RURAL

Em meio à pandemia, produtores de Pinheiro Machado e Pedras Altas continuam sendo beneficiados pela ATeG

A assistência técnica e gerencial é oferecida de forma gratuita pelo Senar-RS

Na foto, Henrique Alselmo (D) e Leonardo Farion na Cabanha Bom Prazer Foto: Divulgação TP

O ano de 2020 foi atípico, mas não conseguiu barrar a expansão da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Sul (Senar-RS). Iniciada em fevereiro, a iniciativa hoje oferece atendimento individualizado e gratuito a 1,7 mil produtores rurais do Estado. Durante dois anos, eles receberão acompanhamento especializado com foco no aumento da produtividade e da renda. Na região, há produtores ligados à ovinocultura atendidos em Pedras Altas pelo zootecnista Leonardo Farion, e à bovinocultura de corte em Pinheiro Machado, pelo também zootecnista Pablo Costa.

Para a reportagem, o pedrasaltense Henrique Anselmo, da Cabanha Bom Prazer, contou como tem sido receber a assistência técnica. Ele e o filho são criadores da raça de carne Suffolk e, conforme destacou, a ATeG e principalmente o trabalho do técnico tem sido o responsável por estar resgatando a atividade em sua propriedade rural. “A nossa propriedade, onde eu e meu filho Juliano trabalhamos, estava quase abandonando a ovinocultura como a maioria, apesar de sermos apaixonados por ela. Foi através do nosso técnico, que de um jeito muito simples, campeiro, modesto e educado soube chegar e nos trouxe ânimo de volta. A ovelha faz parte da família, da região da Serra do Sudeste e da tradição do gaúcho há mais de 100 anos, um animal que pode não ter enriquecido ninguém, mas também ninguém quebrou por criar ovelha. É um animal produtivo, que nos dá carne, lã, agasalho e a gente se entusiasmou de novo. Esses problemas que a gente enfrenta de abigeato e de ataque de predadores por exemplo, o Leonardo foi nos apresentando outras alternativas, usar outros tipos de animais domésticos como aqui estamos usando os burros para conseguir afastar”, contou.

Para o zootecnista, a assistência técnica tem possibilitado um aprendizado diário, onde cada vez mais fica claro que cada produtor é de um jeito e tem seu próprio tempo. “Muitos produtores que estão na atividade há muitos anos já estão desmotivados e sem ânimo, mas com o programa conseguimos dar um foco para melhorias e objetivar a atividade que tem o ciclo mais curto de todos: com quatro meses é possível vender o cordeiro pronto para o abate e gastando pouco, basta ter gestão, foco e produtividade”, disse Farion.

Burros estão sendo a alternativa para combater o ataque de predadores Foto: Leonardo Farion/Especial TP

SAIBA MAIS – Nessa fase inicial, a ATeG está atendendo a quatro cadeiras produtivas: agricultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e ovinocultura. Em breve, o programa se estenderá também para agroindústria e olericultura, sendo que estão previstas a implantação do serviço para apicultura, aquicultura, avicultura, fruticultura e suinocultura. Até outubro, 61 dos 104 grupos previstos já haviam iniciado suas atividades.
Para prestar o serviço, o Senar capacitou mais de 200 técnicos de nível superior das áreas de zootecnia, medicina veterinária e agronomia, de empresas credenciadas. Cada profissional atende a um grupo de até 30 produtores rurais de uma mesma atividade e região, inscritos por meio de seus municípios ou sindicatos parceiros do Senar-RS. Em um dia agendado, o técnico vai a propriedade rural para realizar a ATeG, numa visita de quatro horas.

ENTENDA – O trabalho é orientado por cinco passos. O primeiro é o diagnóstico produtivo individualizado, uma espécie de entrevista do técnico com o dono da propriedade. Nesse encontro, ele já é capaz de reconhecer as fragilidades e potencialidades do local. A partir daí, no segundo passo, técnico e produtor começam a construir um planejamento estratégico, focado em colocar metas nas atividades do negócio buscando o equilíbrio financeiro e a produtividade. “A maioria dos produtores tem dificuldade em saber quanto custa o que produz. Eles se preocupam com o preço de venda e não se podem produzir bem gastando menos. É importante diferenciar produção de produtividade e, mais importante, de lucratividade. Aplicações de tecnologias e práticas de manejo devem sempre estar acompanhadas de boa gestão, com permanentes anotações de números, que se transformam em dados, que após analisados serão indicadores fundamentais para embasar as tomadas de decisões de técnicos e produtores dentro do programa ATeG”, explica um dos supervisores da ATeG, Paulo Afonso Bolzoni.

Na terceira etapa, o técnico propõe uma adequação tecnológica que tenha impacto no sistema de produção, sem nunca descuidar dos custos. Desenvolvendo o plano estabelecido, chega-se a quarta etapa: formação complementar. Os grupos de produtores fazem os cursos oferecidos pelo Senar-RS para atualizar conhecimentos e trocar experiências. A quinta etapa é a avaliação sistemática dos resultados. A ATeG é um processo educativo para que o produtor e seus colaboradores se apropriem das técnicas e da gestão realizando as ações para produzir e gerenciar melhor a propriedade. Cada produtor recebe um caderno para fazer anotações e acompanhamentos de tudo o que acontece. O técnico usa esses dados para alimentar um sistema informatizado que faz as análises gerenciais.

 

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