DESAFIOS DO VÍCIO

Dia Nacional de Combate ao Fumo: Candiota tem grupo de tabagismo trimestral

Conheça a breve experiência de quem conseguiu parar de fumar e como está o consumo da população

O dia 29 de agosto é marcado pelo Dia Nacional de Combate ao Fumo. Instituído em 1986 pela Lei Federal 7.488, a data tem por objetivo, alertar a população sobre os malefícios do fumo, incluindo os danos sociais, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. O dia também visa estimular as pessoas a refletirem sobre os benefícios de abandonarem o fumo.

Algumas ações como trabalhos de grupos e atendimentos especiais são realizados nos municípios para auxílio a pessoas que desejem parar de fumar por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), realizado no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de uma articulação em rede com apoio de estados e municípios, e que tem como órgão responsável pelo programa do Ministério da Saúde (MS), o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

 

AUXÍLIO PÚBLICO

Os programas pelo SUS funcionam nos estados através das coordenações. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) é atuante por meio da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde (7ª CRS), que tem a frente como titular Claudia Souza. Ao jornal, a coordenadora explicou de que forma o programa atua nos municípios que oferecem o PNCT – Aceguá, Bagé, Candiota e Dom Pedrito.

“Os municípios ao ingressarem no programa de tratamento do tabagismo assumem o compromisso de organização e implantação das ações para o cuidado da pessoa tabagista. O tratamento no SUS inclui avaliação clínica, abordagens em grupos ou individual e se necessário, terapia medicamentosa. Na rede SUS são disponibilizados terapia de reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar) e o cloridrato de bupropiona, disponibilizados mediante indicação do médico do programa responsável. Os medicamentos, quando necessários, são prescritos associados a uma terapia cognitiva/comportamental para a mudança do comportamento do fumante, e também em alguns casos podem ser acompanhados de alguma prática integrativa e complementar (PICs), que também é oferecida no SUS”, explicou Claudia.

A coordenadora ainda lembra que o SUS oferece ao fumante que deseje parar de fumar um tratamento adequado, com metodologia embasada em evidências científicas desde 2001 e que todo processo acontece por meio de uma parceria da coordenação do PNCT com as coordenações estaduais e municipais de tabagismo. A porta de entrada para o tratamento ocorre por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), como em Aceguá, através da Equipe de Saúde da Família; em Candiota no Posto Dario Lassance; em Bagé, no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas – Caps AD e em Dom Pedrito, também no CAPs. “Logo que o tratamento é finalizado, temos em torno de 60% de índices de sucesso, mas depois de seis meses de tratamento, este índice diminui e pode chegar a 30%. Parece pouco, mas tem um significado muito grande para a equipe envolvida e a pessoa que buscou auxílio”.

 

CANDIOTA

No município de Candiota, o jornal conversou com a coordenadora da Atenção Básica, Ariadne Meira da Costa, que também é responsável pelo grupo de tabagismo montado trimestralmente na Unidade Básica de Saúde (UBS) da sede do município.

Segundo ela, para um novo grupo ser criado é preciso contar com a liberação de insumos que são fornecidos pelo Governo Federal, e que chega até a cidade por meio do Governo do Estado. “Então a gente faz a previsão de 25 pacientes a cada três meses”, informou ela, mencionando que todos os pacientes inscritos ficam esperando um novo grupo, que é criado quando os remédios e adesivos chegam. “Quando esse material chega, a gente já promove a consulta médica, porque tem uma médica responsável pela prescrição dos insumos, e a gente faz reuniões iniciais, assim, para entregar todos ao mesmo tempo e explicar como é que vai ser o tratamento, que tem duração de três meses”.

Ao finalizar, ela destacou que os interessados precisam procurar a Secretaria de Saúde, pois existe uma pessoa responsável pela lista de pessoas. Ela também falou que as medicações são liberadas a cada 15 dias, quando a equipe aproveita para conversar com o paciente e saber como está sendo o tratamento.

Na oportunidade, a clínico geral responsável pelo tratamento do grupo em Candiota, Lidiane Klauck, que já atendeu cerca de seis grupos até o momento, falou sobre a maior dificuldade em comum encontrada nos pacientes que buscam largar o cigarro.

Em sua fala, ela disse que além dos sintomas causados pela falta da nicotina, outras dificuldades geralmente estão relacionadas com os hábitos que acompanham o ato de fumar. “Hábitos como fumar após o almoço, tomando café ou chimarrão, ou simplesmente em ter o cigarro entre os dedos”, explicou.

 

SUCESSO NO TRATAMENTO

 

Ainda no município, conversamos com Lucir Fagundes, 43 anos, que fez o tratamento de três meses e conseguiu parar de fumar. Ao ser questionada, ela respondeu que começou com o cigarro, e ela respondeu que foi por bobagem e que achava bonito ver as pessoas fumando.

Sobre quando decidiu parar de fumar, ela contou que foi por vontade própria. “Até quando  falei  para  meu  filho  Patryk,  ele fez a pergunta  de qual era o motivo de parar, se eu estava  doente.  Eu respondi que não, e que  já estava  pensando em parar quando  fui chamada  no grupo  de tabagismo”. Ao falar sobre a parte mais difícil, ela disse que sempre foi na parte da manhã e ao entardecer.

Lucir finalizou dizendo que fumava no máximo cinco cigarros por dia, e que nunca pensou em desistir do tratamento.  “Senti mais disposição depois que parei com o cigarro”, concluiu.

 

VENDA DO TABACO NO COMÉRCIO

A reportagem do jornal também procurou saber como é a venda do tabaco no comércio, e na oportunidade conversou com a fiscal de caixa do supermercado Rede Super, Diulia Oliveira Bitencourt, que é a responsável pela reposição do estoque de cigarro.

Em conversa, ela contou que nesta semana fez a compra para duas semanas, cerca de 1,5 mil carteiras de cigarro. Este número, segundo ela, muitas vezes não supre a necessidade do cliente e acaba faltando. “Tem pessoas que fazem compras aqui e levam entre cinco a seis pacotes fechados com 10 carteiras de cigarro, e já nos falaram que não deu para o mês todo. Alguns clientes gastam mais de R$ 200 só com isso”, informou ela.

Na questão do tipo mais procurado e qual faixa etária mais consome, ela disse que depende muito. Os mentolados, por exemplo, são procurados com menos freqüência e quase sempre pelo público mais jovem. Nesses casos, ela disse que já escutou relatos que o tipo do tabaco é mais forte, e então as pessoas deixam para consumir em dias específicos, quando bebem ou quando saem para alguma festa. “Já os comuns são mais vendidos para o público de 40 anos mais, que geralmente levam em grande quantidade”.

Sobre os preços, ela disse que na próxima semana o cigarro mais barato vai custar em torno de 6,50, sem contar certa marca na qual o preço não ultrapassa R$3. Já o mais caro, está em torno de R$ 10,50. “Tem muitas pessoas que moram no interior, então já compram para o mês inteiro. Alguns intercalam entre o mais barato e os que custam um pouco mais”, relatou.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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