outeiro Câmara, localizada no Assentamento Estância Velha. A agroindústria está legalizada para ofertar aos consumidores ovos coloniais de galinhas criadas em processo semi-extensivo – quer dizer que as galinhas não ficam confinadas em granjas, possuem alimentação balanceada e água tratada para produzirem ovos de excelente qualidade. Contatos podem ser feitos pelo telefone (53) 9.91118375.

Ao jornal, Márcia Outeiro disse que a agroindústria representa mais renda e estabilidade financeira para a família. “Espero alcançar grandes quantidades de produção e vendas, para assim aumentar a renda futura e ter condições para poder ter a família unida em torno desse projeto”, frisou.

Agroindústrias em estruturação

Atualmente a Emater trabalha com três unidades agroindustriais que ainda estão em processo de estruturação:

– TAMBERO – De responsabilidade da agricultora Luiza Brasil e situada na localidade de Olhos D’água, a agroindústria trabalhará com o processamento de queijos artesanais tipo azul, tipo branco e queijo colonial.

Ao TP a agricultora Luiza Brasil explicou que o prédio está em fase de construção, mas ela adiantou que três tipos de queijo integrarão da tábua da Queijaria Tambero, que também conta a criação de vacas Jersey criada no próprio campo para a produção dos queijos. “Serão produzidos queijos finos e com diferentes tempos de maturação. Com receitas autorais, produziremos o queijo Coxilha, que tem sua casca lavada e até três meses de maturação; o queijo Azul da Campanha, que é um queijo azul, com massa cremosa; e o queijo Geada, que possui uma fina camada de fungo branco e massa também cremosa”, explicou Brasil.

A agricultora também explicou que o público poderá visitar a queijaria, ver como se dá a produção de cada queijo, desde o pasto até a maturação e uma loja proporcionará a degustação dos produtos. “Nosso desejo é proporcionar ao público uma experiência, uma aventura no mundo do queijo e nos sabores que o nosso pampa oferece”.

– ZAGO – De responsabilidade da agricultora Sueli Zago, e localizada no Assentamento Capivara, a agroindústria de beneficiamento de leite e derivados, terá como produtos principais doce de leite, leite condensado, queijo mussarela e creme de leite.

A produtora expôs a expectativa após o funcionamento da agroindústria. “Nosso objetivo é agregar valor ao leite que trabalhamos há anos, bem como fazer com que nossos filhos permaneçam no campo próximo a família”.

– SABORES E AROMAS DA TERRA – De responsabilidade da agricultora Nizieli Cazarotto, a agroindústria de beneficiamento de leite e derivados trabalhará na linha de produção do doce de leite – doce de leite com chocolate, doce de leite com geléia, doce de leite cremoso, pastoso e as versões em rapadura.

Ao TP, Nizieli Cazarotto falou das perspectivas após a implantação da agroindústria. “Nós desde quando fomos assentados, sempre buscamos trabalhar na perspectiva de agregar valor aos produtos produzidos no lote. A construção da agroindústria é a realização de um sonho, onde vamos conseguir produzir diversos derivados da nossa produção leiteira”.

A comercialização dos produtos

Um dos motivos que impulsionou a construção das agroindústrias familiares em Hulha Negra foi a possibilidade da comercialização para os mercados institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) – que possibilita que no mínimo 30% do repasse de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para compra de alimentos para a alimentação escolar sejam provenientes da agricultura familiar.

Conforme a extensionista rural social da Emater Jocasta Pedroso explicou ao Tribuna do Pampa, o programa é executado na cidade desde de 2010, iniciando com a compra apenas de alimentos in natura e, posteriormente, os agroindustrializados, produzidos pelos agricultores familiares. Em 2017, as agroindústrias passaram a vender seus produtos para o exército de Bagé, através do PAA – modalidade Compras Institucionais, fator que proporcionou o desenvolvimento e ampliação das agroindústrias. Ela relatou que nos anos de 2018 e 2019 a venda para o exército e escolas estaduais e municipais se mantiveram crescentes e havia uma grande expectativa para 2020. “Com a chegada da pandemia de Covid-19, assim como no mundo todo, no município também ocorreu a interrupção de diversos canais de venda e as formas de comercialização tiveram que se adaptar à nova realidade”, relatou.

A extensionista ainda contou que o ano de 2020 houve uma união entre Emater e agricultores, visando à comercialização da produção. “As escolas estaduais fizeram uma grande chamada pública de compra da agricultura familiar, administrada pela 13ª Coordenadoria de Educação de Bagé, e assim as agroindústrias puderam fornecer seus produtos para diversas escolas de Bagé”, frisou Jocasta, ressaltando ainda a execução do PAA – Modalidade Doação Simultânea, ainda em 2020, que possibilitou a compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar para famílias em estado de vulnerabilidade social, sob a coordenação municipal do CRAS e com assistência técnica de Emater, gerou nova fonte de comercialização.

FEIRA – Começou a ser realizada em 2020, durante a pandemia e teve continuidade neste ano a Feira do Agricultor Familiar de Hulha Negra. Segundo explicado por Jocasta, a feira segue os protocolos de prevenção à Covi-19, ocorrendo nas terças e sextas-feiras com uma vasta variedade de hortaliças, produtos agroindustrializados e os premiados artesanatos em lã da Pillar. “A feira vem conquistando sua freguesia, acontece o contato direto entre vendedor e comprador”, finalizou.

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