OBRA SOCIAL

Doações são essenciais para concluir reforma em comunidade católica de Pinheiro Machado

O local sediará projetos para combater a criminalidade, drogadição e prostituição infantil

Comunidade São Francisco de Assis atualmente Foto: Divulgação TP

“Sonho que se sonha só é só um sonho. Sonho que se sonha junto vira realidade”. Foi assim que o padre Junior Conrado, responsável pela paróquia Nossa Senhora da Luz de Pinheiro Machado, anunciou em sua rede social o início da reforma da Comunidade Católica São Francisco de Assis – localizada na rua Coronel João Pereira Madruga esquina com a Nico de Oliveira. O trabalho começou há algumas semanas e a expectativa é que seja concluído até dezembro.

Assim que finalizado, o amplo local será utilizado para oferecer aulas de línguas estrangeiras, reforço escolar e também contará com equipamentos para ensinar crianças e jovens a fazer pães. O objetivo principal? Evitar algo desastroso e cada vez mais presente na comunidade pinheirense: a criminalidade, o uso de drogas e a prostituição infantil.

Comunidade São Francisco de Assis após conclusão da obra Foto: Divulgação TP

OBRA SOCIAL – Conforme contou padre Junior, há 3 anos, quando conversou com Dom Cleonir sobre sua missão no Brasil ser em Pinheiro Machado, surgiu uma inspiração divina de que precisaria ser feito algo na cidade para contemplar crianças e jovens – sem excluir outras faixas etárias, mas atuar basicamente na faixa etária que Santa Josefina Bakhita trabalhava. “Foi assim que começamos o projeto chamado Obra Social Santa Josefina Bakhita. Para mim, apesar de termos outros tantos exemplos de santos e santas, acredito que Bakhita é a padroeira ideal para esse projeto. Ela é minha inspiradora e tem dado muito certo. A colaboração das pessoas tem sido fundamental para que tudo aconteça”, contou o padre.

VOLUNTARIADO – Durante conversa com a reportagem, o católico lembrou o que, a partir do seu trabalho junto à comunidade pinheirense, vem ensinando no dia a dia: ninguém faz nada sozinho. Nesse projeto de reforma da Comunidade São Francisco de Assis, ele contou sobre a incansável colaboração do tenente da reserva André Madruga – conhecido pela coordenação do Pelotão Mirim da Brigada Militar também de forma voluntária. “Ele tem sido um parceirão mesmo e sem ele eu não teria feito muita coisa”, afirmou. Na oportunidade, o padre destacou ainda a doação do projeto arquitetônico feito pela engenheira Raíssa Souza, o preço acessível ofertado pelo pedreiro Juliano da Silva e sua equipe, a ajuda da comunidade pinheirense com a doação de materiais, a iniciativa ‘Juntos pelo Bem’ do Sicredi e o dinheiro enviado por seus amigos da Áustria para viabilizar o início da reforma.

Para o Tribuna do Pampa, Raíssa contou que o tenente André foi o responsável por levar o padre Junior até ela para regularizar o prédio e fazer o projeto. “Não tínhamos combinado nada sobre valores, a princípio eu já tinha ideia de cobrar um valor menor que o usual por se tratar de um projeto da igreja de uso da comunidade. Mas nessas conversas dava pra sentir a empolgação e o empenho deles com a obra, dava pra ver que esse projeto ia mesmo sair do papel. Foi então que decidi ser voluntária e não cobrar pelos meus serviços. Me senti extremamente realizada quando vi a alegria deles em ver o projeto 3D, pensado em cada detalhe pra receber a comunidade, e mais realizada ainda quando vi a obra tomando forma com todos os materiais e o dinheiro arrecadados através de doações”, contou a voluntária e responsável pela execução da obra.

Na foto, Juliano da Silva e Raíssa Souza com o padre Junior Conrado Foto: Divulgação TP

AJUDE COMO PUDER – Apesar de as doações já terem possibilitado o início da reforma, padre Junior afirmou que ainda há necessidade de mais recursos para dar continuidade ao trabalho. “Conseguimos trocar o telhado de um prédio, mas falta trocar o telhado do outro; também falta toda a parte de acabamento: piso, forro e elétrica. Sabemos que no momento atual a situação financeira da população não é boa, mas confiamos bastante na graça de Deus e na generosidade de todos os pinheirenses e pessoas que querem colaborar conosco”, disse. Aceita-se doaçãode telhas, fios, pisos e tintas; transferências em dinheiro podem ser realizadas através da chave Pix (e-mail): [email protected]. Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas através do telefone da paróquia Nossa Senhora da Luz (53) 3248 1196.

SANTA BAKHITA – Na oportunidade, o padre explicou quem é Santa Josefina Bakhita – que dará nome à obra social. “Josefina Bakhita era uma criança sudanesa que aos sete anos foi raptada e passou por todos os horrores da escravidão. Um dos relatos conta que ela chegou a sofrer 150 cortes nas costas. Depois de passar por muitos donos, ela foi morar na Itália, levada por um cônsul italiano, e conheceu as irmãs cardesianas – uma congregação religiosa criada por Madalena de Canossa. Um dia ela estava na igreja, olhando a Via Sacra, quando perguntou para a irmã quem era aquele homem e por que ele estava sofrendo. Nessa hora, a irmã explicou que era Jesus e que ele estava sofrendo por ela. Josefina, ainda questionando como Jesus estaria sofrendo mesmo sem a conhecer, passou por uma catequese, recordou seus sofrimentos e entendeu que foi Jesus que nunca a deixou desistir – sendo esse o momento de sua conversão ao cristianismo”, contou.

Ainda conforme o pároco, diante da sofrida história de vida da santa, o trabalho dela sempre foi voltado para as crianças. “Na Itália, ela é conhecida como a “Irmã Morena”, é assim que as crianças a chamavam. Na história também se conta que durante a guerra ela teve um papel fundamental – seja na oração e em alguns milagres atribuídos”, disse. Em seu processo de santidade, Josefina Bakhita foi batizada e crismada por um papa, morreu em 1947, e, em 2000, foi canonizada por João Paulo II. Hoje, ela é a padroeira universal das vítimas da escravidão. “Sempre no dia 8 de fevereiro o mundo todo celebra Bakhita e também essa memória da luta contra a escravidão e o tráfico de pessoas. É uma história apaixonante, eu sempre me emociono quando falo nela”, confessou Junior Conrado.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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